quarta-feira, 30 de março de 2011

a dor & os corações partidos

Há não muito tempo fui apresentada ao The Pains of Being Pure at Heart. Achei a banda simpática à primeira vista. À segunda vista também. Nem sei se chegou a passar disso, porque também não deu tempo: semana passada eles lançaram um disco novo. Um disco bom pra caralho, a propósito, e dessa vez rolou um pouco mais do que simpatia. O único problema é que ainda não lembro o nome inteiro da banda quando quero escrever sobre ela, mas isso é o de menos.
Ontem eles lançaram o clipe da música Heart In Your Heartbreak, a cerejinha do disco.

segunda-feira, 28 de março de 2011

a vila

Estavam os cinco ao redor da mesa de madeira capenga devorando o macarrão feito pela única garota do grupo como se aquele fosse o último dia de suas vidas. Os assuntos do jantar - servido por volta das duas da madrugada - variavam entre qual era a melhor fase do Pink Floyd e quem dos cinco iria preparar os béques com o que sobrou da erva que os havia deixado naquela fome descomunal.
As cervejas já estavam no fim, de modo que quando aquilo terminasse não haveria mais nada para fazer naquela vila de pescadores completamente deserta no pico do inverno. Se ao menos estivesse calor eles poderiam correr nus pela ruazinha de areia que dava direto para o mar sem ondas daquela maldita praia.
Se alguém passasse mal ali, morreria, sem sombra de dúvidas. Não havia qualquer sinal de civilização num raio de 20 quilômetros. As casas de veraneio ficavam fechadas, com as luzes ligadas - e às vezes até um rádio velho - na esperança de espantar os arruaceiros que por lá circulavam usando drogas durante inverno. Não se travada deles, é claro. Ao menos a parte dos arruaceiros invasores de casas. Eles não invadiam casas. Só fumavam maconha pra caralho e comiam macarrão com atum também pra caralho.
Os pratos sujos foram empilhados sem que qualquer um dos cinco pensasse na possibilidade de eles serem lavados em algum momento. Foram para o quintal gelado, deitaram sobre a grama que já estava ficando coberta por flocos de geada e esperaram que os últimos dois cigarros de maconha fossem confeccionados. O conteúdo das garrafas verdes, que sequer precisavam ser conservadas em geladeira, era esvaziado enquanto o trabalho era feito.
Acordou na manhã seguinte com um silêncio perturbador, a garota de cabelos avermelhados. Não tinha a mínima ideia de como havia parado naquela cama, com um cobertor até o pescoço e uns pedaços de grama colados na calça jeans. Foi até a cozinha, os pratos ainda estavam lá do mesmo jeito. Na sala algumas garrafas misturavam-se à decoração rústica da casa, e na garagem, nem sinal do peugeot prata que os havia trazido até ali.
Seus quatro amigos tinham sumido misteriosamente para todo o sempre. Já pensava em algumas formas de pedir socorro, já que não fazia a mais vaga ideia de onde estava seu celular. Escrever Help na grama com os tocos de lenha que o avô de seu amigo estocava nos fundos da casa, ao lado da churrasqueira, ou talvez as lenhas pudessem servir para fazer sinal de fumaça, quem sabe. Desejou a morte lenta e dolorosa de cada um deles e pensou em como diabos eles tiveram coragem de abandoná-la ali no meio daquela não-civilização onde teria que sobreviver dos peixes que pescaria.
Então ouviu o ronco de um carro aparentemente atolado na areia pastosa da ruazinha em frente à casa. Correu desesperada em direção à porta para ver se ao menos estava destrancada e viu um bilhete colado com alguma substância gosmenta que ela não soube identificar.
Fomos comprar café.

sexta-feira, 25 de março de 2011

A noite parecia dar os primeiros sinais de que a estação quente e enjoativa estava querendo se despedir. Ela poderia estar em casa, como era o de se esperar, sufocada por sua pilha de livros que era obsessivamente devorada no intervalo entre um filme e um episódio novo de um dos oito seriados que acompanhava. Mas naquela noite decidiu encaixotar seus planos pacatos que no futuro a tornariam uma grande profissional e foi para o bar beber. Aquilo bem que poderia fazer parte de sua rotina.
Olhou-se no espelho várias vezes antes de sair, pensou em como aquela noite iria acabar, já que seu celular não parava de receber mensagens cheias de segundas intenções. Lembrou de como estava se sentindo dias antes e teve vontade de rir de si mesma enquanto ia para o destino inicial daquela noite chuvosa. O plano sequer deu certo, e nem faria sentido se tivesse dado.
Acabou sentada na mesa do bar tomando uma dose da bebida mais forte que tinham para oferecer. A bebida a fazia perceber o quanto estava sendo fraca. Há anos havia prometido nunca mais sofrer e estava cumprindo religiosamente o acordo, até que começou a dar uns tropeços. Estava querendo de volta o mesmo amor que estava dando. Queria que fosse recíproca a vontade de estar perto e olhar nos olhos, de abraçar, sentir o cheiro. Queria que aquelas palavras não tivessem sido ditas da boca pra fora tantas vezes. Queria que o amor fosse coisa séria. Queria que os acordos fossem cumpridos em tribunal, cada um com seu advogado, se possível. Ela levaria provas concretas dele dizendo o quanto a queria.
Riu de si mesma novamente, já perdendo a conta de quantas doses daquela havia tomado. Sabia que se viraria sozinha, se quisesse. Talvez uma passagem para 600 quilômetros dali a transformasse em outra pessoa, como já havia transformado certa vez, no dia que a fez esquecer de pessoas, de sentimentos e de até de algumas fisionomias. Sabia de tudo isso, mas estava esperando cansar, e de repente se deu conta de que talvez ele não seja o único que cansa com facilidade.

terça-feira, 22 de março de 2011

b-sides?

Oquei, a esperança é a única que morre, mas vamos lá, conspiracionistas, me convençam do contrário.
No dia em que vazou o disco novo do Strokes - e em todos os dois milhões de dias que o precederam - eu esperava qualquer coisa deles. Qualquer coisa. Arrotos, grunhidos, qualquer manifestação de sua existência neste plano espiritual e, mais, esperava alguma espécie de disposição para gravar algo pra gente ouvir. Daí vieram com o Angles.
O Angles é de longe o pior disco deles, mas nem por um segundo eu consegui odiar aquela compilação sem sentido de músicas que aparentemente foram compostas em diferentes anos/fases da lua/posição dos planetas & estados emocionais. Mas estava lá, eram eles, embora não parecesse na maioria de suas pitorescas faixas.
Agora voltando à conspiração, minha irmã me veio com essa. Um disco de b-sides. Faz sentido, não? A gente esperou cinco anos pra eles levantarem a bunda do sofá e gravarem alguma coisa, então agora tudo bem, podemos esperar mais um pouco pra eles lançarem o lado A. Daí aparecem no David Letterman dizendo "ahá! pegadinha do malandro", enquanto Julian Casablancas abre sua jaqueta de couro fechada até o pomo de adão e tira de dentro dela um disco de vinil dizendo que "agora sim, galera, este é o disco novo do Strokes que vocês esperavam ansiosamente enquanto ouviam os dois excelentes álbuns do Albertinho e o resto dos nossos trabalhos solos ruins durante todos esses anos!". Daí depois a gente acorda e segue a vida, vai ouvir Brick by Brick do Arctic Monkeys e vê que as coisas já andavam mesmo um tanto estranhas no mundo.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Cold War Kids - Louder than ever - sim, de novo.

Minha banda favorita do mês tocou no programa do Mr. David Letterman esses dias, escolheram Louder than Ever porque é claro que escolheriam Louder than Ever. Quando tu tem uma banda que tem uma música cujo o último verso é:
"I don’t wanna ignore
You were the past of my feelings
But probably gonna get out of this just
Hear me out anyway The darkness knockin' and now
I’m down in on all my promises
Don’t try to pull me out of this Just lay down by me and wait"
o mínimo que se espera é que tu escolha ela para tocar no David Letterman.

segunda-feira, 14 de março de 2011

agora lembra

Até tinha esquecido o quanto era bom o frio na barriga. Aquela sensação de que nada mais no mundo importa, nem tsunami no Japão ou suicídio na universidade. Aquela fisionomia abobalhada que reflete no espelho quando passa por ele indo em direção ao quarto após recolher a toalha estampada com motivos praianos ainda úmida estendida no box.
Tinha esquecido como era bom querer estar o mais perto possível, desafiando as leis da física. Querer que um beijo se estenda por horas e um abraço por dias. Nem lembrava que um sorriso podia significar tanta coisa, que ele podia fazer o coração bater mais rápido e transformar uma simples respiração em longos e barulhentos suspiros.
Tinha esquecido o quão prazeroso era fazer de tudo para ver a outra pessoa feliz, tentar ser tudo o que ela mais gosta, mover montanhas e atravessar o oceano a nado para fazer brotar um sorriso naquele rosto tão harmônico. Já não sabia mais o que era ter em quem pensar antes de dormir, ter alguém pra dizer coisas bonitas e ter por quem sentir saudade 24 horas por dia. Não lembrava mais daquela sensação esquisita de que a qualquer momento cairia dura no chão, porque morrer de amor parece completamente plausível.
E tinha esquecido principalmente que tudo isso junto dava a qualquer pessoa o aval para ser jocosamente piegas sem limite de caracteres.

quinta-feira, 10 de março de 2011

diálogos

Rafael torce para o Caxias.

Eu:
hahahahha oi
Rafael:
HOJE NÃO.
Eu:
HAHAHA (L)
Rafael:
Tu nunca veio falar comigo, precisava hoje?
Eu:
Eu nem ia falar nada demais, só um oi mesmo.
Rafael:
Mas tu sabe o que aconteceu, né.
Eu:
Que teu time perdeu pro meu? Tou ligada.
Rafael:
Que meu time perdeu pro teu, com o juiz dando todas as faltas do gaymio e dando o tempo que precisasse pro teu time fazer gol, isso tu sabe?
Eu:
Nem começa a chorar, não vou fazer cafuné.
Rafael diz
Não, nem to chorando, hoje eu queria espancar alguém. Sério, serve qualquer coisa. Se tu tivesse aqui, hoje ia ter pauleira.

sábado, 5 de março de 2011

The Thrills - Big Sour

Fico que nem uma retardada vendo esse clipe coisa mais linda. Pra começar bem o (meu) carnaval, regado a filmes, livros, uma maratona de House e um pouquinho de trabalho para engrandecer o homem.

quarta-feira, 2 de março de 2011

diálogos

- É, nunca queira isso pra tua vida.
- Não quero e nunca vou querer. Sou a favor da abolição desses joguinhos. Se eu gosto da pessoa, quero falar que gosto, porra. Quero dizer que tô com saudade, que sinto falta, e não ter que ficar fingindo que não tô nem aí pra não pisarem em mim. Não sei como tu consegue.
- Eu sou louca.
- É, eu lembro disso. Não tenho nenhum conselho pra te dar agora, mas juro que tô pensando.