Eu nunca vou me esquecer. Aquela caminhoneta emprestada do vizinho com a carroceria cheia de tralhas cobertas por uma lona verde. O banco de trás com 50% de sua área sendo ocupada por mais alguns quilos de tranqueira e os 50% restantes sendo ocupados por mim, minha irmã e a Sasha. No banco do carona minha mãe disputava espaço com mais algumas bugigangas aos seus pés, e no banco do motorista se encontrava o meu pai. Estávamos vindo morar em Balneário Camboriú, nós, as três ocupantes do banco traseiro.
Era 20 de julho de 2007 e eu acho que a temperatura estava idêntica a hoje, três anos depois. O que nós não sabíamos é que no dia 20 de julho Balneário Camboriú faz aniversário e as coisas mais importantes estão fechadas por causa do feriado. Que coisas mais importantes seriam estas? Coisas como a Celesc. Sem contatar a Celesc não há energia elétrica em um apartamento que acaba de ser alugado. Nós já havíamos feito o negócio algumas semanas antes e a chave do apartamento já estava em nossas mãos. Mas não havia qualquer sinal de eletricidade naquele velho apartamento da rua 951, cujo cheiro de maconha exavalava por debaixo das portas vizinhas. Poderia não ser tão ruim passar um dia sem eletricidade, afinal, o que é um banhozinho frio no inverno. Poderia não ser tão ruim se na verdade não fosse uma sexta-feira e a Celesc só pudesse resolver o pepino na segunda. Seriam, na verdade, três dias.
E foram-se os três dias de banho frio. Foram-se os três dias com uma extensão puxada lá do apartamento da Dona Lurdes, a zeladora, que nos permitiu uma lâmpada na sala e uma televisão ligada. Meu pai foi embora no domingo e minha mãe ficou mais uma semana nos ajudando a pintar a parede da sala de vermelho e resolver todos os outros problemas que duas jovens, uma de 17 e outra de 24 anos, não seriam capazes de resolver sozinhas.
Já nos primeiros dias conheci um pessoal muito legal. No domingo saí com um amigo virtual de Santos que estava passando uns dias em BC na casa de sua amiga, a Tássia. A Tássia por um bom tempo tornou-se uma grande companheira para mim nesta imensidão desconhecida. Foi a primeira pessoa que eu conheci quando vim morar aqui e já era uma das poucas em que se podia confiar, embora o destino tenha nos separado.
Logo começaram as aulas na Univali. Oh, god. Eu era uma universitária. E então na minha vida surgiu o Roney e o Sharlon. Dois grandes amigos cujo contato mais frequente atualmente só tenho com o segundo.
E seguiu-se a minha vida. Aquela ingênua adolescente nascida em Santa Rosa, interior do tão amado Rio Grande do Sul, não sabia nada da vida. Mal sabia que aqui encontraria todos os tipos de gente, gente vinda de todos os lugares, gente de todas as cores, raças e tamanhos. Mal sabia que a vida era tão maior do que aquele pequeno mundo.
Nesses três anos, mais pessoas passaram pela minha vida e fizeram alguma diferença nela do que nos 17 anos que passei no meu mundinho. Ele ainda dá saudade, mas eu nunca tive tanta certeza de que valeu a pena eu ter sido uma adolescente que esbravejava pelos seus objetivos. Hoje aqui estou. Amanhã, quem é que sabe?
Era 20 de julho de 2007 e eu acho que a temperatura estava idêntica a hoje, três anos depois. O que nós não sabíamos é que no dia 20 de julho Balneário Camboriú faz aniversário e as coisas mais importantes estão fechadas por causa do feriado. Que coisas mais importantes seriam estas? Coisas como a Celesc. Sem contatar a Celesc não há energia elétrica em um apartamento que acaba de ser alugado. Nós já havíamos feito o negócio algumas semanas antes e a chave do apartamento já estava em nossas mãos. Mas não havia qualquer sinal de eletricidade naquele velho apartamento da rua 951, cujo cheiro de maconha exavalava por debaixo das portas vizinhas. Poderia não ser tão ruim passar um dia sem eletricidade, afinal, o que é um banhozinho frio no inverno. Poderia não ser tão ruim se na verdade não fosse uma sexta-feira e a Celesc só pudesse resolver o pepino na segunda. Seriam, na verdade, três dias.
E foram-se os três dias de banho frio. Foram-se os três dias com uma extensão puxada lá do apartamento da Dona Lurdes, a zeladora, que nos permitiu uma lâmpada na sala e uma televisão ligada. Meu pai foi embora no domingo e minha mãe ficou mais uma semana nos ajudando a pintar a parede da sala de vermelho e resolver todos os outros problemas que duas jovens, uma de 17 e outra de 24 anos, não seriam capazes de resolver sozinhas.
Já nos primeiros dias conheci um pessoal muito legal. No domingo saí com um amigo virtual de Santos que estava passando uns dias em BC na casa de sua amiga, a Tássia. A Tássia por um bom tempo tornou-se uma grande companheira para mim nesta imensidão desconhecida. Foi a primeira pessoa que eu conheci quando vim morar aqui e já era uma das poucas em que se podia confiar, embora o destino tenha nos separado.
Logo começaram as aulas na Univali. Oh, god. Eu era uma universitária. E então na minha vida surgiu o Roney e o Sharlon. Dois grandes amigos cujo contato mais frequente atualmente só tenho com o segundo.
E seguiu-se a minha vida. Aquela ingênua adolescente nascida em Santa Rosa, interior do tão amado Rio Grande do Sul, não sabia nada da vida. Mal sabia que aqui encontraria todos os tipos de gente, gente vinda de todos os lugares, gente de todas as cores, raças e tamanhos. Mal sabia que a vida era tão maior do que aquele pequeno mundo.
Nesses três anos, mais pessoas passaram pela minha vida e fizeram alguma diferença nela do que nos 17 anos que passei no meu mundinho. Ele ainda dá saudade, mas eu nunca tive tanta certeza de que valeu a pena eu ter sido uma adolescente que esbravejava pelos seus objetivos. Hoje aqui estou. Amanhã, quem é que sabe?
Um comentário:
OMG! Acabou de passar um filminho (trash) na minha cabeça.
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