segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Auto

Foi economizando as palavras para aproveitar cada fagulha de satisfação que em um fim de semana eu li o Auto. O livro de contos do jornalista & escritor & apresentador & músico & viajante Leo Felipe fez parte do meu debut na arte de ler livros de contos.
Sempre achei livros de contos meio injustos. Tu começa a gostar da história e, de repente, pá, acabou. Senti isso quando li um ou outro conto do A Mulher Mais Bonita da Cidade, do velho Buk, e pensei pro inferno esse negócio de contos. Mas eu resolvi comprar o Auto assim mesmo. Eu tinha acabado de devorar cada virgula do Foguete Formidável. Tinha acabado de rir até passar mal, de me engasgar com a própria saliva lendo a obscuridade dos fatos de outro livro nunca publicado de Leo Felipe, todo disponível no Foguete. Eu tinha que comprar o Auto. Não haveria uma única possibilidade de eu não gostar das histórias desse notívago empedernido.
Só pelo nome do livro eu já sabia que seriam boas histórias.
Auto
.
Eu sabia que o pertinaz escritor tinha vivido boas histórias e que ele sabia como ninguém contá-las para os outros através de transcrições.
Mas não se engane: Gustavo Spolidoro já alerta na orelha do livro que nele possuem três tipos de contos. Os reais, os utópicos e os ficcionais. Eu arrisco dizer que há ainda uma mistura escabrosa de tudo isso.
Eis que passou meu sábado e meu domingo e, entre goles de cerveja que me embrulharam o estômago em um bar de ronquenroll, horas gastas em frente ao computador e uns pedaços de nega maluca, eu li o Auto inteirinho.
"... carreiras esticadas em cima do Low do Bowie, ou do primeiro do Velvet, ou de algum outro disco referencial daquele mundo sombrio da droga pesada, sedução suicida, barato literário, romantismo decadente dos livros, filmes e discos do lixo da cultura pop que atulhava meus ouvidos e estantes e tomava me tempo e meu dinheiro." Auto - Leonardo Felipe

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