sábado, 30 de novembro de 2013

do underground à vida adulta



Esse troço aí em cima resume muito da minha adolescência. Ou do que ela poderia ter sido se eu tivesse vivido em uma cidade decente. 
Já faz algumas semanas que assisti a esse documentário e me deu vontade de rir e chorar, tudo junto. Fui correndo (para o Facebook) mostrar pra Camila porque ninguém melhor que ela pra entender e concordar comigo que aquelas pessoas ali nos transformaram no que somos hoje. Mesmo que não tenhamos ouvido mais nada daquilo nos últimos cinco anos ou seis anos. Mesmo que tenha nos causado surpresa o fato de estarem todos vivos (ou quase todos). 
Eu ainda estava tentando descobrir o que eu realmente gostava dentro do rock lá por 2004/2005 quando ganhei de um amigo – mais tarde namorado - um CD gravado no computador com uns nomes de bandas rabiscadas em canetão azul: Nx Zero, Fresno, Glória e Houdini. Na época eu já era uma fã inveterada de Cpm 22 e já tinha sido apresentada ao Sugar Kane, mas aquele CD me mostrou que em algum lugar deste país uma coisa muito louca estava acontecendo. Uma cena que eu parecia me encaixar perfeitamente, era o que eu precisava para decidir quem eu era, do que eu gostava e onde eu queria chegar. Depois daquele CD, a internet se encarregou de todo o resto, o Trama Virtual era a meca de bandas brasileiras barulhentas e eu descobria um punhado delas toda semana, a maioria bem ruins, mas eu jamais admitiria isso. 
 A internet me mostrou que havia milhares de pessoas que gostavam das bandas que eu gostava e que se reuniam em festivais onde oito delas tocavam em um mesmo dia, parecia um sonho. Eu acompanhava os fotologs das moças que se vestiam como eu e tinham cabelos da mesma cor do meu e queria me matar por viver num fim de mundo e nunca ter a chance de por os pés naquela coisa de outro mundo chamada ABC pró HC, onde todas elas iam.
Só pude conhecer um pouco desse mundo pessoalmente quando ele já estava minguado, lá pelo final de final de 2006. O NX Zero estava dando os primeiros sinais de que ia abandonar o underground, caminho que outras bandas foram seguindo, enquanto muitas já decretavam o fim. Isso tudo ainda fez algum sentido pra mim até meados de 2007, quando todo mundo começou a ficar velho demais para aquele som juvenil. As pessoas entraram na faculdade, arrumaram emprego, aposentaram as munhequeiras e começaram a prestar mais atenção nos Libertines e no Franz Ferdinand. 
Graças a deus.

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