Eu apelidei aquelas sextas-feiras de “sextas-feiras da
nostalgia”. Era sempre igual. Toda sexta-feira quando começava a anoitecer eu
dava um tempo naquela dieta rígida & permanente que cortava carboidratos,
açúcares e gordura e mandava ver. Cozinhava alguma coisa com toda minha falta
de aptidão na cozinha, bebia suco de laranja com vodca, suco de laranja com
cachaça, suco de laranja com steinhaeger, fumava alguma ponta de baseado que
guardava na minha latinha de creme Nívea e colocava músicas velhas no iTunes.
Não qualquer música velha. Músicas velhas que me lembravam de coisas da época
daquelas músicas, e por velha quero dizer entre dez e cinco anos de velhice,
não muito mais do que isso.
Eram de um tempo que eu era feliz ou que eu achava que era
feliz. Meu coração doía e eu queria voltar. Voltar ou no mínimo viver alguma
coisa parecida no futuro, com outras pessoas, porque aquelas lá... Elas eram
legais, legais pra caralho, mas já tinham casado, tido filhos e estavam
vestindo camisetas polo verde, já não tinham mais suas bandas,aquelas que
faziam as músicas velhas, tinham até mudado de sobrenome, pelo que eu vi. E se dedicavam seriamente aos seus empregos,
porque agora tinham pequenas bocas para alimentar.
E eu ali, só querendo ser jovem para sempre, comemorando
cada nova descoberta sobre a esticada da adolescência, que agora aparentemente
não tem fim. Ainda bem. Ainda nem comecei.
agosto/2015.
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