domingo, 26 de fevereiro de 2012

uma de cada vez

Duas vidas. Duas vidas paralelas e completamente opostas. Com ela era uma. Sem ela, outra. Quando davam adeus era hora de se despir de qualquer resquício daquele mundo esquisito que ele não sabe bem por que resolveu entrar, entretanto não faz menção em deixá-lo para trás. E sequer havia razão pra isso, afinal quem não gostaria de ter duas vidas?
Sem ela havia risos e havia riscos também. Havia sol, mar, areia, havia bebidas, longas tardes que viravam noites e longas noites que viravam manhãs - sempre distantes dos lugares que vivia com ela - regadas a tudo o que ela sempre teve curiosidade de viver enquanto tentava imaginar do conforto de sua cama. 
Com ela não. Com ela era tudo diferente. Ele era outro, agia como outro, vivia como outro. Não tinha nada daquilo, e beirava à confusão quando as duas vidas ameaçavam se misturar, às vezes por acaso e outras vezes por insistência dela. 
E as duas vidas seguiam juntas, uma de cada vez. Não havia espaço para uma vida dentro da outra vida. E vice-versa.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

you know what hope is?

Às vezes não é preciso muito mais que o Ben Folds berrando nos teus ouvidos umas frases escritas pelo Nick Hornby pra tu perceber, com um prato de miojo na mão, que a vida tá uma merda. Que debaixo do pijama velho de sapo tem uns dois quilos a mais de gordura do que deveria ter, que teu cabelo parou de crescer e atingiu um tom ocre, e que é preciso correr pra não perder o mesmo ônibus lotado de todo santo dia nos útlimos quatro anos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

the music never stopped

Já deve fazer um mês que assisti The Music Never Stopped, não sei por que só hoje foi me dar vontade de escrever sobre ele. Aliás, minto. No dia que eu assisti deu vontade, mas acontece que deu preguiça também. E sabe como isso funciona.
Todas as sinopses que li sobre o filme eram uma merda. Essa era uma coisa que eu lembro de querer escrever naquele dia. Minha irmã me passou e ele ficou uns dois meses na pastinha de filmes apenas fazendo volume, sem que eu sentisse a mais remota vontade de assistí-lo. Às vezes eu esquecia do que se trava e ia pro google novamente. "Ah, é o da musicoterapia". Pois é. Essa palavra jamais deveria ter saído dos consultórios de psicologia para a sinopse de um filme legal.
Que tal: Em 1986, rapaz que era rockeiro na década de 60 e havia fugido de casa para virar mendigo é curado de um câncer que o deixou com graves sequelas. Ouvindo canções clássicas do Grateful Dead, Bob Dylan e Beatles, começa a apresentar melhora. Agora me diz, quem é que não vai querer assistir um filme assim, hein?
The Music Never Stopped é tão bom e tão envolvente que eu nem lembrava que há anos eu já não conseguia ouvir mais de três músicas do Bob Dylan seguidas e que Grateful Dead só faz sentido em determinadas circunstâncias, e fui lá renovar as discografias. É tão bom e tão envolvente que me senti incumbida a redimí-lo do desserviço prestado.