quarta-feira, 30 de abril de 2014

o mês

Um livro: Estive em Lisboa e lembrei de você, Luiz Ruffato
Um filme: Coração Louco
Um mexicano: Cactus
Um show: Guns N' Roses
Outro: Erasmo Carlos
Mais um: Avishai Cohen Trio 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Playlist: sonzinho da Ilha

É, Florianópolis tem de tudo mesmo. Abaixo uma seleçãozinha maneira com sete músicas de sete bandas diferentes da cidade. Bem diferentes, por supuesto.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Oi, vida. Te vi passando quando abri a janela hoje mais cedo. Queria descer correndo pra te dar um abraço, mas estava presa nesse desespero. Lembra da última vez que nos reencontramos? Eu estava na biblioteca lendo a biografia da Pamela des Barres e percebi a falta que você fazia, então te procurei e vivemos bons momentos juntas, até você desaparecer outra vez sem eu nem notar. Eu devia estar preocupada demais com alguma estupidez, mas é sempre assim. A gente formava uma dupla e tanto.

domingo, 6 de abril de 2014

lobotomia

Eu ia começar isso aqui dizendo que sempre odiei Guns N' Roses (sim, de novo. I'm a little obsessed here), mas decidi ser honesta referente a essa questão ao menos uma vez na vida. Eu nem sempre odiei. Quando tinha 13 anos e ainda tentava  descobrir do que gostava, eu deitava na cama e ouvia no meu microsystem com adesivos do Piu-Piu uma coletânea estranhíssima que trazia "Don't Cry" entre uns Nirvanas e uns AC\DCs. Eu escutava a música e fazia exatamente o contrário do que Axl pedia, porque a vida era mesmo difícil para uma adolescente que não podia pôr um piercing no queixo.
Mas daí eu cresci e comecei a ter discernimento das coisas e, aí assim, passei a odiar a banda. Só de ouvir o primeiro solo de "Sweet Child O'Mine" meus olhos sangravam.
Apesar disso, admito que fiquei empolgada quando soube que a cobertura do show deles em Florianópolis ficaria comigo. Jamais faria cara feia para uma experiência antropológica desse nível. Para fazer um trabalho minimamente decente, comecei a ler e a me inteirar um pouco sobre o Guns. Em um debate que mediei entre seis jornalistas que entendem do assunto acabei descobrindo uma série de coisas que no momento não dei a mínima importância, mas que hoje fazem todo o sentido.
Lá ouvi pela primeira vez que o Bumblefoot é um dos maiores guitarristas do mundo, por exemplo. 
No dia seguinte ao episódio relatado no post anterior, minha empolgação tinha atingido um nível cômico. Saí de casa no fim da tarde rumo ao show do Guns N' Roses com dois colegas - um deles inclusive era quem tinha falado aquilo sobre o Bumblefoot - para cobrir o acontecimento.
Eu que já não sou a rainha da paciência estava de saco bem cheio quando deu 21h, horário marcado para o início do show, afinal estávamos plantados lá desde às 18h30 por pânico do trânsito. E ainda teríamos que lidar com o habitual atraso de sua divindade Axl Rose.
Mas em uma fração de segundo tudo mudou. Apagaram-se as luzes e só o que se via era DJ Ashba esfrangalhando sua guitarra ao lado da bateria, que ficava a uns dois metros acima da superfície do palco. Foi o começo de umas das sensações mais recompensadoras que senti na vida. Uma sensação que durou quase três horas e que por mim poderia ter durado até mais. Eu nunca tinha visto na vida músicos de tamanha qualidade e energia assim tão de perto, nunca vi ninguém tocando daquela maneira antes. Todos eles, incluindo Axl, mas com destaque absoluto para os guitarristas DJ, Bumblefoot e Richard e o baixista Tommy Stinson, tocavam como se aquele fosse o último show de suas vidas. Como se aquele público fosse o mais importante que já tiveram. Como se de maneira alguma aquelas pessoas tivessem a chance de se decepcionar com que viam e que de maneira alguma elas pudessem sentir falta de alguém como Slash ali no meio.
Enquanto aqueles quarentões corriam de um lado para o outro, escalavam equipamentos e a cenografia do palco como se recém tivessem completado 20 anos, o velho Axl, no alto dos seus 52, não já não emanava tanta energia assim, mas finalmente mostrou que aquele Rock in Rio 2011 não era o melhor que poderia dar. Deixou o palco várias vezes nas mãos de seus competentes músicos para se recompor, mas toda vez que voltava era o mesmo Axl da primeira música, cheio de vontade de provar que ainda pode muito. Devo ter sido lobotomizada, mas nunca aquele solo inicial de "Sweet Child O'Mine" me causou tanta emoção.
As pessoas ainda podem dizer que aquilo não é efetivamente o Guns N' Roses, and I don't give a shit, mas já passou da hora de o mundo reconhecer a competência e o papel daqueles caras que estão com Axl Rose. 

quinta-feira, 3 de abril de 2014

sorry my english

Você acha que seu inglês está ok, ou no mínimo razoável para uma entrevista pré-elaborada.  Mesmo a pobreza não tendo te deixado fazer um intercâmbio e nem te dado a oportunidade de um bate-papo com um gringo qualquer - desconsiderando um espanglês certa feita protagonizado por mim com um peruano -, você acabou dedicando alguns anos ao estudo da língua. Você até pensa em inglês com alguma frequência.
Acontece que você vira uma moita quando percebe que inesperadamente está a três segundos de entrar em uma salinha com um dos melhores guitarristas do mundo e que desde 2006 faz parte do Guns N' Roses.
Eu tinha preparado umas três perguntinhas mentais para o caso de eu conseguir algum contato, mas como não era algo que eu acreditava, saí de casa calma & serena.
Pois bem. Lá estava eu. Eu.
Este mesmo eu que quatro meses atrás tremia feito vara verde ao digitar no celular o número do Duca Leindecker para uma entrevista em meu próprio idioma.
Veja bem, se as palavras em sua própria língua já desaparecem da sua frente quando você fala com alguém que você considera muito foda, imagina em uma língua que você não domina com tanta precisão. Então lá estava eu na frente do Bumblefoot, implorando aos céus que um alçapão se abrisse sob meus pés. Como nada aconteceu, comecei pedindo desculpas pelo meu inglês ruim e dizendo que era a minha primeira entrevista naquelas circunstâncias. Ele disse que tudo bem e me ofereceu uma castanha de caju. Bumble fingiu que entendia tudo o que eu dizia sem qualquer dificuldade, porque é um gentleman, mas notei que o rapaz no canto da sala, brasileiro fluente em inglês, estava achando aquilo muito engraçado, especialmente o meu sofrimento.
Cinco minutos depois, saí da sala e meu coração voltou a bombear sangue para o resto do corpo.
E eu tinha uma entrevista na mão.

Aqui está ele, muso. As castanhas ali em cima.


 Aqui estamos nós.


 Aqui também. Eu com cara de merda do lado do homem. Por que, deus?


Fotos: Marco Santiago