sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

destination

O dia em que minha felicidade passou a ser medida em quilômetros:

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cartolas de bike

A segunda mais brilhante canção do Quase Certeza Absoluta virou também o segundo clipe do disco. Ó:

the department is on fire

É difícil eu acreditar tanto em coisas que ainda nem começaram, mas em novembro do ano passado, quando o querido André Ache, por alguma razão, confiou a mim alguns esboços de músicas que sua banda estava gravando em casa, eu acreditei desde o primeiro minuto. Acreditei tanto que resolvi usá-la em uma ideia que meu amigo e talentosíssimo designer Téo Brito havia me confidenciado certa vez. Quando o Téo me falou sobre a tal ideia, achei genial desde o começo, porque eu também já tinha pensado em algo parecido.
Ainda é cedo pra falar sobre isso tudo. Muita coisa ainda vem por aí e tá tudo muito no começo, mas ontem, quando o André me mostrou duas músicas já devidamente uplodeadas em uma página do Facebook, senti mais uma vez aquela coisa toda de acreditar muito naquilo ali. Uma das músicas eu já ouvia há mais de dois meses, meio mal gravada e inacabada. Mas ver ela agora ali, totalmente pronta e transformada em uma pequena obra, me encheu de orgulho.

Essa é a Fire Department, meus caros. Banda de Porto Alegre que não se parece com nada daquilo que recheia sua playlist e que ainda vai dar o que falar.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Não sabia ao certo quem era o responsável por ela ter se transformado naquela figura pouco entediante, disposta a mergulhar em rios de cursos desconhecidos. Mas desde que havia se livrado dos grilhões andava fazendo coisas pouco ortodoxas.
Ser conveniente cansa. Dar nome às coisas cansa. Imergir em culpas desnecessárias cansa mais ainda. E ter medo, então, mata de cansaço.
Se despiu do que pode, levantou os braços e deixou que tudo viesse ao seu encontro, sem se esquivar, sem escudos ou máscaras. Sentiu o poder daquele dominador sentimento, que chegou sem pedir licença e penetrou em cada milímetro do seu corpo com pretensão alguma de ir embora.
Agora via o mesmo rosto toda vez que acordava, mesmo que só travesseiros preenchessem o lado vazio da cama. Agora sentia todos os seus órgãos internos serem esmagados e fechados a vácuo enquanto iniciava a contagem regressiva. Agora tinha que correr e saltar os obstáculos, parar as nuvens, apagar o sol, acelerar a rotação do planeta, mover penhascos e encurtar trajetos.
Mas não se importava. Porque ser conveniente cansa.

domingo, 23 de janeiro de 2011

@MyHolger

Sapatos vermelhos estoporados e imundos, litros de suor, cabelo grudento e alguns hematomas mais tarde... que show, hein, meus caros? Estava com saudade de entupir meu blog com fotos destas. Pena que a bateria da câmera foi pro saco antes da coisa começar a ficar realmente medonha.

Rolla

Tche em uma de suas performances sensacionais

Tche

Pata

Pata

Hm. Pata.

Sem me dar conta eu sempre escolho algum integrante da banda pra mirar a câmera compulsivamente. Só noto isso em casa, quando vejo as fotos. Desta vez o escolhido, como podem perceber, é o Pata.

Nada pessoal.

Pata e Tche

Minha irmã em um dos momentos de bonito entrosamento com Tche

Pata e Tche. Pois é, eu sei.

Pata e meu querido Titi, com sua sensacional camiseta do Of Montreal presenteada por esta que vos digita poucas horas antes do click. Com a Sunga na mão!

Pepe e Tche

Faltou o Artur, não consegui bons ângulos do rapaz.

E, olha, se não tiver mais nenhum show decente este ano por aqui, TUDO BEM. Mas se Holger quiser aparecer novamente pela Ilha (ou um pouquinho mais pra cima, quem sabe), não fico brava.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Tonight: Holger


Porque Holger era promessa de ano novo.
E a chuva só vai servir de estímulo pra todo mundo ir de sunga, caso ela esteja achando que vai estragar a noite dos hipsters de Florianópolis. No, no, no.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

notívagos II

- Entra no carro! - berrou a menina bonita de cabelos curtos e voz rouca naquela madrugada. Todos já estavam com dores abdominais de tanto rir e tinham feito tanta besteira que seria capaz de envergonhar até a quinta geração da família de cada um. Sorte que no dia seguinte nenhum deles lembraria exatamente de tudo o que aconteceu.
Há algumas horas, o grupo formado por sete pessoas que mal se conheciam havia pago uma conta absurda em um bar no centro da cidade. A variedade de bebidas na comanda incluía tequila, duas marcas diferentes de cerveja - a primeira devia ter acabado, ninguém sabe ao certo - e ainda um licor de frutas.
Um dos rapazes tirou do bolso uma pequena quantidade de drogas - que variavam de LSD e ecstasy - e distribuiu para o grupo. Pouco tempo depois, os quatro rapazes e as três garotas deixavam trôpegos a mesa cheia de copos vazios e cinzas de cigarro em direção a praia.

- Entra no carro! - berrou a menina bonita de cabelos curtos e voz rouca horas depois do bando decidir deixar o bar. Obediente, com os pés molhados e cheios de areia, a outra garota entrou no carro e encostou a cabeça no vidro.
Acordou seis horas mais tarde com o sol entrando pela cortina que ela não havia fechado, encarou os grãos de areia em seu lençol vermelho, e só não gargalhou porque não teve força o suficiente.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

ela nunca sabe quando

Foi de um fragmento literário do seu muso inspirador que ela tirou a chance de enganar a vida tediosa que levava. Ela poderia viajar sem precisar lavar seu cabelo oleoso, sem precisar trocar o pijama sujo de molho de tomate e sem precisar se livrar de um dos seus maiores pesos. Tudo porque não tinha coragem o suficiente para isso. Vontade, tinha.
Nem encher a cabeça de ácido esporadicamente para atingir outras dimensões era o suficiente para se livrar daquela inércia. Precisaria de um ácido por dia, talvez. Então ela partiu para as páginas amareladas vindas de sebos e bibliotecas alheias enquanto pensava no tanto de vida que estava perdendo. Estava perdendo vida debaixo daquele edredom, engordando com uma pizza tão gordurosa quanto sua testa por baixo da franja e fazendo parte de uma história que já durava mais tempo do que ela poderia suportar.
Ela não pintou um ônibus com os tons mais coloridos do universo e nem levou consigo seus amigos loucos. Mas comprou uma passagem. Talvez não imaginasse que quando havia finalmente lavado os cabelos e trocado de roupa naquele domingo, ela não estava apenas comprando uma passagem para vários quilômetros longe dali. Ela dobrou duas vezes e colocou na carteira um ticket para uma nova história.
- Só a de ida, moça?
- Só a de ida. Eu volto, mas não sei quando.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Música sem nome

Eu não sou muito fã de Tópaz, menos ainda de crianças, mas... sério, chorei sangue com isso:

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Eu te coloquei num patamar muito acima de mim porque é onde tu merece estar, e eu posso ficar só olhando daqui de baixo enquanto sigo achando impressionante como uma pessoa tão pequena pode ser tão incrível. Tão grande por dentro. Tão amável e tão humana quanto todos os outros humanos que magoam e são magoados com muito mais frequência do que gostariam.
Primeiro me seduziu com o incrível dom de empilhar palavras que arrepiavam cada extremidade do meu corpo. Depois me seduziu com todo o resto. Acabou comigo, me deixou mutilada dentro de um ônibus voltando pra realidade. Pra minha realidade. A realidade que consiste na tua ausência e em uma pequena pilha de livros ao lado do meu travesseiro. Minha única companhia enquanto tu esvazia garrafas verdes e esquece aos poucos do que nós fomos naqueles dias.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

acontece nos bares vazios

Se eu não esperava encontrá-lo ali naquela noite, que dirá o pobre coitado. Não posso culpá-lo pelos olhos arregalados quando cruzaram com os meus no bar semi-vazio. Era engraçado. Por mais que eu tenha passado quase dois meses num misto de amor & ódio, eu lá fundo sabia que o ódio era infundado. Ele me ignorava sem sequer notar que estava me ignorando. Era uma inocência tão assustadora que dava vontade de trazê-lo pra casa e protegê-lo desse mundo cheio de pessoas horríveis como eu, que acham que ele é só mais um babaca espalhando testosterona pelo mundo.
Enquanto um rapaz se esforçava para me convencer a deixar o bar e ir a uma festa só porque estava acompanhado de um ídolo do underground, ele me cutucou não uma, mas duas vezes para que eu parasse de cochichar no ouvido daquele pertinaz indivíduo e olhasse para ele. Minha vez de arregalar os olhos.
E aí ele perguntou. Foi quando vi a inocência transbordando e escorrendo para fora daqueles olhos e daquele sorriso exageradamente lindo. Me senti uma babaca. Eu não merecia tudo aquilo, embora minutos mais tarde ele tenha provado que não concordava com isso.
Na volta pra casa, ouvindo Raconteurs no carro com os vidros totalmente fechados por causa da chuva torrencial, eu havia me transformado em uma gosma no banco do carona. Uma gosma completamente derretida e consciente de que aquilo poderia se repetir caso eu não esperasse demais daquele rapazinho que já havia pego várias ruas erradas até me deixar no meu destino.
Juntei meus restos, bati a porta do carro e deixei que a chuva me molhasse um pouquinho.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Yeasayer e o niilismo

Certa noite no bar, meu amigo Léo - que tem um gosto musical bastante pertubador - comenta algo sobre Yeasayer e olha pra mim em seguida. De alguma maneira ele tinha descoberto que eu gostava.

- Eu adoro Yeasayer. Não sei como, mas eu adoro - eu disse.
- É, eu não sei como tu adora Yeasayer
- O último CD é lindo
- Nah, prefiro o outro

Ufa.

Apesar do Odd Blood, disco mais recente deles, ser menos perturbador que o primeiro, os clipes continuam assustadores, de um niilismo fora do comum, e não há no youtube vídeos de boa qualidade deles tocando músicas desse disco. O clipe de O.N.E foi a coisa menos embrulhadora de estômago que encontrei, embora não seja uma das minhas faixas preferidas.



Mas Ambling Alp e Madder Red são.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

rabiscos

Tem uma baqueta com uma assinatura de canetão preto delicadamente colocada meio sobre o volume I de Mate-me Por Favor, meio sobre o Diário de Bridget Jones. É a minha biografia. Uma baqueta que foi de alguém. Mate-me Por Favor. O Diário de Bridget Jones. E nem foi intencional, se quer saber.
Eu lembro o quanto ele me torrou a paciência por causa da baqueta. Tudo porque eu não ficava com ela na mão o tempo inteiro, por quatro horas seguidas. Quer dizer.
- Tu vai esquecer ela aí. Eu vou pegar de volta porque eu posso usar ainda.
Mas é claro que ele não pegou, e nem foi por causa do meu olhar fulminante. Ele precisava deixar um pedaço dele comigo, afinal.
Tem dois adesivos com o nome da sua banda atirados em cima do meu bloquinho de anotações velho, desbotado e amassado. O CD tá logo ali do lado, e a foto eu coloquei no porta-retratos porque tava atrapalhando a minha bagunça pessoal. Só por isso. E tudo tem aquele maldito nome rabiscado com o mesmo canetão preto.
- Mas tu já assinou, não assinou?
- O CD não. Eu assinei a foto.
Ah. A foto.
Na verdade ele realmente parecia uma pessoa amável já no primeiro dia. Ele, o canetão e a indefectível vontade de rabiscar seu nome em tudo. Até na minha vida. O que me conforma é que quando eu voltei pra casa trôpega naquela manhã, com roupas não condizentes com o clima e a situação, maquiagem borrada, olhos assustados dos trabalhadores voltados para mim e a baqueta na mão, o rabisco desbotou um pouquinho.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Cult & antigos

João. João. Meu amigo João é demais. Ele mora em Fortaleza e a gente se falava muito, pra caralho, durante vários meses do ano passado e eu xingava ele porque ele era um vagabundo que só queria saber de encher a cara e sair de segunda a segunda. Não lia livros, quando lia era Marley e Eu, ou alguma coisa parecida, e também quase não assistia filmes. Mandei ele assistir Alta Fidelidade (sim, porque se mandasse ler o livro, eu poderia esperar sentada. Deitada. Dentro de um caixão. Sendo devorada por necrófagos). Daí o João baixou Alta Fidelidade. E sabe o que aconteceu? Ele dormiu assistindo. Dormiu. E não continuou depois. Até hoje sou frustrada e ele jamais será perdoado por isso. Ele nem faz muita questão anyway.
MAS DAÍ esses dias o João tava meio feliz da vida porque começou a namorar e eu fui dar os parabéns depois de anos luz sem trocar palavras com o cearensezinho cacheado e ele disse que lembrou de mim dia desses quando encontrou um certo blog. O blog se chama Cinema Cultura - Download de filmes cult & antigos. Primeiro tenho que dizer que, hm, o rapaz tem boas lembranças de mim. E depois, puta que pariu, o blog é muito do caralho porque eu ainda tenho pouco mais de um mês de férias e tava meio perdida nessa história de assistir filmes. Tá que o Pirate Bay quebra meu galho sempre, mas é tão melhor ter ali na tua fuça o filme + a sinopse & + tudo o que tu precisa saber a respeito. Sem falar que quando eu vejo a lista de filmes que eu vergonhosamente nunca assisti na vida me sinto muito mais tocada e estimulada a baixar. Talvez agora eu pare de ser guei e de assistir comédias românticas protagonizadas pela Kristen Bell.

Mesmo longe


Da madrugada movimentada de Balneário Camboriú:

- louca pra chegar no meu quarto e ouvir Variantes

Graças a uma conversa de bar.
Você! Mesmo longe consegue estar por aqui
Aqui, na minha cabeça, eu não consigo fingir
Talvez porque eu emagreça

Não vou mais reclamar de você nem de mim
Porque passa e um sorriso conserta tudo
Quero dizer que dá certo

sábado, 8 de janeiro de 2011

O Vampiro

Perambulava pela Osvaldo Aranha e encontrei o sebo. Eu nem sabia que ele ficava na Osvaldo Aranha e, de repente, no caminho para um vegetariano no Ocidente, ali estava. Voltei no dia seguinte porque sabia que lá tinha o livro que eu queria há meses.
Era um sebo muito bonitinho, pequeno e organizado. Tinha uma estante só para autores gaúchos. Era ali mesmo.
A ordem era alfabética e lá estavam os ilustres Cyro Martins, David Coimbra, Erico Veríssimo, Fabricio Carpinejar, Josué Guimarães, Luís Fernando Veríssimo... Opa.
Não tinha.
Na verdade tinha, mas não estava onde deveria estar e eu não me prestei a perguntar para a moça debruçada sobre o balcão.
Menos de um mês depois eu estava comprando virtualmente pela Estante Virtual. Através. Do. Mesmo. Sebo.
O Vampiro - Leonardo Felipe

Li em duas tacadas. Deveria ter sido em uma só, mas já tinha passado das 3 da madrugada de um dia de semana e meu corpo clamava por repouso. Se no Auto, o primeiro livro do Leo Felipe, algumas gramas de Bukowski já haviam sido despejadas em suas páginas, em O Vampiro parece que acordou um velho Buk há muito adormecido e jamais antes visto de dentro do rapaz. No Auto, o lado sexualmente pervertido aparecia sutil misturado a doses cavalares de Hunter Thompson, Tom Wolfe e Kerouac & seus amigos drogaditos. Em O Vampiro não há nada de sutil. Tá ali, escancarado, arregaçado nas fuças de qualquer um que abrir aquele pequeno livrinho negro e perturbador.
Aliás, Leo Felipe foi tão genial na escolha do formato do livro que só esse fato já explica o quão lindo é tê-lo na estante. O formato tem tudo a ver com o nome, e depois tu percebe que tem tudo a ver com o conteúdo também.
Há menos humor, mas há também menos pudor, se isso lhes conforma. Aliás, minto. Não há pudor nenhum. Quem lê O Vampiro antes de ler o Auto jamais acreditaria que aquele carismático rapaz que há pouco tempo comandava o Radar na TVE fosse dono de tais palavras. E não culpo quem não acreditar nisso mesmo depois de ter lido o Auto.
Sei que há muito tempo já fui contaminada pela sedução dos contos & causos de Leo Felipe e jamais serei curada disso. Não consigo mais não enxergar genialidade em tudo o que ele faz.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Os nossos relacionamentos costumam ter prazo de validade.
Os meus duram mais se conservados à sombra e em temperatura ambiente.
Os seus são totalmente perecíveis.

Spoon - Got Nuffin

Porque eu preciso dividir esse amor todo.

Do Twitter:
@julie_me: prometo que vou fazer várias coisas úteis depois que eu assistir todos os vídeos do Spoon disponíveis no youtube
@spiritabandoned: poucas coisas na vida são mais úteis do que ouvir Spoon
@julie_me: bah, se tu diz, então vou fazer é porra nenhuma depois da overdose
@spiritabandoned: bem-vinda ao meu mundo

Eu já disse que o Marcelo é foda? Já, ? Anteontem.



Eu daria um órgão vital inteirinho por aquele LP na mão do David Letterman.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O pior sempre é se apaixonar.
Não é se apaixonar e não ser recíproco. Não é se apaixonar e estar longe. Não é se apaixonar e ser impossível. O pior que pode acontecer é simplesmente se apaixonar. O resto vem. Sempre vem.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Sobre vagabundos bebuns que escrevem bem pra caralho

Daí eu tenho esse amigo, o Marcelo. O Marcelo é um cara legal. Em março vai fazer três anos que eu conheço ele. Naquele dia, eu e um monte de semi-desconhecidos estávamos bebendo cerveja em um bar na frente da faculdade e me falaram que o Marcelo era pai. Eu dei risada. Como um guri que ia fazer 18 anos dali uns meses podia ser pai? Mas era a mais pura verdade.
Naquela época o Marcelo cursava Direito, recém tinha entrado no curso e aquilo não parecia fazer o menor sentido. No semestre seguinte ele mudou pra jornalismo. Hoje ele não passa de um vagabundo. Mas é um vagabundo que escreve bem pra caralho.
No início eu achava o Marcelo uma pessoa extremamente esquisita, mas nutri um afeto por ele desde aquele dia no bar, com as cervejas, os semi-desconhecidos e a volta de ônibus pra casa. A gente não tinha absolutamente nada em comum a não ser o fato de que meus semi-desconhecidos eram amigos dele. Eu estava no bar não por acaso, já que um deles, na verdade, era meu conhecido. E era aniversário deste.
O Marcelo me irritava porque gostava de criticar todas as coisas do universo, principalmente no que se referia a música. Hoje ele continua meio assim, mas acabei descobrindo uns gostos musicais em comum com ele e ele também deixou de ser 50% do chato que era em relação às bandas. E ele escreve bem pra caralho.
O Marcelo meio que largou a faculdade de jornalismo, porque, porra, ele é um vagabundo, um bebum, um junkie inconsequente que foi pai aos 17 anos. Ele não quer entrevistar pessoas. Ele inventava fontes nos trabalhos da faculdade. Mas sabem de uma coisa? O Marcelo escreve bem pra caralho, então foda-se.
E aí ele tem uma coluna no Portal Rock Press e ele fala sobre os shows que ele vai. Que geralmente são shows que eu vou também. Eu fico meio abobalhada quando leio o que ele escreve, porque metade do texto não tem absolutamente nada a ver com o show. Mas é demais. É realmente demais. O Marcelo é foda. Eu sou fã do Marcelo e não tenho a mínima vergonha de dizer isso na cara dele.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Confortáveis

Ela, uma pseudo-junkie, metida a groupie desde que conheceu o primeiro guitarrista da sua vida. Está no segundo ano da casa dos 20 e não terminou a faculdade ainda. Quer ser jornalista de cultura, mas anda flertando com a área de política. Só veste branco, preto e cinza, tem o pavio curto, esbraveja fácil e se irrita com tudo, mas lá no fundo é uma romântica empedernida. Vive de excessos e se apega fácil às pessoas. Não gosta de abraçar e beijar quando não há significado, mas poderia passar o dia todo fazendo isso na meia dúzia de pessoas que julga ser relevante na sua vida. Não sabe muita coisa sobre coisa alguma, mas tem vontade de aprender todas as coisas sobre tudo. Geralmente perde o controle quando começa a beber, se entope de coisas e faz um monte de escrotices sob todos os efeitos. Ama os Beatles e os Rolling Stones, mas também ama uma porrada de bandas dos anos 90. Se emociona ouvindo o último disco dos Arctic Monkeys e hiperventila vendo Pete Doherty e Carl Barat dividirem o mesmo microfone. Lê Bukowski, Nick Hornby e também gosta do Jack Kerouac e seu séquito.

Ele, jornalista político de um dos principais jornais do estado. Inteligente, sabe muito sobre muitas coisas. Está no penúltimo ano da casa dos 20 e se formou na universidade federal há alguns anos. Ama Franz Ferdinand, mas também adora Beatles, Roberto Carlos e Mutantes. Não suporta o último disco do Arctic Monkeys, mas gosta do Pete e do Carl dividindo o mesmo microfone. É gentil, delicado e raramente perde a paciência. Não tem banda, mas de vez em quando é convidado para ser DJ em alguma festa de rock alternativo na capital. É daquelas pessoas que ninguém é capaz de não gostar. Usa camisetas divertidas e tem um senso humor admirável. É um verdadeiro gentleman, apesar da quase ojeriza à camisas e sapatos sociais. Sabe cozinhar e cuida com muito amor de um gatinho que solta pelos no apartamento inteiro. Bebe cerveja quase todos os dias, de preferência as de garrafa verde, e costuma saber a hora de parar. Abandona as coisas com facilidade depois de cansar delas, e cansa com uma facilidade ainda maior do que abandona. Lê Bukowski e Nick Hornby e diz que ninguém que passou dos 27 consegue continuar gostando de Kerouac.

Mas eles eram confortáveis juntos, como ele mesmo frisou.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Te seduz com aqueles inocentes olhos azuis. Inocentes um grande caralho. Mas então, te seduz com aqueles olhos azuis que pareciam inocentes, te chama de maluquinha. Sim, maluquinha. Te chama de maluquinha quando tu surta porque fez uma tonelada de coisas escrotas e diz que nunca mais vai pôr os pés naquela cidade. E te faz pensar que tu é uma babaca porque não ficou olhando só pros inocentes olhos azuis por três madrugadas seguidas. E vem com aquele sotaque. E insiste pra ti fazer coisas e tu fica sem entender o porquê daquilo tudo. E tu fica encantada porque ele te faz achar que ele de fato é maravilhoso.
E aí tu simplesmente não existe mais.

domingo, 2 de janeiro de 2011

come up with

Quero tudo de novo. Até o sono fodido depois do primeiro baseado do ano fez algum sentido porque ele tava do meu lado com o celular na mão empenhado em arrumar um jeito de voltarmos pra casa. Quero o taxista puto da cara comigo porque o trajeto era curto demais. Quero ficar esperando no hall de entrada até vê-lo vestido com sua camiseta da comunist party. Quero pelos de gato nas minhas roupas, cervejas bonitas, dormir e acordar várias vezes na mesma manhã.
Quero aquele apartamento minúsculo, com todos os seus cupins e sua falta de cortinas. Quero aquela risada deliciosa de ouvir e aquele jeitinho delicado de fazer as coisas. Quero poder conversar sobre tudo e mais um pouco, eu nem preciso falar nada, se for o caso. De qualquer modo, ele é tão inteligente que se eu falar alguma coisa posso estragar o clima. Quero meu batom vermelho sumindo dos meus lábios minutos após ser aplicado. Quero toda aquela preocupação com o meu bem estar, quero passeios de mãos dadas sob o sol escaldante da beira-mar, quero ouvir suas histórias sempre tão interessantes.
Quero tudo do jeito que foi. Mas não quero aquele relógio de vinil esfregando na minha cara que tá na hora de ir embora.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Todos os meus ídolos foram decadentes. Por que eu também não posso ser?