sábado, 8 de janeiro de 2011

O Vampiro

Perambulava pela Osvaldo Aranha e encontrei o sebo. Eu nem sabia que ele ficava na Osvaldo Aranha e, de repente, no caminho para um vegetariano no Ocidente, ali estava. Voltei no dia seguinte porque sabia que lá tinha o livro que eu queria há meses.
Era um sebo muito bonitinho, pequeno e organizado. Tinha uma estante só para autores gaúchos. Era ali mesmo.
A ordem era alfabética e lá estavam os ilustres Cyro Martins, David Coimbra, Erico Veríssimo, Fabricio Carpinejar, Josué Guimarães, Luís Fernando Veríssimo... Opa.
Não tinha.
Na verdade tinha, mas não estava onde deveria estar e eu não me prestei a perguntar para a moça debruçada sobre o balcão.
Menos de um mês depois eu estava comprando virtualmente pela Estante Virtual. Através. Do. Mesmo. Sebo.
O Vampiro - Leonardo Felipe

Li em duas tacadas. Deveria ter sido em uma só, mas já tinha passado das 3 da madrugada de um dia de semana e meu corpo clamava por repouso. Se no Auto, o primeiro livro do Leo Felipe, algumas gramas de Bukowski já haviam sido despejadas em suas páginas, em O Vampiro parece que acordou um velho Buk há muito adormecido e jamais antes visto de dentro do rapaz. No Auto, o lado sexualmente pervertido aparecia sutil misturado a doses cavalares de Hunter Thompson, Tom Wolfe e Kerouac & seus amigos drogaditos. Em O Vampiro não há nada de sutil. Tá ali, escancarado, arregaçado nas fuças de qualquer um que abrir aquele pequeno livrinho negro e perturbador.
Aliás, Leo Felipe foi tão genial na escolha do formato do livro que só esse fato já explica o quão lindo é tê-lo na estante. O formato tem tudo a ver com o nome, e depois tu percebe que tem tudo a ver com o conteúdo também.
Há menos humor, mas há também menos pudor, se isso lhes conforma. Aliás, minto. Não há pudor nenhum. Quem lê O Vampiro antes de ler o Auto jamais acreditaria que aquele carismático rapaz que há pouco tempo comandava o Radar na TVE fosse dono de tais palavras. E não culpo quem não acreditar nisso mesmo depois de ter lido o Auto.
Sei que há muito tempo já fui contaminada pela sedução dos contos & causos de Leo Felipe e jamais serei curada disso. Não consigo mais não enxergar genialidade em tudo o que ele faz.

Nenhum comentário: