quarta-feira, 24 de agosto de 2011

de mim pra mim mesma

Esses dias eu tive mais um surto psicótico. Calculo que tenha sido o 24º desde que me matriculei em Jornalismo, há pouco mais de quatro anos. Eles ocorrem por razões que vão desde um não na cara após subir de joelhos o morro do Cristo Luz em busca de um estágio, até por ter que acordar às seis da madrugada de um sábado frio e chuvoso para ter aula de antropologia. Por ser constantemente enrolada por fontes que não querem perder seu tempo comigo enquanto um prazo brilha piscante toda vez que fecho meus olhos. E a clássica: porque meus textos são ruins. Ou porque as pessoas insinuam que eles são. Ou  porque parece que insinuam que são. Sei lá. Enfim, isso tudo é para dizer que vou escrever uma carta para o meu eu do futuro. Uma carta não, um e-mail. Vou deixar lá no meu gmail com o "mim" no remetente e uma estrela amarela, com a promessa de só abri-lo daqui a no mínimo dois anos. Nele constará todo drama da minha vida universitária.
E aí é que nós vamos ver. Ou vou estar abrindo logo após ter dado uma passadinha no Senai para fazer a inscrição no curso gratuito de manicure, prorrompendo em lágrimas e lamentando não ter trancado a faculdade já nos primeiros sintomas de que algo estava errado, ou... bem, ou não. Mas essas são cenas para um próximo capítulo.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

ansiosa

Fazia tempo que eu não participava dessas entrevistas de emprego/estágio em que você precisa sentar em frente à mocinha do RH e começar a contar mentiras sobre sua personalidade, sobre o seu terrível defeito que é o tal perfeccionismo, esse monstro que assola todos os candidatos à vagas de emprego mundo a fora. Eu não lembrava mais o tipo exato de mentiras que a gente tinha que dizer sobre a gente mesmo, então resolvi falar a verdade. Eu disse para a assustada moça do RH que sou louca. O lance é que eu realmente empaquei na hora de dizer minhas duas qualidades e resolvi partir logo para o defeito. Só precisava dizer um, então tive que escolher.
- Sou um pouco preocupada - eu disse
- Como assim?
- Sou preocupada demais com as coisas, fico nervosa, aflita, acho que não vai dar certo, quero arrancar meus cabelos...
Fui falando até perceber a cara de pânico da pobre senhora loura de cabelos cacheados e tentei finalizar em grande estilo:
- Mas isso faz com que eu raramente não consiga resolver os problemas
Claro que não adiantou muito, ao menos era o que dizia a cara desprovida de qualquer expressão da mulher em minha frente.
- Hmmm. Mas se eu escrever isso aqui no formulário vai acabar te prejudicando. Vou colocar ansiosa. - disse ela por fim.

Isso, ansiosa tá ótimo.