sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

em 2012 eu quero frios na barriga

Nessa mesma hora, há exatamente um ano, eu terminava de arrumar as minhas coisas, uma malinha azul de lona com roupas suficientes para duas noites fora de casa. O convite para passar a virada de ano na ilha tinha sido feito há uma semana e aceito há uns 4 ou 5 dias, após eu convencer minha mãe da certeza de que o cara que eu conhecia há um mês pela internet não era um psicopata.
O ônibus já estava mais de meia hora atrasado, substituindo minha usual ansiedade por um nervosismo daqueles de que dão vontade de se atirar no chão e arrancar cabelos e unhas. Fui no guichê da empresa e tocaram minha passagem por um ônibus que era para ter passado ali há quase duas horas, mas que estava chegando dentro de poucos minutos. E lá fui eu, já com os batimentos contidos, coração dentro do peito.
A euforia voltou uma hora e meia depois, quando atravessei a ponte Pedro Ivo Campos e vi a Hercílio Luz, linda e iluminada daquele jeito que sempre emociona quem entra na ilha. No táxi da rodoviária até casa do rapaz que iria me hospedar naquela noite, e também na próxima, deu tempo de levar um pito do motorista pelo trajeto curto que eu estava o obrigando a fazer. Mas na porta do prédio, com a malinha azul pendurada no braço direito, o coração ameaçou sair correndo outra vez: finalmente vi ele. 
Eu já tinha avisado que era um pouco tímida, mas queria me esforçar pra pelo menos parecer agradável. Do abraço forte dado ainda na portaria até a chegada do elevador ao 10º andar, já tinha dado tempo pra eu perceber que aquele homem sorridente do meu lado era a coisa mais incrível que tinha acontecido comigo naquele ano que estava em seus momentos finais.
No apartamento minúsculo, ele serviu cervejas bonitas em dois copos. Tinham sido compradas especialmente para a ocasião e talvez tenham sido indispensáveis para as nossas bocas se tocarem pela primeira vez, já no dia 31, de acordo com o relógio. Depois do beijo, o plano de sair para a noite florianopolitana, acertado há dias, foi deixado de lado. Preferimos usar a noite para começar uma paixão que em algumas horas completa um ano.
A continuação da história está espalhada logo ali naquele arquivo, entre janeiro e dezembro de 2011.
É curioso que quanto melhor é o meu ano, menos intenção eu tenho de pedir que o próximo me traga coisas boas. Eu só queria que 2012 fosse tão cheio de frios na barriga, de novidades, de amor, de aprendizado e de sorrisos ao acordar quanto foi 2011. Não deve ser assim tão difícil.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

os melhores discos de 2011

Esse ano eu fiquei com preguiça e resolvi fazer apenas uma dessas listinhas que não levam ninguém a lugar nenhum: os 10 melhores álbuns de 2011. Abaixo você vai encontrar uma compilação do que teve de mais pop nas listas da NME, Rolling Stone, Rock'n'Beats & congêneres. Isso porque neste ano que se encerra eu não tive o menor saco pra hipsterices excessivas.

1 - The Black Keys - El Camino
2 - Foster the People - Torches
3 - Yuck - Yuck
4 - Cold War Kids - Mine is Yours
5 - Noel Gallagher's High Flying Birds
6 - Miles Kane - Colour of the trap
7 - The Vaccines - What Did You Expect From the Vaccines?
8 - Beady Eye - Different Gear, Still Speeding
9 - Noah and the Whale - Last Night on Earth
10 - White Lies - Ritual

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

o amor nos tempos de facebook

Em um passado nem tão remoto assim eu costumava ser uma pessoa ciumenta. Uma namorada ciumenta, mais precisamente. Do tipinho pedante que cria caso por qualquer besteira quando quer sarna para se coçar. Pois bem, o mundo muda, as coisas mudam e as pessoas também. Certa fase da vida me fez mudar drasticamente essa postura e transformou-me em um ser bastante racional. Percebi que aquele jeito agressivo tinha mais a ver com falta de sinceridade do que com ciúme propriamente dito. Desde então a coisa passou a ser mais ou menos assim:

 - Querida, hoje eu vou sair com fulana de tal, aquela amiga, sabe? Aquela que já comi por todos os orifícios prováveis e improváveis, que até já sonhei com uma vida inteira junto. Pois é, vamos ali tomar uma cerveja. Beijo.

Mas nem é esse o ponto em questão. O nariz de cera acima serve apenas para ilustrar o momento em que minha mente saudável se encontra. Pois bem. Nessa condição passei a observar a comportamento das moças cara-de-pau em relação ao homem que no sentido afetivo-amoroso da palavra possui dona. Ah, sim, passei a observá-las no ambiente virtual. Facebookiano, para ser mais exata. Nessa observação cheguei à conclusão de que são vários os tipos de vadias que dão em cima do seu namorado. Descobri com exatidão pelo menos dois deles:

1- O tipo cara-de-pau que sabe perfeitamente que está sendo cara de pau, mas nem liga para isso. Esse tipo é aquele que deixa comentários clichês com variações de "Oun, dois gatinhos!" quando seu namorado publica uma foto dele com seu bigodudo animal de estimação. Esse tipo não liga se está sendo inconveniente, não liga se no perfil do moço está claro que ele está em um relacionamento sério com sicrana, se ele tem uma foto com sicrana no avatar ou até mesmo se ao lado de seu sobrenome há a frase "amo & pertenço à sicrana".

2- O tipo cara-de-pau que não percebe que está sendo exagerada ao curtir a 23ª publicação seguida do moço no Facebook. Ela não percebe que pode soar estranho aquele monte de links postados no perfil de seu homem demonstrando que ele foi lembrado com carinho em todos aqueles momentos. Pode ser que haja nesse tipo de cara-de-pau um pouco de ingenuidade. Pode ser.

Claro que nem mesmo naquele tal passado-nem-tão-remoto eu faria algum tipo de barraco virtual, uma vez que classe é algo que sempre possuí. Mas em momento de atual racionalidade, tão mencionado por aqui, eu visto minha capa de maturidade e faço o quê? Discuto a respeito de como tem mulher cara-de-pau neste mundo. Mas é mesmo o fim da picada...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

eu sozinho

Eu adoro redescobrir a brilhância de certos discos. Hoje acordei, abri meu iTunes e, sem muito critério, coloquei o Bloco pra tocar. Eu ouço Los Hermanos mais ou menos semestralmente, e olhe lá. Pra mim o Bloco é um desses discos que podem ser redescobertos milhares de vezes, tudo vai depender do teu estado de espírito cada vez colocar ele pra tocar. Sempre que eu ouço ele faz sentido, mas sempre um sentindo diferente. Hoje alguns versos inteiros certamente vão ficar ressoando na minha cabeça...

Eu sei, que na verdade eu não consigo entender o nosso amor
Que o teu silêncio fala alto no meu peito
E que nós dois, estamos juntos na distância
Discrepância do destino