sábado, 29 de dezembro de 2012

ctrl c

Lembro de eu deitada na cama daquele apartamento tosco no primeiro dia de 2012 pensando, caralhos, esse ano vai ser de foder. Mas logo fiquei animadinha, sem admitir o fato. 
Já de cara, nas finaleiras de janeiro, fui pra Porto Alegre resolver meu TCC, aquele que era pra ser um livro incrível sobre o TNT e Os Cascavelletes, que eu publicaria e ganharia fama e glamour. O livro - ou o que podemos chamar disso em termos de TCC - até que deu certo, daí ele saiu correndo, se jogou dentro de uma gaveta de onde não mais saiu. 
Eu passei os primeiros seis meses do ano com olhos vidrados no calendário, contando os dias pra chegar o fim do martírio, aquele combo cruel faculdade + estágio que me matava pouco a pouco. Porque óbvio que quando aquilo acabasse o mundo seria perfeito, Florianópolis, pessoas se abraçando, aroma de jasmim, emprego maravilhoso e bolso recheado. Uma efêmera ilusão. Aliás, em Florianópolis, onde não preciso mais comer feijão, eu realmente estou.
Pelo menos um ctrl c resolverá meu problema com a lista de resoluções para 2013.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

motivos para levantar da cama

Sapato novo, chocolate, Porto Alegre, livros do Nick Hornby, dormir ouvindo a chuva, edredom nos dias frios,  coca-cola bem gelada, filmes do Woody Allen, Balneário Camboriú, roupas novas, cerveja na sombra de frente pro mar, viagens, mudar o cabelo, ouvir Black Keys deitada no sofá, velhos amigos, suco de morango, sorvete de uva, torrada com café, estradas, óculos de sol, sapato sem salto, fotografias, esmalte nas unhas, pizza, conhecer gente nova, voltar pra casa no fim da tarde, manhãs nubladas, luzinhas de natal, cinema no fim de semana, jornal de domingo, fim de ano, ouvir o Beacon do Two Door Cinema Club no último volume, enxergar a ponte Hercílio Luz da BR 101, dormir até tarde, assistir Quase Famosos pela enésima vez, o Grêmio ganhando, camarão, doces com morango e chocolate, banho de mar, livros na estante, quadros nas paredes, emagrecer.


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

terça-feira, 27 de novembro de 2012

chique que nem o teu

Uma vez, na fila do banheiro unissex do Blues Velvet, um rapaz perguntou meu nome, e, ao obter a resposta, recitou uma frase de Romeu e Julieta com uma garrafa na mão. Achei simpático, porque por incrível que pareça poucos fazem essa óbvia analogia ao meu nome. Sempre preferem perguntar se é Lewis, Binoche.
Ou um pouco pior.
Essa foi apenas a introdução da história que venho lhes contar.
Precisava ir a uma mostra de decoração fazer algumas fotos para enviar à imprensa com urgência no dia seguinte e por causa de uma chuvinha irritante que caía enquanto eu ia a pé, acabei pegando um táxi no meio do caminho. Expliquei ao motorista onde ia, ele achou interessante, perguntou se eu trabalhava com moda, disse que era apenas uma ordinary jornalista, continuamos a conversar sobre jornalismo e sobre as pessoas abastadas que frequentavam a tal mostra, até que o rapaz estacionou em frente ao local e... tudo fechado, luzes apagadas. Fiquei ali dentro olhando através do vidro cheio de pingos e pensando no que fazer. Disse pra ele esperar um segundinho, fui até o portão, uma olhadinha mais profunda. Nada. Pedi então que me levasse de volta ao ponto de onde havíamos partido.
No caminho, achei de bom tom ligar para o trabalho e avisar que não tinha dado certo o lance das fotos, entretanto, como não poderia deixar de ser, estava sem créditos no celular. O taxista, consternado com minha situação, me ofereceu o dele. Aceitei, meio a contragosto.
- Alô? João? É a Juliete, negócio é o seguinte - expliquei o ocorrido, desliguei o celular e devolvi ao rapaz, que prontamente elogiou meu nome, dizendo que era chique.

- Tem até uma linha de óculos da Oakley...


Tem, tem uma linha de óculos da Oakley. E ele sabe disso porque conhece esta fabulosa canção de Backdi e Bio G3:


Tá de Juliet, Romeu 2 e double shox,18k no pescoço de
Eckö e nike shox ;
Vale mais de um barão, esse é o bonde da oakley.
Porra, nóis só porta Oakley
Hey hey hey hey
É o bonde da juju, é o bonde da juju, porque água de
Bandido é uísque e red bull

Feito o elogio, chegamos no destino final - ou inicial, uma vez que ali foi o começo e não houve efetivamente destino.

- Se precisar fazer corrida longa me liga que eu faço desconto. Anota aí, é Phelipe, com ph. Chique que nem o teu.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

brilho eterno

Tenho mais saudade de lugares ou de situações do que de pessoas. Não lembro da última vez que pensei em alguém com aquela sensação de uma mão grande e gorda estar esmagando meu coração, e olha que nessas andanças da vida muita gente ficou pra trás. Contudo, basta uma música que eu ouvia muito em 2005 começar a tocar para eu retornar ao meu eu-adolescente de cabelos vermelhos pulando no sofá xadrez da casa da Camila, em Santa Rosa, com nossos novos amigos descolados. Ou debaixo daquela barraca verde, onde tínhamos vizinhos peculiares que ouviam músicas igualmente peculiares, nos fazendo rir até sair lágrimas. Esses dias tocou Cpm 22 na televisão e quase precisei de paramédicos para conter a emoção que eclodia de minhas entranhas.
Às vezes basta o céu e a temperatura da tarde de domingo estarem semelhantes aos daqueles dias em que sentar no banquinho da praia era o melhor a se fazer, e lá se vai minha cabeça novamente. Já peguei a maldita alguma vez descendo a rua Santo Antônio em direção à Osvaldo Aranha e já coloquei Albert Hammond Jr. pra tocar só pra sentir de novo o mesmo daquela manhã em que ouvi pela primeira vez, no carro.
Eu até já sei que vou sentir saudade daquilo estou prestes a fazer, como quando andei pela primeira vez na Redenção. E sei que quando eu não puder mais passar com frequência por aquele trecho da BR 101 margeado pelo mar, isso vai me fazer sofrer um bocado. Esses dias ouvi Phoenix na nite e deu saudade de quando eu pegava ônibus pra Floripa na sexta-feira depois do trabalho. Mas um dia quando eu ouvir Phoenix outra vez, vou lembrar com saudade de nites como aquela.

domingo, 28 de outubro de 2012

tu curte Pink Floyd?

Taí uma pergunta complicada. Seria impraticável respondê-la com uma palavrinha de três letras. Se eu disser que não, além de ser uma meia verdade, posso ser encaixada no grupo de seres humanos dotados de certa ignorância musical. Porém, contudo, entretanto, se eu disser que sim, além de estar distorcendo um pouco os fatos, corro o risco de ser confundida com um daqueles gordinhos que jogam Counter Strike vestindo camiseta desbotada do The Wall. O procedimento, portanto, é um pouco mais complexo. Eu gosto do Pink Floyd com Syd Barrett. O único disco que ouço e aprecio da banda supracitada é o The piper at the gates of dawn, que nada a ver com o que veio em seguida. Muitos fãs de Pink Floyd acham ridículo ou sequer conhecem muito bem o álbum, por outro lado, há também alguns parcos que, como eu, gostam apenas daquela fase. Situações que em nada facilitam meu pequeno drama musical-psicodélico.

sábado, 13 de outubro de 2012

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

eu provavelmente não vou criar nada muito grandioso

Há uma estranha obsessão em umas lições de autoajuda que eu vejo por aí. É preciso criar algo, elas dizem. Pichações em portas de ferro, imagens bonitas desenvolvidas por designers para serem espalhadas pelos tumblrs, pelo facebook, pelo mundo. As mensagens estão em tudo quanto é lugar e dizem que você precisa fazer alguma coisa. De preferência algo que só você saiba. Algo pra deixar sua marca no mundo, para ser vinculado à você. Não basta nascer, crescer, estudar, arrumar um bom emprego, ler bons livros, assistir bons filmes, não incomodar os outros, ter um cabelo brilhante e ser um boêmio aos sábados. Você precisa fazer algo grandioso para os outros verem, inventar alguma coisa. Porque se você optar por apenas viver a sua vida agradável sossegado no seu canto, então você provavelmente é um zero à esquerda.
Não sei por que isso me incomoda.

Talvez porque assim como a maioria dos habitantes deste universo, não sou artista e tampouco tenho grande criatividade. Não tenho dinheiro sobrando para arriscar o talento que não possuo com óleo em tela ou comprando uma câmera fotográfica das boas - e é possível que nem mesmo uma das ruins - e ir pra rua fazer bonitos registros do velho centro da cidade. Tentei aprender a tocar violão e depois de alguns meses percebi que não tinha nascido para aquilo. Não sei desenhar nem uma nuvem. Não sei cantar nada que possa ser ouvido por alguém que esteja do lado de fora do banheiro. Sei escrever o suficiente para ser jornalista, não para ser Camões. Logo, é possível que eu morra sem ter criado nada extraordinário.

domingo, 30 de setembro de 2012

come together, join the party

Bastaria que eu tivesse aberto o verbete de Come Together na wikipedia para descobrir isso, mas como nunca me ocorreu, descobri lendo Flashbacks mesmo, aquela intrépida autobiografia de Timothy Leary. 
John Lennon compôs Come Together depois que Leary foi falar com ele a respeito de sua candidatura ao governo da Califórnia, em 1969. Ele disputaria a vaga nas eleições do ano seguinte com Ronald Reagan pelo inacreditável Partido Psicodélico da Califórnia e sua campanha já tinha até slogan: Come together, join the party. Como Lennon já estava por perto na ocasião, não custava pedir ao amigo beatle para criar o jingle da campanha, algo que tivesse a ver com liberdade, com o trabalho de Leary em relação às drogas psicodélicas e que obviamente casasse com seu slogan. Então nasceu a música. O escritor, que já estava ferrado na justiça há algum tempo por causa de confusões com substâncias ilícitas, foi preso em seguida e acabou não concorrendo às eleições. 
Na cadeia, teve a chance de ouvir o disco novo dos Beatles, o Abbey Road, e para sua surpresa, Lennon havia dado uma nova cara ao antigo jingle e transformado em uma canção dos Beatles. Leary não gostou nada daquilo, considerava Come Together uma música sua, já até tinha tocado em algumas rádios alternativas como jingle da campanha. Depois disso, Leary passou longos anos fugindo da cadeia, escondido em vários países e novamente na cadeia, e, ao que se sabe, a história da música ficou por isso mesmo.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

os tantos feminismos

Quando eu tinha 16 anos, conheci uma moça que se dizia feminista. Ela tinha a minha idade, não era bonita do jeito que as pessoas costumam julgar, falava sem parar, lia muito, ouvia bandas de hardcore feministas, fazia fanzines, tinha uma certa aspiração ao veganismo e tinha ficado com pouquíssimos caras na vida. Ela atribuía isso ao fato de ser feminista. Uma riot grrrl, como dizíamos em 2006. E eu gostava daquilo. Quer dizer, gostava daquilo nela. Admirava, mas não era adepta de quase nada do que ela vivia e acreditava. Eu não pensava muito em feminismo, apenas gostava de rock, de livros e me vestia de um jeito parecido, por isso um dia decidimos que poderíamos tentar ser amigas. 
Lembro que ela ficava o tempo todo pregando o feminismo daquele jeito que conheci. Ela não se vestia para os homens, não saía por aí mostrando o corpo, afinal, era uma mulher, não um objeto para ser admirado e tocado pelo público, gostava de ser reservada e não tinha grandes vaidades. Também não era lésbica, mas preferia passar a noite de sábado ouvindo uma fita k7 enviada pelo correio por uma amiga do norte do país que ela não conhecia pessoalmente a ficar de amasso com algum rapaz de gel no cabelo em baladinha por aí. Perdemos o contato naquele mesmo ano, mas sei que ela continua igualzinha. Desde então, não conheci mais nenhuma feminista fervorosa, e quando me dei conta, aquele conceito que conheci parecia estar ficando muito diferente.
Até hoje não sei se há uma espécie de vertente daquele feminismo, ou se ele sofreu algum tipo de evolução. Sei que de repente passei a ver mulheres adeptas das saias curtas e justas combinadas com decotes e transparências dizendo que são feministas, sim, ora bolas. Afinal, se vestem como bem entendem e estão pouco se fodendo para o que os outros pensam. Elas também fazem sexo com quantos e com quem quiserem em uma única noite porque o corpo é delas e elas fazem o que bem entenderem com ele, não vai ser um babaca que vai julgá-las. 
A primeira impressão é de que não faz sentido nenhum. A segunda é de que faz, e muito. No fim das contas o que todas elas querem  - das riot grrrls às moças de minissaia - é combater exatamente a mesma coisa.

domingo, 16 de setembro de 2012

realizando nostalgias

Esse post é um oferecimento da MTV, que ficou o sábado todo fazendo "Top coisas relacionadas a todos os VMBs da história". Minha infância e minha pré-adolescência vieram juntinhas, de mãos dadas, bater na minha porta, direto de Santa Rosa para o meu novo lar florianopolitano. O resultado disso foi que resolvi chafurdar no meu passado musical e trouxe pra cá algumas músicas (em sua maioria ruins) que eu adorava entre 1998 e 2001. Chore comigo:

Penélope - Namorinho de portão


O Surto - A cera


Cogumelo Plutão - Esperando na janela


Rumbora - Mapa da mina


Tianastácia - Cabrobró


Cpm 22 - Tarde de outubro

sábado, 8 de setembro de 2012

tá tudo bem

Há dois anos eu tinha acabado de voltar de uma viagem que fiz com o objetivo de mudar o rumo da vida chata que eu vinha levando. Fui visitar um amigo e prometi a ele que assim que voltasse pra casa eu faria o que estava ensaiando há meses. Sou dessas que cumprem promessas. Embora eu não tivesse muita coragem de concretizar meus planos, tampouco teria coragem de não cumprir o que prometi. Daí fui lá e fiz. Desde então, nada mais ficou igual por muito tempo.
É uma das últimas lembranças que tenho de um momento em que eu era um outro eu. Naquele tempo jamais imaginei que hoje eu estaria onde estou, vivendo como estou, sabendo das coisas que sei, apesar de ainda chorar pelos mesmos motivos. Hoje eu sei que está tudo bem porque estou quase terminando de ler o Flashbacks, do Timothy Leary, e não me deu vontade de comprar uma passagem só de ida pra lugar nenhum. Eu sei que está tudo bem porque eu não quero me livrar de nada. Só quero ir atrás do que falta. 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

"morre um liberal, mas não morre a liberdade"

Dia desses deitei no sofá e li em alguns minutos um livrinho vermelho bem bonitinho que peguei na estante do Upiara. O livrinho, chamado Liberdade de Imprensa, traz um artigo que Líbero Badaró escreveu em 1929, um ano antes de ser assassinado, mais uma nota da editora Migalhas e uma apresentação de Manuel Alceu Affonso Vieira. Eu nunca tinha ouvido falar nesse artigo até o Upiara comentar comigo que foi presenteado com o tal livro. E algo nisso me intrigou desde que abri e li as primeiras palavras. Eu terminei a faculdade de jornalismo há pouco mais de um mês, passei cinco longos anos nela e jamais fui apresentada ao livrinho ou simplesmente ao artigo de Líbero Badaró.
Talvez meus professores estivessem muito ocupados fazendo cópias de textos da Marilena Chauí para entregar no fim da aula. Ou pode ser que a luta incansável a favor da obrigatoriedade diploma é que tenha tomado muito do tempo e das faculdades mentais do corpo docente...

sábado, 18 de agosto de 2012

A decadência pode até ter levado algo de satisfatório para Bukowski ou Fitzgerald. Mas não pra mim, não sei o que fazer com ela. Não sei fazer ela parecer tragicômica, só trágica, sem qualquer possibilidade de glamour. Sem rum, sem boteco, sem máquina de escrever no cantinho da sala escura. Só eu e a falta do que preciso.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Hunter S. Thompson chora

Assisti o Diário de um Jornalista Bêbado com relativo atraso porque queria ler o livro antes e ainda não o tinha em mãos. Depois de quase duas horas de um sofrimento de nível moderado achei que o filme valeu muito a pena por uma única razão: não fosse ele, eu teria postergado ainda mais a incrível leitura a que o filme foi vagamente baseado. Contém spoilers.
O que Bruce Robinson fez com a história de Hunter Thompson deveria configurar delito grave. Como raios alguém que tenha lido Rum pode achar que tudo bem fundir Hal Sanderson e Fritz Yeamon em um mesmo personagem? Já disse Upiara enquanto assistíamos chocados ao momento em que Sanderson nos era apresentado como namorado de Chanoult: sem Yeamon não tem história. Eu fiquei impaciente esperando pela cena do carnaval, e quando ela chegou, é claro que sem o Yeamon no meio daquilo tudo não tinha como funcionar bem.
E nem se trata apenas disso, mas o diretor pegou a proposta do livro, amassou e jogou no lixo. Transformou Paul Kemp em um bobalhão apaixonado, um cara preocupado com o destino do jornal decadente onde trabalhava em Porto Rico, por alguma razão achou que rinhas de galo fariam sentido e criou uma coisa completamente alheia a história original.



quarta-feira, 8 de agosto de 2012

não consigo abandonar James Brown

Eu tenho algo que classifico como um sintoma leve de transtorno obsessivo compulsivo. Eu não consigo abandonar livros pela metade. Não importa o quanto ele esteja me desagradando, não importa o quão desinteressante ela seja, eu sigo firme e forte até a última página. 
Uma vez perguntei para um ex-professor da faculdade, doutor em literatura, se ele abandonava livros que não estava gostando de ler. Ele disse que jamais. Ele era um cara que sabia de cor as primeiras frases de seus livros favoritos e que certamente conseguia encontrar algo interessante no meio da mais desinteressante leitura, e é o que eu tento fazer. Ainda não obtive muito sucesso, mas, em todo caso, continuo lendo tudo até o final.
Há algumas semanas tenho patinado no livro que meu ex-chefe me deu no último dia do estágio: O dia em que James Brown salvou a pátria, de James Sullivan. Eu acho o autor interessante e acho que o assunto pode ser interessante para alguém, para o meu ex-chefe, talvez. Para mim não é tanto assim, mas é claro que não consigo abandoná-lo. Pode-se dizer que se trata de uma biografia de James Brown, mas parte do princípio de um show que Brown fez no dia seguinte ao assassinato de Martin Luther King. Apesar de eu ter conseguido encontrar coisas interessantes nele, como quando Sullivan deixa Brown um pouco de lado para contextualizar a cultura negra americana, me cansa saber tantos detalhes de alguém que não sou fã. 
Imagine que seja como stalkear sua tia no facebook, ainda que ela não seja um ídolo pop de cabelos impecavelmente alisados.

sábado, 4 de agosto de 2012

tô indo!

Tropical the island breeze / All of nature wild and free / This is where I long to be / La isla bonita


A foto é do bonito

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Fitzgerald também foi rejeitado

Estava aqui feeling blue e ao mesmo tempo dando uma lidinha no site da Time, hábito que adquiri há algumas semanas ao tentar dar uma melhorada no meu inglês para uma prova estúpida, quando me deparei com algo que veio a calhar. Era uma notícia de que a revista The New Yorker havia publicado um conto inédito de F. Scott Fitzgerald. A história foi escrita e enviada para a revista pelo próprio autor em 1936, 11 anos depois de o sensacional O Grande Gatsby ter sido publicado. E foi rejeitada. 
Anos se passaram e nunca se viu o conto Thank you for the light estampando as páginas da publicação. Agora, quase 80 anos depois, os netos de Fitzgerald encontraram a história nos arquivos do avô e então a revista teve outra chance de publicá-la. E dessa vez não rateou.
Mais um desses retratos da vida que é sempre bom a gente saber e lembrar quando um sonoro não ou aquele desalentador vácuo invadir o ambiente. Precisa nem virar a mesa em cima do editor ou da mocinha do RH.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

então é isso, Woody Allen?


O que mais me marcou durante aquela sessão de domingo à noite foram as duas vezes em que cochilei por aproximadamente 30 segundos cada. Não que seja estranho eu dormir no meio de filmes, menos ainda em um do Woody Allen, mas é que isso só acontecia quando eu assistia confortavelmente deitada em uma cama, vestindo meu pijama macio após um dia cansativo. No cinema foi a primeira vez. Quem provocou isso foi o Para Roma com Amor.
Veja bem, eu adoro o Woody Allen, assisti a quase todos os seus filmes e, a não ser que alguma tragédia aconteça nos próximos meses, não morrerei sem terminar de ver toda sua filmografia. Mas também nem é preciso isso tudo para alguém ter condições de dizer que ele é extremamente irritante quando quer e que por isso já me fez dormir em algumas de suas produções (ainda que eu tenha acordado e terminado de assistir todas elas). É normal a gente amar os chatos, irritantes que nos fazem dormir às vezes, então não é um problema.
Particularmente, sempre nutri grande simpatia por seus filmes mais recentes, acho Vicky Cristina Barcelona maravilhoso, Whatever Works é uma graça, Você vai Conhecer o Homem dos seus Sonhos pode até não ser tudo aquilo, mas o velhinho me fez sair do cinema muito satisfeita com Meia Noite em Paris. Daí agora Woody me faz o que? Dormir. No cinema.  
~ Spoilers abaixo até o fim do post.
Para começar, como foi que, olhando para Ellen Page, o velhinho achou que ela era linda, maravilhosa e que exalava sexualidade? E depois, sei que a ideia era mostrar Roma para o mundo, mas me diga, o objetivo era apenas esse, senhor Woody Allen? Porque se fosse só isso, o filme poderia ser simplesmente aquele seu personagem de sempre andando pelas ruelas, pelo Coliseu, enquanto conversa diretamente conosco ali sentados.
Mas o que Woody Allen nos traz? Quatro histórias diferentes, pouco desenvolvidas, com elementos de produções já feitas por ele, cuja única ligação é que todas se passam em Roma. Fim. O resultado foi um cochilo na fileira I (o meu cochilo), algum provável cochilo em outra fileira, algumas pessoas rindo de alguma cena desconexa e engraçadinha, algumas pessoas deixando a sala lá pela metade do filme e um grito de "abacaxi!" proferido por um rapaz indignado que também se retirava do recinto. 
Para não dizer que achei um completo desastre, Roma é linda, a fotografia do filme é linda, Jesse Eisenberg é lindo e pensar na possibilidade de seu personagem ser o de Alec Baldwin quando jovem pode ser interessante, a trilha é uma gracinha e Woody sendo seu habitué conseguiu não ficar tão irritante assim.

terça-feira, 24 de julho de 2012

das coisas que a gente aprende

Todo relacionamento ensina alguma coisa. Qualquer coisa. Que cueca boxer é um negócio horroroso ou que é preciso colocar um pouco mais de óleo no macarrão para ele não grudar. Não que você necessariamente vá sair do relacionamento melhor do que entrou, não é isso. Dá pra sair bem pior, dependendo do desenrolar da coisa. Mas fato é que você estará mais esperta para o futuro. Nem que seja com o instinto assassino mais aflorado.
Algumas coisas, confesso, demorei a aprender com antigos relacionamentos, namoros, rolos, lances. Achava que era uma questão pessoal, tipo, "cueca boxer pode ficar horrível nesse cara, mas talvez em outro...".  Só que não. Tem coisa que não. Como caras que tocam em banda. Não se pode ter um relacionamento de mais de 45 minutos com um cara que toca em uma banda. E se neste momento você está pensando que me refiro ao assédio de groupies, vou te dizer que esse é o menor de todos os problemas. Aliás, se realmente rola assédio é porque a coisa não tá assim tão feia.
O seu namorado, ficante, peguete pode até ter uma banda que você julga ser boa. E você até pode julgar ser boa porque realmente acha boa e não apenas porque o cara é, enfim, seu peguete. Você pode achar o que quiser. Mas não pode obrigar os outros a acharem mesmo que você. Ah, não pode. Você vai ter que ouvir, de todas as direções, pessoas dizendo o quanto a banda do seu amor é ruim. E vai ficar com pena daquelas que tentam de todo jeito não demonstrar o quanto acham ruim.
Comecei pelo ponto mais ameno. Ainda existe a possibilidade de nem você achar a banda do seu namorado muito boa. Você até tem alguma esperança de futuro, eles talvez ainda não tenham demonstrado todo o seu potencial, mas quando seu affair abre a boca pra cantar com aquela voz esganiçada, seu único desejo é que se materialize um alçapão sob seus pés. Você não sabe se deve mentir que aquele cover de Stooges ficou maravilhoso, igualzinho ao original, para não deixar o rapaz triste e cabisbaixo, ou se diz logo que está tudo uma bosta pra poupar você, ele e o restante da banda de um belo vexame.
Talvez os meus sentimentos nunca tenham sido intensos o bastante para tamanha incomodação, vai saber, dizem que o amor supera tudo. Mas, em todo caso, hoje o meu  negócio é: keep calm and saia com advogados, arquitetos ou até mesmo com jornalistas. Deixe os músicos para quando você exagerar no mojito, certificando-se, é claro, que aquilo acabe antes mesmo de começar a ressaca.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

eu não quero morar em São Paulo

Eu tenho um punhado de bons motivos para não querer morar em São Paulo, sonho de boa parte dos jornalistas recém saídos de universidades pelo interior do Brasil. Tenho um punhado de motivos, mas aqui e agora tratarei de um em particular, que me ocorreu recentemente.
Há algumas semanas, lendo um blog desses que tem umas coisas legais, outras nem tanto e no fim das contas você não sabe ao certo por que lê, vi que a blogueira fazia uma espécie de tour por hamburguerias da capital paulista. No post em questão, ela havia ido a uma simpática casa de hamburguers com decoração anos 50/60, semelhante ao Ooby Dooby aqui de Balneário Camboriú. Depois de degustar o lanche do estabelecimento, ela colocou no post as escolhas que fez, a nota para cada item e o preço. Vamos a eles.
Coke Flavours Lemon – R$7,50
Batata do Zé (fritas com corte artesanal, cheddar,queijo prato e bacon) – R$28,50
Hamburguer de fraldinha no sal grosso + cheddar + bacon – R$15,00 + R$4,20 + R$4,20
Shake Doce de Leite – R$21,50
Waffle
– R$15,70
Eu não sei, mas deve existir alguma boa razão para uma porção de fritas custar R$ 28,50. Talvez o corte artesanal. E que tal o milkshake de R$ 21,50? 
A blogueira, após saborear um lanchinho com sobremesa em um dia qualquer de sua vida, saiu de lá 96 reais mais pobre. E não viu problema nenhum nisso, o que me leva a crer que é um valor absolutamente normal a se pagar por um lanche na cidade. Pelas fotografias ficava claro que não era um lugar fino. Pareceu-me, aliás, um lugar que eu entraria se passasse na frente. E que certamente me retiraria após ver o cardápio. 
Eis mais um bom tópico a ser acrescentado à lista de motivos pelos quais eu não quero morar em São Paulo.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

um lixo diferente

Não, não vai ficar tudo bem. Por que tudo tem que ficar sempre bem depois que você finalmente acaba com seu joguinho e decide me ligar para fazer com que as coisas fiquem bem? Pois elas não vão ficar e eu posso até fingir, posso fingir muito melhor do que você, inclusive. O que, convenhamos, não é nada difícil. Você pode ser bom em muitas coisas, é verdade, mas você é um péssimo mentiroso. Seria risível se o resultado dessas mentiras todas não fosse uma punhalada que elimina qualquer expressão de meu rosto. Mas não é curioso que depois de praticar tanto você ainda seja tão ruim nisso?
Não adianta tentar relevar algumas atitudes suas para tentar ser bacana, não adianta compensar meus deslizes temperamentais com gentilezas, não adianta eu tentar dar o meu melhor, tentar ser a melhor, não adianta nada disso, porque você está vendo agora o que eu ganho em troca, não está? E dessa vez o show nem foi completo. Culpa minha que fui dar uma de resignada e magoada ao invés de colocar tudo para fora de uma vez. Se eu tivesse feito isso, o seu espetáculo poderia ter sido mais uma vez bem-sucedido. Você se encarregaria de cada detalhe para fazer com que eu me sinta um lixo, com que eu pense que você está é fazendo um favor para mim durante esse tempo todo e que se eu não me comportar direitinho, você para de me fazer o favor. Não é assim? E isso tudo realmente acontece, seus objetivos são todos alcançados, porque eu sou uma excelente idiota. É o meu maior talento. Eu me afogo em lágrimas e penso que a culpa é toda minha. Penso que sou a pior pessoa do mundo e que deveria ser mantida em cativeiro para não conviver com pessoas tão boas e perfeitas como você. 
Dessa vez eu não deixei você completar o seu show. Você deve ter sentindo falta, não? Deve ser estranho não me deixar no ponto ideal para me crucificar mais tarde. Agora você não tem como fazer eu me sentir um lixo. Eu já estou me sentindo um, mas dessa vez é diferente. O mérito também é seu, claro. Mas é um outro tipo de lixo.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

gol contra

As pessoas vivem insistindo nesse negócio de que a gente não pode desistir dos nossos objetivos, por mais difíceis que eles sejam blablablá, e aí é claro que no final isso vai dar merda. 
Da quinta série até a sétima eu resolvi que gostava de jogar futebol, e, não satisfeita, também resolvi que queria jogar no time do colégio. Como você leitor já deve ter constatado, eu não jogava porcaria nenhuma. Eu era mesmo muito ruim, mas não havia nenhuma outra menina tão disposta quanto eu a ocupar a vaga de fixa no time das inter-séries do ano 2000, então lá fui eu. Passadas as inter-séries, quem poderia segurar a gordinha? Logo estava no banco de reservas de amistosos entre colégios, chegando até a entrar e jogar por alguns minutos. Naquelas de ir em busca dos meus objetivos, que era de um dia me tornar uma boa jogadora, na sétima série eu fiz um gol contra em um campeonato inter-escolar.
Lembrando disso hoje, eu até me surpreendo por ter demorado tanto para marcar o gol contra, afinal, eu era bisonhamente ruim e minha posição era muito próxima da goleira do meu time. Não havia perigo nenhum de aquilo dar certo. O que importa é que depois desse dia eu desisti do futebol para o todo o sempre. Não fosse esse treco motivador de "não desista dos seus sonhos", eu teria poupado minha tez desse vexame.
Hoje, mais de 10 anos depois, entrei numa onda semelhante. Eu estou com a ideia fixa de que um dia vou fazer doces maravilhosos. Há algumas semanas esmaguei um bolo com as mãos e joguei fora antes que qualquer outro ser humano visse aquela tragédia abatumada com cor de dejeto bovino. O mesmo infelizmente não pôde ser feito com o quindão que cometi dias depois, pois toda a família estava ansiosa esperando o resultado daquela receita que levou milhares de ovos e quilos de açúcar e coco ralado. O resultado foi apenas a coisa mais feia e menos parecida com um quindão que já vi em toda minha vida. 
Quem sabe tenha sido o gol contra da minha vibe doceira. Torçamos.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

fim do capítulo

Após uma noite de pesadelos em que os avaliadores da banca me amarravam em uma cadeira elétrica com choques ativados a cada equívoco encontrado em meu TCC, sobrevivi ao que posso chamar de: o momento mais tenso da minha vida. Não vou dizer que foi fácil. Não vou dizer que não quis cair desmaiada no chão depois das palavras finais. Não vou mesmo. 
Mas também não vou dizer que existe coisa melhor do que ouvir considerações sobre meu trabalho vindas de uma das minhas maiores referências do jornalismo de Santa Catarina. Melhor que isso, só olhar para a minha pequena plateia e ver que aquela promessa feita há mais de um ano foi realmente cumprida. E que nunca houve motivo para não ser.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

sinal dos tempos

Há um ano e cinco meses meu namorado dorme em minha casa pelo menos um fim de semana por mês. Meus pais nunca reclamaram de nada. Muito menos de sons suspeitos oriundos de meu quarto. Até que nesse último sábado, aconteceu.
Era por volta de meia noite quando minha impaciente mãe berrou lá de fora algo referente ao barulho produzido dentro daquelas quatro paredes.
Estávamos jogando Song Pop.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

autoamor

Eu só queria que fosse honesto, que fosse sincero. Só isso. E eu sei que não é pedir muito, porque se assim fosse, todo o resto não existiria. Dor de cabeça, dor de barriga, gritos estridentes na madrugada, silêncios, questionamentos. Porque no começo você se questiona o porquê de estarem fazendo isso contigo. Mas depois de um tempo, você se questiona de outro jeito. Você quer saber por que está fazendo isso consigo mesmo.
A culpa pode não ser sua em um primeiro momento, mas quando os momentos se tornam recorrentes, você é o grande culpado, e não adianta chorar. Não adianta se trancar no banheiro e deslizar do alto da parede até o chão como se fosse vítima de alguém. Você na verdade é vítima de algo: da sua falta de autoamor. Como se lá fora não houvesse um mundo inteiro, desconhecido e pronto para ser desbravado, cheio de sorrisos que não escondam nem as menores mentiras.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

poderia ter sido um sonho erótico

Nunca mais conseguiu olhar para o rapaz do mesmo jeito, coitada. Era seu sonho de consumo fazer loucuras passando os dedos naqueles cachinhos escuros, mas foi justamente um sonho, desses que a gente tem quando dorme, que mandou tudo para o espaço. 
Eles estavam prestes consumar o fato. No sonho, quero dizer. E, veja bem, ela já tinha uma boa experiência no assunto - na vida real, no sonho eu não sei - e nunca, nunquinha havia se importado com o tamanho. Talvez nunca tivesse se importado com o tamanho porque todos os homens com quem esteve naqueles quase 30 anos de vida tinham acessórios de um tamanho normal. 
Sem saber que aquela cama com lençóis brancos naquele lugar que jamais viu antes estava situada dentro de um sonho, notou que aquilo que o rapaz nu em sua frente ostentava beirava o deboche.  Mas nem foi isso o que causou certos desencontros propositais nas noites por parte dela. Sim, porque ele entrava no bar e ela dava um jeito de sair pela tangente, buscar mais um drink, retocar o batom cor de pêssego, qualquer coisa assim.
No meio de sua onda de curiosidade a respeito do que o pequenino poderia lhe proporcionar, o rapaz de cabelos cacheados saltou da cama dizendo que não estava se sentindo bem. Se ela não conhecia aquele ambiente, tampouco ele parecia saber onde estava. Abriu a porta do quarto, e, com o traseiro levemente peludo voltado para ela, vomitou. Vomitou na parede branca do ambiente que antecedia o quarto. Sem saber como lidar com aquilo, o que falar diante daquela situação desconcertante, foi surpreendida por um barulho ensurdecedor muito próximo de seu ouvido.
Desligou o despertador e foi tomar o café da manhã. Ela precisava de um novo objetivo na vida.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

planos

Quando eu terminar meu tcc eu vou: ler um livro de FICÇÃO, de preferência bem fantasioso. Acho que vou ler Nárnia. Não, também não precisa ser um livro chato além de fantasioso, mas vai ser algo por aí. Não aguento mais a realidade. Chega dessa porra.
Eu também vou renovar os discos do meu iTunes, vou encontrar umas bandas estranhas que tenham harpa, tuba ou xilofone e que cantem em, sei lá, russo ou alemão. Há meses eu ouço as mesmas coisas porque ir atrás de novidades sonoras - ainda que velhas - demanda uma força de vontade que não possuo.
Também vou voltar a assistir vários filmes por semana, porque uma ou duas películas aos sábados ou domingos não são suficientes. A cada filme ruim que assisto no fim de semana ou a cada filme que pego no sono, a perda acaba sendo grande. Proporcionalmente, ao assistir quatro filmes por semana, um deles pode ser ruim. A coisa já não fica tão dramática.
Logo após a minha banca eu vou dormir por no mínimo 12 horas seguidas. Mas antes eu vou beber. Vou beber e ficar gritando pelas ruas que depois de cinco ininterruptos anos indo diariamente de ônibus para Itajaí, depois de três estágios que só foram legais nos três primeiros meses, eu finalmente sou uma jornalista. Uma jornalista desempregada, mas ainda assim uma jornalista. 

Falta menos de dois meses.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

estamos aqui outra vez

Tudo é bom quando é contigo. Do sábado ensolarado em Santo Antônio de Lisboa, aos domingos preguiçosos no sofá, até uma busca cheia de determinação por um pacote de sopa no feriado. Se hoje estivéssemos juntos aí, provavelmente estaria chovendo e alguém em algum lugar, por qualquer motivo, estaria soltando fogos.
O aniversário é teu, mas o desejo mesmo é meu de mostrar o quanto me faz feliz escrever aqui de novo, um ano depois, querendo pra ti as mesmas coisas boas de sempre, com uma intensidade ainda maior. Porque tudo só fica maior.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

vinte e cinco de abril

Já passava das 14h45 quando o Catarinense para Florianópolis deixou a rodoviária de Balneário Camboriú, com surpreendentes 15 minutos de atraso. Dentro dele, eu, minha irmã, mais um dois ou três rapazinhos com camisetas dos Beatles e os usuais passageiros. 
Mas nem foi ali que começou verdadeiramente a minha saga para conseguir ir ao show do Paul McCartney. Há algumas semanas, na sala da casa do Upiara, eu segurava trêmula meu computador para comprar ingressos do primeiro lote pela internet – sem poder gozar de meus benefícios de estudante, por mero desespero de ficar sem o ingresso. Desespero totalmente contundente, levando em consideração que em 2010, quando Paul esteve em Porto Alegre, eu não consegui comprar, o que me rendeu pelo menos dois meses de uma bela amargura. Era o setor mais longe do palco, é verdade. Mas depois daquele aviso de “compra confirmada”, eu não queria saber de mais nada. Eu veria Paul McCartney. Meu primeiro show internacional seria o do músico mais importante do mundo que ainda vive neste plano. 
O ônibus chegou a Florianópolis por volta das 16h30. O tempo cinza e esquisito nos obrigou a dar uma passadinha numa 1,99 para garantirmos capas de chuva por um preço justo. Corremos para a casa do Upiara para tiramos da bolsa tudo o que poderia ser considerado arma branca e voamos para o Ticen, de onde sairiam ônibus direto para a Ressacada. A fila foi rápida e o trajeto do ônibus até lá também. Com R$ 2,70 fomos deixados a poucos metros do nosso portão. 
Quando chegamos na fila para entrar, dava pra ouvir Paul passando o som lá dentro, uma agradável distração para o atraso de mais ou menos uma hora da abertura dos portões. A entrada de toda aquela gente demorou mais do que se podia imaginar, mas antes das 20h já estávamos todos acomodados em um lugar razoavelmente bom para o nosso setor, onde até fomos contemplados com um pedacinho do telhado das cadeiras cobertas. 
O show estava marcado para as 21h30, e com uma pontualidade britânica, Sir Paul MacCartney apareceu no palco impecável, de paletó azul. 
A sensação de ter um Beatle a metros da gente é inexplicável. Não há no mundo palavras que definam. Era difícil não ir às lágrimas com aquele acontecimento apoteótico em cima do palco. Acho que se alguém não tinha se rendido a elas até o show completar 2 horas, os fogos de Live and Let Die se encarregaram disso com certa precisão. 
A apoteose terminou à 00h20, com muita chuva, muita fila, muitos olhos inchados e a aquela sensação... aquela sensação de ter visto um Beatle.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

impressionismo

Era tudo tão nítido, eu já sentia até o cheiro do lugar a que eu pertenceria depois que o percurso do calendário formado por um x seguido de outro finalmente atingisse o círculo em vermelho. Mesmo tropeçando e levando pancadas, eu levantava e o continuava o meu caminho. Cheia de incertezas,  é verdade, mas com uma vontade que superava qualquer hematoma que aqueles tombos deixavam de lembrança. Eu tinha tempo até fazer eles desaparecem da pele, mas sabe quando você machuca duas, três vezes o mesmo lugar?
Então aquilo que era nítido se tornou uma pintura impressionista, ou pior, uma visão com miopia. Não sinto mais nem o cheiro. Talvez em algum momento seja preciso perceber que os tombos nem sempre são apenas obstáculos que supostamente nos fariam mais fortes.Talvez eles sejam um sinal de que o trajeto está errado. Talvez o caminho não seja bem aquele. Talvez fosse bom virar na próxima esquina.

sexta-feira, 23 de março de 2012

La isla bonita

Não era para eu ter me apaixonado. Eu tinha outro amor um pouco mais ao sul e havia prometido que correria para seus braços assim que terminasse a faculdade. Mas, sabe como é a vida... foi sem querer, eu conheci a outra e fui me interessando. Acho que eu estava vendo ela com muita frequência, no mínimo um fim de semana por mês eu estava lá, caminhando por suas ruas, sentindo aquele vento onipresente, me esbaldando em suas noites quase boêmias, me impressionando com as suas belezas, todas elas, as naturais e as artificiais. Depois eu soube que quando mais nova ela era ainda mais bonita. Nas últimas décadas algumas pessoas insistiram em modificar sua silhueta, mas ainda assim ela continua linda, cheia de acessórios, como aquela antiga ponte, que, à noite, quando estou chegando, está sempre toda iluminada.
Como tudo na vida, ela também não é perfeita. Me incomoda um pouco que aquelas lojas e cafés do centro estejam sempre fechados durante o fim de semana, mas entendo que talvez eu tenha ficado mal acostumada. Suas ruas não raramente aparacem mal-cuidadas, sem falar que às vezes ela pode ser bastante violenta. Mas todo mundo tem defeitos. Nada disso é capaz de tirar o seu charme, nem de me faz esquecer o quanto ela me tratou bem desde o começo.
Porto Alegre vai ter que esperar. Parece que meu meu coração está mesmo disposto a me fazer chamar aquela ilha bonita de lar. 
Aliás, hoje é aniversário dela: 286 anos. Uma menina essa Florianópolis.

domingo, 18 de março de 2012

A única saída já não é mais exatamente uma saída. Existem agora duas formas proporcionalmente diferentes de mágoa, irritação e desapontamento. E escolher uma delas para chamar de minha vida não é sequer uma hipótese a se pensar.

quinta-feira, 15 de março de 2012

momento ilustrado

A deliciosa consequência de um dia chuvoso e fresquinho após semanas de calor insuportável:

Com a caneca dos Beatles que o melhor namorado do mundo me presenteou - apenas porque é o melhor do mundo - e a biografia proibidona do Robertão que tem inspirado meu TCC. :)

domingo, 26 de fevereiro de 2012

uma de cada vez

Duas vidas. Duas vidas paralelas e completamente opostas. Com ela era uma. Sem ela, outra. Quando davam adeus era hora de se despir de qualquer resquício daquele mundo esquisito que ele não sabe bem por que resolveu entrar, entretanto não faz menção em deixá-lo para trás. E sequer havia razão pra isso, afinal quem não gostaria de ter duas vidas?
Sem ela havia risos e havia riscos também. Havia sol, mar, areia, havia bebidas, longas tardes que viravam noites e longas noites que viravam manhãs - sempre distantes dos lugares que vivia com ela - regadas a tudo o que ela sempre teve curiosidade de viver enquanto tentava imaginar do conforto de sua cama. 
Com ela não. Com ela era tudo diferente. Ele era outro, agia como outro, vivia como outro. Não tinha nada daquilo, e beirava à confusão quando as duas vidas ameaçavam se misturar, às vezes por acaso e outras vezes por insistência dela. 
E as duas vidas seguiam juntas, uma de cada vez. Não havia espaço para uma vida dentro da outra vida. E vice-versa.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

you know what hope is?

Às vezes não é preciso muito mais que o Ben Folds berrando nos teus ouvidos umas frases escritas pelo Nick Hornby pra tu perceber, com um prato de miojo na mão, que a vida tá uma merda. Que debaixo do pijama velho de sapo tem uns dois quilos a mais de gordura do que deveria ter, que teu cabelo parou de crescer e atingiu um tom ocre, e que é preciso correr pra não perder o mesmo ônibus lotado de todo santo dia nos útlimos quatro anos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

the music never stopped

Já deve fazer um mês que assisti The Music Never Stopped, não sei por que só hoje foi me dar vontade de escrever sobre ele. Aliás, minto. No dia que eu assisti deu vontade, mas acontece que deu preguiça também. E sabe como isso funciona.
Todas as sinopses que li sobre o filme eram uma merda. Essa era uma coisa que eu lembro de querer escrever naquele dia. Minha irmã me passou e ele ficou uns dois meses na pastinha de filmes apenas fazendo volume, sem que eu sentisse a mais remota vontade de assistí-lo. Às vezes eu esquecia do que se trava e ia pro google novamente. "Ah, é o da musicoterapia". Pois é. Essa palavra jamais deveria ter saído dos consultórios de psicologia para a sinopse de um filme legal.
Que tal: Em 1986, rapaz que era rockeiro na década de 60 e havia fugido de casa para virar mendigo é curado de um câncer que o deixou com graves sequelas. Ouvindo canções clássicas do Grateful Dead, Bob Dylan e Beatles, começa a apresentar melhora. Agora me diz, quem é que não vai querer assistir um filme assim, hein?
The Music Never Stopped é tão bom e tão envolvente que eu nem lembrava que há anos eu já não conseguia ouvir mais de três músicas do Bob Dylan seguidas e que Grateful Dead só faz sentido em determinadas circunstâncias, e fui lá renovar as discografias. É tão bom e tão envolvente que me senti incumbida a redimí-lo do desserviço prestado.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

looping

A tarde começou com os meus olhinhos brilhando diante das fotos incríveis do blog D Coração, que é sobre... hum, decoração, e terminou comigo procurando apartamento para alugar em Florianópolis. Eu acho que faz sentido. Ainda mais se a noite começar comigo transcrevendo as entrevistas do meu tcc, porque apenas fazendo o meu tcc decentemente eu posso terminar a faculdade, morar em Florianópolis e ter uma cozinha assim:

Adeus.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

ciceroneando

Só sei que nem era para eu ter estado lá no sábado à noite. Minha missão em Porto Alegre se encerraria horas antes, talvez depois do segundo quindim brilhante da padaria que fica perto do hotel. Mas eu tenho na minha vida alguém responsável por mudar todos os planos, todos os meus metódicos procedimentos, por fazer eu gastar mais do que deveria, beber mais do que deveria, comer mais do que deveria e... oquei, me aventurar tanto quanto eu deveria também.
Assim eu fui parar no Beco, show do Cícero. Eu e ele. Os segundos a chegar, antes de o bar abrir, porque a gente acreditou naquele papinho de "vai começar à meia noite".


Eu conhecia Cícero havia no máximo dois meses, tinha ouvido seu Canções de Apartamento inteiro umas quatro ou cinco vezes e achava aquela bossa-nova-indie uma coisa tão extremamente fofa e menos pretensiosa do que poderia ser. Menos bocejos e mais cabecinhas balançando.
Daí sobe no palco aquele gurizão, cara de jovem incompreendido que decidiu não se rebelar contra o sistema, cara de quem sofreu bullying no colégio, camiseta listrada, garrafinha d'água e um banquinho, misturando You don't know me, música do único disco do Caetano que eu consigo ouvir, com sua própria João e o Pé de Feijão.
Foi tão bom e durou tão pouco quanto o quindim amarelo brilhante. Ele foi embora junto com a impecável  banda de apoio deixando para trás um bando de gente querendo pelo menos um pouquinho mais.

A foto o Upiara que tirou pra mim :)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

docinho

Uma das minhas tantas metas para 2012 é tomar vergonha na cara e aprender a fazer doces. Depois daquele cupcake meio esquisito, meio feio e meio torto, só arrisquei uns brigadeiros que nem no alto de sua simplicidade ficaram tão bons quanto deveriam. Daí hoje peguei uma receitinha simples em que todos os ingredientes eram facilmente encontrados na minha própria cozinha e, voilá:



Creme de chocolate com cobertura de merengue. E achei que ficou doce demais, mas não se pode ter tudo. Pelo menos ficou bonitinho :)
Receitinha aqui.