sexta-feira, 30 de novembro de 2012

terça-feira, 27 de novembro de 2012

chique que nem o teu

Uma vez, na fila do banheiro unissex do Blues Velvet, um rapaz perguntou meu nome, e, ao obter a resposta, recitou uma frase de Romeu e Julieta com uma garrafa na mão. Achei simpático, porque por incrível que pareça poucos fazem essa óbvia analogia ao meu nome. Sempre preferem perguntar se é Lewis, Binoche.
Ou um pouco pior.
Essa foi apenas a introdução da história que venho lhes contar.
Precisava ir a uma mostra de decoração fazer algumas fotos para enviar à imprensa com urgência no dia seguinte e por causa de uma chuvinha irritante que caía enquanto eu ia a pé, acabei pegando um táxi no meio do caminho. Expliquei ao motorista onde ia, ele achou interessante, perguntou se eu trabalhava com moda, disse que era apenas uma ordinary jornalista, continuamos a conversar sobre jornalismo e sobre as pessoas abastadas que frequentavam a tal mostra, até que o rapaz estacionou em frente ao local e... tudo fechado, luzes apagadas. Fiquei ali dentro olhando através do vidro cheio de pingos e pensando no que fazer. Disse pra ele esperar um segundinho, fui até o portão, uma olhadinha mais profunda. Nada. Pedi então que me levasse de volta ao ponto de onde havíamos partido.
No caminho, achei de bom tom ligar para o trabalho e avisar que não tinha dado certo o lance das fotos, entretanto, como não poderia deixar de ser, estava sem créditos no celular. O taxista, consternado com minha situação, me ofereceu o dele. Aceitei, meio a contragosto.
- Alô? João? É a Juliete, negócio é o seguinte - expliquei o ocorrido, desliguei o celular e devolvi ao rapaz, que prontamente elogiou meu nome, dizendo que era chique.

- Tem até uma linha de óculos da Oakley...


Tem, tem uma linha de óculos da Oakley. E ele sabe disso porque conhece esta fabulosa canção de Backdi e Bio G3:


Tá de Juliet, Romeu 2 e double shox,18k no pescoço de
Eckö e nike shox ;
Vale mais de um barão, esse é o bonde da oakley.
Porra, nóis só porta Oakley
Hey hey hey hey
É o bonde da juju, é o bonde da juju, porque água de
Bandido é uísque e red bull

Feito o elogio, chegamos no destino final - ou inicial, uma vez que ali foi o começo e não houve efetivamente destino.

- Se precisar fazer corrida longa me liga que eu faço desconto. Anota aí, é Phelipe, com ph. Chique que nem o teu.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

brilho eterno

Tenho mais saudade de lugares ou de situações do que de pessoas. Não lembro da última vez que pensei em alguém com aquela sensação de uma mão grande e gorda estar esmagando meu coração, e olha que nessas andanças da vida muita gente ficou pra trás. Contudo, basta uma música que eu ouvia muito em 2005 começar a tocar para eu retornar ao meu eu-adolescente de cabelos vermelhos pulando no sofá xadrez da casa da Camila, em Santa Rosa, com nossos novos amigos descolados. Ou debaixo daquela barraca verde, onde tínhamos vizinhos peculiares que ouviam músicas igualmente peculiares, nos fazendo rir até sair lágrimas. Esses dias tocou Cpm 22 na televisão e quase precisei de paramédicos para conter a emoção que eclodia de minhas entranhas.
Às vezes basta o céu e a temperatura da tarde de domingo estarem semelhantes aos daqueles dias em que sentar no banquinho da praia era o melhor a se fazer, e lá se vai minha cabeça novamente. Já peguei a maldita alguma vez descendo a rua Santo Antônio em direção à Osvaldo Aranha e já coloquei Albert Hammond Jr. pra tocar só pra sentir de novo o mesmo daquela manhã em que ouvi pela primeira vez, no carro.
Eu até já sei que vou sentir saudade daquilo estou prestes a fazer, como quando andei pela primeira vez na Redenção. E sei que quando eu não puder mais passar com frequência por aquele trecho da BR 101 margeado pelo mar, isso vai me fazer sofrer um bocado. Esses dias ouvi Phoenix na nite e deu saudade de quando eu pegava ônibus pra Floripa na sexta-feira depois do trabalho. Mas um dia quando eu ouvir Phoenix outra vez, vou lembrar com saudade de nites como aquela.