quarta-feira, 27 de julho de 2011

terça-feira, 26 de julho de 2011

fotossíntese

Um cactus. Foi a única coisa que lhe pareceu razoável comprar na charmosa floricultura que fazia parte do cenário de suas manhãs frias. O cactus não era exatamente a planta mais bonita daquelas prateleiras de vidro, mas era a que menos exigiria a sua dedicação. Duraria um bom tempo com apenas algumas gotinhas de água esporádicas, quando lembrasse desse detalhe.
Decidiu colocá-lo próximo à maquina escrever, já que ali sentava pelo menos uma vez por mês desde que havia adquirido uma estranha simpatia por Arturo. É, o Arturo do Fante. Uma vez por mês ela lembraria da existência do novo ser vivo que habitava seu colorido lar e derramaria alguns mls de água sobre o potinho rosa cheio de terra onde o cactus vivia.
Às vezes passava pela sala e por todas as suas prateleiras com livros e um monte de coisas velhas que seu espírito saudosista a impedia de se desfazer e observava aquele estranho conjunto de cactus + máquina de escrever em cima da mesinha de madeira. Ela, que já tinha pesadelos bizarros com a máquina inspirados no Almoço Nu, não podia deixar de achar aquela ideia ainda mais cômica com a presença do cactus a poucos centímetros da criatura.
Talvez por isso tenha mudado de repente a sórdida intenção de adotar uma gatinha branca. Um cactus faria muito mais sentido. Ele não olharia pro horizonte da janela com carinha fofa nenhuma, mas ainda podia fazer a fotossíntese na sala.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

porra, Noel! nem precisava isso tudo

Uma vez mestre, mestre em qualquer circunstância.
Acordei hoje com a janela do MSN do Marcelo nº 2 pulando na minha tela com esse link:

sexta-feira, 22 de julho de 2011

sobre tentar impressionar e parecer idiota

Sempre foi assim. É aquela coisa, estou indo razoavelmente bem, não exatamente um exemplo de sapiência, mas dava pra viver. E aí vem aquela maldita vontade de impressionar. E quando ela aparece, rapaz... tenha certeza de que vai dar merda. Em 100% das vezes que tentei impressionar a única coisa que consegui foi deixar os outros com a impressão de que sou retardada e duzentas vezes mais tansa do que me é de direito. Mas eu não canso. Parece sede de humilhação, um negócio incrível abastecido pela esperança de que um dia, UM DIA, eu vou tentar e conseguir. Vou impressionar. Mas até hoje não rolou.
É como você pretensiosamente buscar referências de Kant para turbinar um artigo e seu professor dizer que aquilo não tinha nada a ver com o que foi proposto e te mandar remover a asneira imediatamente. É como dizer para o seu intelectual e atraente colega novo que você adora a literatura russa, que Dostoiévski é rei, e engasgar quando for questionada sobre sua preferência entre O Idiota e O Jogador, porque o único livro dele que você leu foi Crime e Castigo. É como prestar um concurso público e depois perceber que a palavra ansiosa estava grafada com c na mensagem enviada ao seu novo ficante a respeito de como você havia ido bem na prova . É isso. E é triste.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

faça amor com seu ego

Eu acho que para você se considerar assim tão interessante é preciso bem mais do que passar a vida em uma universidade acumulando "pós" e "ados" para depois empilhar em um currículo e esfregar na cara de alguém. A chance do encontro de hoje à noite bocejar ouvindo sobre suas ambiciosas conquistas acadêmicas é muito maior do que se você sentar confortavelmente na cadeira de plástico e contar as bizarrices que você fazia no primeiro ano da faculdade - que ainda nem chegou ao fim - e que por causa delas quase reprovou por faltas.
Uma discussão sobre um livro do Bukowski, do Hunter Thompson ou até sobre aquele livrinho bocó da escritora junkie brasileira tem muito mais chances de render um bom número de risadas, concordâncias e divertidos insultos do que alguma discussão que envolva aquele seu compêndio sobre a problemática do estruturalismo literário.
Algo que no máximo vai te deixar bastante entendido em uma porção de assuntos (que não interessam a muita gente) e te render um bom salário (provavelmente por trás de um emprego tão entendiante quanto sua vida sempre foi) não garante que você seja uma pessoa muito mais interessante do que aquela que viveu tudo o que pôde enquanto pôde. 
Mas você poderá fazer amor com seu ego sempre que quiser, ele estará super satisfeito com tantas conquistas.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

podem voltar com a escada

Estou pedindo. De novo. Pro além, pra qualquer coisa. Esses dias ouvi alguém dizer que não acredita em ateus, achei engraçado e achei até que fez sentido.
Eu vivo pedindo coisas enquanto olho para o nada, e às vezes sou presenteada com uns trecos bizarros. E agora quero me livrar de um desses presentes que me foi dado em outro momento de desespero, quando eu batia minha testa na parede cheia de recortes do meu quarto e implorava para alguém me jogar uma escada pra me tirar do fundo do poço.
Nem Bukowski me consola mais, ele tinha suas bebidas e seus cavalinhos. Eu só tenho umas pastas cheias de arquivos que moram dentro de um quadrado luminoso e uns livros que eu supostamente estaria lendo. Mas eles passam mais tempo fechados do que em qualquer outra posição.
Qualquer coisa parece um sinal, como se o vendedor da Mega-Sena passasse berrando com seu colete azul bem quando estou sentada no banco da praia pensando que eu deveria ter um New Beatle e um loft de frente para o mar. Ou como se eu precisasse muito de um par novo de botas e a próxima vitrine revelasse uma sequência de modelos com 80% de desconto. E aí os sinais se dissolvem como uma mera coincidência.
Dizem eles que não se pode ter tudo. Mas a graça está em fazer de tudo para ter o máximo que puder.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

seventies

Era final dos anos 70, comecinho dos 80. Eu provavelmente estaria desejando ter um caso com Sid Vicious ou ser a Debbie Harry, mas meus pais optaram por uma juventude... como vamos dizer? mais saudável.




terça-feira, 12 de julho de 2011

música de brinquedo & meu instinto assassino moderado

"Acho que a gente deveria ter trazido uma criança", foi a minha primeira reação quando entramos no saguão do teatro, no domingo à tarde. Não que o show em si, por mais que envolvesse brinquedos fazendo as vezes de instrumentos musicais, fosse necessariamente voltado para crianças. Mas fazia parte de um evento infantil e parecia que só a gente não estava arrastando um pequeno ranhento pelo braço.
A segunda reação foi querer trancar todas as pessoas com menos de um metro e dez de altura em uma sala escura com isolamento acústico, mas daí lembrei que era eu quem estava invadindo o espaço dos pequeninos sem nem mesmo possuir a desculpa da maioria dos adultos presentes, que era de levar o filho, o sobrinho ou qualquer pessoa pequena que fizesse muito barulho.
Nenhuma daquelas pessoinhas com laço rosa no cabelo e tênis de luzinha estava visivelmente interessada em ver o Pato Fu, mesmo que a banda estivesse usando brinquedos, apitos, chaveiros e frangos de borracha como instrumentos. Não fosse os bonecos dançantes fazendo backing vocal, arrisco dizer que lágrimas de tédio brotariam de seus rostos angelicais a qualquer instante. Mas os pais, os tios, os irmãos e primos mais velhos (e nós!) pareciam encantados com aquela cena. 
Minha última reação, agora com os pés doloridos de ser pisoteada por menininhas de vestido bufante e sapatinho de verniz, foi igual a da maioria: impressionante como eles conseguem fazer aquilo com... brinquedos!
Saí de lá fã do iluminador e querendo muito um kazu para tentar explodir pessoas.


segunda-feira, 4 de julho de 2011

the beat goes on - beady eye

Still life remains, somewhere in my heart the beat goes on.
Chega a doer de tão boa:

domingo, 3 de julho de 2011

deus tá vendo

Foi o primeiro sábado de nossas vidas juntas que trocamos a noite pelos cobertores. Teve 9 Songs e uma garrafa de vinho canônico. Deus viu tudo.