domingo, 30 de setembro de 2012

come together, join the party

Bastaria que eu tivesse aberto o verbete de Come Together na wikipedia para descobrir isso, mas como nunca me ocorreu, descobri lendo Flashbacks mesmo, aquela intrépida autobiografia de Timothy Leary. 
John Lennon compôs Come Together depois que Leary foi falar com ele a respeito de sua candidatura ao governo da Califórnia, em 1969. Ele disputaria a vaga nas eleições do ano seguinte com Ronald Reagan pelo inacreditável Partido Psicodélico da Califórnia e sua campanha já tinha até slogan: Come together, join the party. Como Lennon já estava por perto na ocasião, não custava pedir ao amigo beatle para criar o jingle da campanha, algo que tivesse a ver com liberdade, com o trabalho de Leary em relação às drogas psicodélicas e que obviamente casasse com seu slogan. Então nasceu a música. O escritor, que já estava ferrado na justiça há algum tempo por causa de confusões com substâncias ilícitas, foi preso em seguida e acabou não concorrendo às eleições. 
Na cadeia, teve a chance de ouvir o disco novo dos Beatles, o Abbey Road, e para sua surpresa, Lennon havia dado uma nova cara ao antigo jingle e transformado em uma canção dos Beatles. Leary não gostou nada daquilo, considerava Come Together uma música sua, já até tinha tocado em algumas rádios alternativas como jingle da campanha. Depois disso, Leary passou longos anos fugindo da cadeia, escondido em vários países e novamente na cadeia, e, ao que se sabe, a história da música ficou por isso mesmo.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

os tantos feminismos

Quando eu tinha 16 anos, conheci uma moça que se dizia feminista. Ela tinha a minha idade, não era bonita do jeito que as pessoas costumam julgar, falava sem parar, lia muito, ouvia bandas de hardcore feministas, fazia fanzines, tinha uma certa aspiração ao veganismo e tinha ficado com pouquíssimos caras na vida. Ela atribuía isso ao fato de ser feminista. Uma riot grrrl, como dizíamos em 2006. E eu gostava daquilo. Quer dizer, gostava daquilo nela. Admirava, mas não era adepta de quase nada do que ela vivia e acreditava. Eu não pensava muito em feminismo, apenas gostava de rock, de livros e me vestia de um jeito parecido, por isso um dia decidimos que poderíamos tentar ser amigas. 
Lembro que ela ficava o tempo todo pregando o feminismo daquele jeito que conheci. Ela não se vestia para os homens, não saía por aí mostrando o corpo, afinal, era uma mulher, não um objeto para ser admirado e tocado pelo público, gostava de ser reservada e não tinha grandes vaidades. Também não era lésbica, mas preferia passar a noite de sábado ouvindo uma fita k7 enviada pelo correio por uma amiga do norte do país que ela não conhecia pessoalmente a ficar de amasso com algum rapaz de gel no cabelo em baladinha por aí. Perdemos o contato naquele mesmo ano, mas sei que ela continua igualzinha. Desde então, não conheci mais nenhuma feminista fervorosa, e quando me dei conta, aquele conceito que conheci parecia estar ficando muito diferente.
Até hoje não sei se há uma espécie de vertente daquele feminismo, ou se ele sofreu algum tipo de evolução. Sei que de repente passei a ver mulheres adeptas das saias curtas e justas combinadas com decotes e transparências dizendo que são feministas, sim, ora bolas. Afinal, se vestem como bem entendem e estão pouco se fodendo para o que os outros pensam. Elas também fazem sexo com quantos e com quem quiserem em uma única noite porque o corpo é delas e elas fazem o que bem entenderem com ele, não vai ser um babaca que vai julgá-las. 
A primeira impressão é de que não faz sentido nenhum. A segunda é de que faz, e muito. No fim das contas o que todas elas querem  - das riot grrrls às moças de minissaia - é combater exatamente a mesma coisa.

domingo, 16 de setembro de 2012

realizando nostalgias

Esse post é um oferecimento da MTV, que ficou o sábado todo fazendo "Top coisas relacionadas a todos os VMBs da história". Minha infância e minha pré-adolescência vieram juntinhas, de mãos dadas, bater na minha porta, direto de Santa Rosa para o meu novo lar florianopolitano. O resultado disso foi que resolvi chafurdar no meu passado musical e trouxe pra cá algumas músicas (em sua maioria ruins) que eu adorava entre 1998 e 2001. Chore comigo:

Penélope - Namorinho de portão


O Surto - A cera


Cogumelo Plutão - Esperando na janela


Rumbora - Mapa da mina


Tianastácia - Cabrobró


Cpm 22 - Tarde de outubro

sábado, 8 de setembro de 2012

tá tudo bem

Há dois anos eu tinha acabado de voltar de uma viagem que fiz com o objetivo de mudar o rumo da vida chata que eu vinha levando. Fui visitar um amigo e prometi a ele que assim que voltasse pra casa eu faria o que estava ensaiando há meses. Sou dessas que cumprem promessas. Embora eu não tivesse muita coragem de concretizar meus planos, tampouco teria coragem de não cumprir o que prometi. Daí fui lá e fiz. Desde então, nada mais ficou igual por muito tempo.
É uma das últimas lembranças que tenho de um momento em que eu era um outro eu. Naquele tempo jamais imaginei que hoje eu estaria onde estou, vivendo como estou, sabendo das coisas que sei, apesar de ainda chorar pelos mesmos motivos. Hoje eu sei que está tudo bem porque estou quase terminando de ler o Flashbacks, do Timothy Leary, e não me deu vontade de comprar uma passagem só de ida pra lugar nenhum. Eu sei que está tudo bem porque eu não quero me livrar de nada. Só quero ir atrás do que falta.