domingo, 22 de dezembro de 2013

retrô

Que ano. Começou mais uma vez comigo choramingando em um canto da Ilha, cheia de planos, mas sem nenhuma perspectiva de que algo fosse realmente mudar aquela vida que eu não queria ter, e vai terminar comigo em uma redação de jornal, porque era exatamente onde eu pedi aos céus para estar durante tanto tempo.
Em 2013 eu finalmente fui para Santa Rosa, depois de mais de três anos de total relapsidão para com meus amigos, parentes e com aquelas ruas que tanto foram pisoteadas por mim. Lá eu tentei fazer o exercício da anti-nostalgia, que consistia em constatar que aquele lugar era uma bosta e que eu não deveria passar as tardes de sábado lembrando o quanto eu me divertia com aquelas pessoas naqueles ambientes duvidosos. Também fiz um exercício para tentar parar de reclamar de Florianópolis. Tudo bem que até o centro de Santa Rosa consegue ser mais agitado que o da Ilha nos fins de semana, mas aprendi que era só isso mesmo e ponto.
Neste ano também me peguei querendo ir embora de Porto Alegre para não voltar tão cedo. Mas era um contexto que fazia sentido, já passou e em 2014 quero estar lá novamente, sim. Talvez ainda não daquela forma definitiva, mas quem sabe o dia de amanhã, né?
Em 2013 eu voltei ao corte de cabelo que me acompanhou (com diversas variações de estilo) de 2005 até meados de 2011, e me senti muito melhor. Engordei, emagreci e acho que nestes cinco dias de folga natalina devo estar engordando novamente. Fui ao show do Stephen Malkmus e achei engraçado ouvir ao vivo aquela voz que me acompanhou nos fones de ouvido por tanto tempo, mas fiquei com sono e fui embora na penúltima música.
Mas o melhor do ano veio mesmo no último trimestre, quando saí daquele prédio de 11 andares para umas férias de 15 dias e nunca mais voltei. Conheci e me apaixonei por Buenos Aires, para onde quero voltar em 2014 e fazer o que não tive tempo, e três dias  após o retorno comecei a fazer o que eu realmente gostava e a ser remunerada por isso. 
Não cumpri nem metade da minha lista de projeções, mas dane-se o raio dessa lista que só serve para nos mostrar o quanto somos inoperantes. Por um 2014 sem lista de projeções.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

os melhores discos de 2013



1 - Cage The Elephant – “Melophobia” Ausente das principais listas de melhores álbuns do ano – de maneira absolutamente injusta – o terceiro disco do Cage The Elephant empurra para a fobia de música a razão de a banda ter realmente pirado. “Melophobia” traz um caminhão de hits barulhentos com a inconfundível e prevalecida voz de Matt Shultz.



2 – Chvrches – “The Bones of what you Believe”
3 – Arcade Fire – “Reflektor”
4 – Haim – “Days are Gone”
5 – Paul McCartney – “New”
6 – Franz Ferdinand – “Right Thoughts, Right Words, Right Action”
7 – Arctic Monkeys – “AM”
 8 – Peace – “In Love”
9 – Palma Violets – “180º”
10 – Phoenix – “Bankrupt!”

Minha singela listinha foi publicada também na edição impressa e on-line do jornal Notícias do Dia desta adorável segunda-feira, junto com as escolhas de outros jornalistas que perdem mais tempo com música do que deveriam. Vale destacar que de todas as listas do universo, a minha foi ficar mais parecida com a de quem? Com a de Josh Homme e sua turma. Especialmente porque Bowie quase entrou.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

tudo começou há um tempo atrás

Em 2013 fez 10 anos que criei meu primeiro blog. Não lembro bem o mês, mas foi algo que me ocorreu já faz algum tempo. Desde então já tive uns três, nenhum que tenha tido muito mais de 500 visitas mensais, e creio que este é que o sobrevive há mais tempo. 
Época legal era aquela para ter blogs, especialmente quando se tinha 13 anos. Nada no mundo poderia ser mais importante do que encher as laterais do layout de gifs piscantes, dolls que representassem você, suas amigas e o boy do segundo ano que não te dava bola, e nada poderia interessar menos a um ser humano do que um diário de uma guria de 13 anos, mas ainda assim era bem divertido. 
Depois vieram os fotologs e o texto foi ficando pra trás, mas lá por 2007 ainda consegui manter minha ociosidade juvenil presente nas duas plataformas. Ah, como era bom ter tempo a perder. 
Ao longo desse período já me declarei por blog, já briguei por blog, já passei vergonha no blog, conheci pessoas legais com ele e também fiz inimigos. Os blogs já encheram meu saco algumas vezes, já foram esquecidos por um tempo, já receberam vários posts por dia, já tiveram textos deletados e sumiram pra sempre da blogosfera, mas depois de tanto tempo seria até estranho não ter um lugar pra escrever umas besteiras de vez em quando.

sábado, 30 de novembro de 2013

do underground à vida adulta



Esse troço aí em cima resume muito da minha adolescência. Ou do que ela poderia ter sido se eu tivesse vivido em uma cidade decente. 
Já faz algumas semanas que assisti a esse documentário e me deu vontade de rir e chorar, tudo junto. Fui correndo (para o Facebook) mostrar pra Camila porque ninguém melhor que ela pra entender e concordar comigo que aquelas pessoas ali nos transformaram no que somos hoje. Mesmo que não tenhamos ouvido mais nada daquilo nos últimos cinco anos ou seis anos. Mesmo que tenha nos causado surpresa o fato de estarem todos vivos (ou quase todos). 
Eu ainda estava tentando descobrir o que eu realmente gostava dentro do rock lá por 2004/2005 quando ganhei de um amigo – mais tarde namorado - um CD gravado no computador com uns nomes de bandas rabiscadas em canetão azul: Nx Zero, Fresno, Glória e Houdini. Na época eu já era uma fã inveterada de Cpm 22 e já tinha sido apresentada ao Sugar Kane, mas aquele CD me mostrou que em algum lugar deste país uma coisa muito louca estava acontecendo. Uma cena que eu parecia me encaixar perfeitamente, era o que eu precisava para decidir quem eu era, do que eu gostava e onde eu queria chegar. Depois daquele CD, a internet se encarregou de todo o resto, o Trama Virtual era a meca de bandas brasileiras barulhentas e eu descobria um punhado delas toda semana, a maioria bem ruins, mas eu jamais admitiria isso. 
 A internet me mostrou que havia milhares de pessoas que gostavam das bandas que eu gostava e que se reuniam em festivais onde oito delas tocavam em um mesmo dia, parecia um sonho. Eu acompanhava os fotologs das moças que se vestiam como eu e tinham cabelos da mesma cor do meu e queria me matar por viver num fim de mundo e nunca ter a chance de por os pés naquela coisa de outro mundo chamada ABC pró HC, onde todas elas iam.
Só pude conhecer um pouco desse mundo pessoalmente quando ele já estava minguado, lá pelo final de final de 2006. O NX Zero estava dando os primeiros sinais de que ia abandonar o underground, caminho que outras bandas foram seguindo, enquanto muitas já decretavam o fim. Isso tudo ainda fez algum sentido pra mim até meados de 2007, quando todo mundo começou a ficar velho demais para aquele som juvenil. As pessoas entraram na faculdade, arrumaram emprego, aposentaram as munhequeiras e começaram a prestar mais atenção nos Libertines e no Franz Ferdinand. 
Graças a deus.

sábado, 16 de novembro de 2013

do limão uma limonada

O Facebook acaba de me lembrar que no dia de hoje, há exatos nove anos, eu batia na porta da casa do meu namorado, que tinha pedido um tempo, com um presente de aniversário na mão. Era uma camiseta de alguma banda ruim que ele gostava. Toquei a campainha quatro vezes e ninguém atendeu. Arrasada, fui chorar na casa de uma amiga, onde todas as outras estavam reunidas, e saí de lá decidida.
Três dias depois, voltei na loja de discos onde comprei a camiseta e troquei por uma do Tequila Baby pra mim, que não sou boba nem nada.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Playlist: Pistinha

Faz tempo que não vou em balada nenhuma da vida e um dos motivos são as escolhas equivocadas do pessoalzinho da discotecagem, que além de saudosista tem um gosto bastante duvidoso. Se eu quiser ouvir aquela música do Alex Band com Santana eu não vou pra noite: eu dou uma volta nas lojas Americanas. Daí melhor ficar em casa com as minhas próprias escolhas. Ó quais são:


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

gente pra tomar uma cerveja

Até ano passado o (ex?) escritor André Takeda mantinha atualizado um tumblr que eu achava bastante simpático, chamado Eu quero ser amigo. Lá ele postava coisas legais sobre pessoas legais que ele gostaria de ser amigo e o porquê desse desejo. Ia de Ryan Gosling a Nick Cave passando por pessoas que já morreram, afinal, nada nos impede.
De uns tempos pra cá, quando Facebook e o Twitter fizeram todo mundo parecer suficientemente imbecil para eu querer distância da sociedade e ficar aqui encolhida com meus livros, comecei a reparar nas (poucas) pessoas interessantes desse mundo, de estrelas hollywoodianas a blogueiros ali da esquina. Pessoas que eu gostaria de ser amiga ou, sei lá, pelo menos sair pra tomar uma Quilmes. 

Jennifer Lawrence. Well, todo mundo quer e ela já disse que é difícil ser amiga de todo mundo, mas tudo bem. A moça conserva uma metralhadora na boca sem nunca, jamais, perder a elegância. Ela gostaria de dar um soco em quem afirma amar fazer exercícios físicos, desejo que compartilho. Ela está sempre com fome e não liga muito para a questão da magreza. Nós sairíamos juntas e ela diria “olha como meu braço é gordo” e eu diria “cê tá é louca, se teu braço é gordo o meu é o que? um pedaço de pernil?”, e daríamos risada e falaríamos mal de pessoas babacas.

André Barcinski. É um cara que eu eventualmente discordo, mas que sabe muito sobre o que de fato interessa e se irrita com as mesmas coisas que eu. Esse é o ponto crucial para uma boa amizade: detestar as mesmas coisas. Profissionalmente, desde que eu comecei a ler o Barcinski religiosamente, quero ser igual a ele quando crescer.

Gaía Passarelli e Chuck Hipolitho. Eles não usam a uéb para postar fotinho de casal que mostra o quanto são lindos e felizes, nem para defender causas que já deram no saco ou para emitir opiniões que ninguém pediu sobre qualquer coisa e nem para polemizar. Até aí já valeria, mas, além disso, eles também produzem os vídeos mais legais de toda a internet. 

Nick Hornby. Tá bom, parece óbvio e qualquer pessoa gostaria de ser amiga de seu escritor favorito, especialmente se ele tiver bom gosto musical e não for o louco do Hunter Thompson ou do Bukowski (confesso que passei bem perto).  Mas há, sim, uma justificativa palatável: se eu fosse amiga de Nick nunca permitiria que ele ficasse tanto tempo sem lançar um romance. 

Ruy Goiaba. Ou mrguavaman, como preferirem. Ele sempre foi o meu tuitador favorito, minha timeline é triste quando ele se ausenta e tive sérios problemas existenciais quando ele abandonou o Twitter por um tempinho. É provavelmente a pessoa com os pontos de vista político-comportamentais mais sensatos de toda a humanidade. Quando veio (voltou?) com a coluna no F5, só fez aumentar meu desejo de ser sua amiga. Puta cara legal.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

te quiero mucho, Buenos Aires

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1. Sossegada na Plaza de Mayo, casa de Cristina ao fundo. 1. Almocinho: bife de chorizo com papas fritas no Il Gran Caffé, na esquina da calle Florida com a avenida Córdoba. 3. Cementerio de la Recoleta. 4. Finalmente uma Quilmes! Jantinha no Sheldon, em Palermo. 5. A incrível e interminável Feria de San Telmo. 6. Empanadas e gaseosa de Pomelo no Mercado Público. 7. Uma tarde em Puerto Madero. 8. Show de tango na Plaza Dorrego.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

no cóccix uma tribal, na cabeça um arrependimento

Ou: O dia em que ex-presidiários entraram em minha casa com autorização prévia 

 Primeiramente esclareço que desta vez eu nada tenho a ver com a história, fui apenas uma pobre vítima. O que vem abaixo, aliás, só prova que o papo de eu ser a rebelde da família, que já se encheu de piercings e pintou o cabelo de rosa pink, é um grande erro a ser reparado. 
Era 2002 ou 2003, não lembro bem, eu tinha uns 13 anos e minha irmã provavelmente 19. Em Santa Rosa naquela época só havia um estúdio de tatuagens e por essa razão pagava-se um preço alto para estampar um desenho na pele sem o risco de contrair alguma doença ou carregar um repolho roxo no braço por toda a eternidade. 
 Quando uma amiga da minha irmã anunciou que tinha um amigo que conhecia alguém que fazia ótimas tatuagens, os olhos de toda a turminha brilharam. E o melhor: além de cobrar um preço justo, era tudo feito em domicílio. Com essa preciosa informação em mãos, combinaram uma tarde de tatuagens lá na garagem de casa no fim de semana. Primeiro chegaram os amigos que queriam se tatuar, e em seguida o artista acompanhado de um assistente. 
Claro que ninguém da tchurma tinha a menor ideia do que iria estampar na pele pelo resto da vida, mas nada que umas ideias na pastinha do tatuador não resolvessem. Minha irmã escolheu uma tribal horrorosa para o cóccix. 
Minha participação naquela tarde consistiu em ficar me esgueirando pelas paredes enquanto tentava convencer a mãe a me deixar fazer uma tattoo também, sem sucesso algum (thanks, mom). 
Quando todos já estavam devidamente tatuados, os rapazes receberam seu pagamento, juntaram suas coisas, colocaram em seu carro estacionado em frente de casa e deram o fora. Dois minutos depois, meu tio, que era brigadiano (PM lá no Rio Grande Sul) e estava passando ali por acaso, aparece na porta com a testa franzida, uma pergunta e uma má notícia: aqueles dois eram velhos conhecidos da categoria policial da cidade e já tinham, digamos, uma certa intimidade com as barras de ferro. 
Claro que nada daquilo estragou a alegria de minha irmã com sua nova tatuagem de cadeia, coberta cinco anos depois com rosas vermelhas.

domingo, 13 de outubro de 2013

Playlist: The amazing 90's

Algumas das mais belas canções dos anos 90 para este domingo blehrg.


domingo, 29 de setembro de 2013

adiós, music television

O Uá-Uá foi a primeira coisa que assisti na MTV Brasil. Eu tinha 13 anos, era 2003 e finalmente tínhamos convencido meu pai a colocar TV por assinatura lá em casa. Quando descobri que a tão comentada Music Television ficava no canal 22, dei de cara com Didi Wagner sentada em um sofá prateado com uma das minhas bandas favoritas na época, a Tequila Baby. 
Eu tinha descoberto o sentido da vida. 
O Uá-Uá foi extinto pouco depois, mas minha obsessão pelo canal que me colocava - lá do interior da puta que nos pariu - em contato com um mundo totalmente freak e musical continuou ao longo de anos, beirando o desespero quando, em 2007, ele saiu da grade da Sky. Passei a assistir de vez em quando, na casa de amigos, até que ano passado vim morar em uma residência com MTV. Não era mais tão legal como quando eu era uma teenager, mas hoje, nessas suas últimas horas de vida, reservo-me o direito de ficar triste & melancólica. 
E proíbo fãs de Porta dos Fundos de dar um único suspiro, que isso tudo é culpa de vocês.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

feirinha

Não é uma Feira de San Telmo nem um Brique da Redenção, mas todos os sábados - não chuvosos e que não sejam feriado - o centro histórico de Florianópolis recebe a Feira de Artes e Usados, popularmente chamada de... feirinha. Começou há uns dois meses e a cada semana surge uma barraquinha nova com gente legal vendendo coisas interessantes, além dos produtos vintage das lojas ali da região.






sexta-feira, 13 de setembro de 2013

sábado com cara de segunda

Eu tentei. E como tentei. Eu queria acusar o Miojo Indie de estar sendo leviano naquela resenha, mas chegou a hora de sermos francos. A primeira grande e indiscutível questão é que Canções de Apartamento é infinitamente superior a Sábado, novo disco do Cícero. Se o primeiro não tivesse existido, este segundo até poderia ter ido parar em meu iTunes e talvez eu tivesse gostado mais do que gosto hoje, mas estou certa de que ele não teria feito eu ficar mais uma noite em Porto Alegre, naquele janeiro de 2012.
Esse foi o epicentro dos debates: teríamos ouvido Sábado se não houvesse o Canções de Apartamento?
A verdade é que já dava para ter desconfiado, não seria fácil produzir algo melhor que o Canções, e por menos que o novo disco tenha agradado, é preciso reconhecer que o rapaz se esforçou.
Mas não dá mais. Depois de eu colocá-lo para tocar pela quinta vez sem perceber as músicas passando, precisei rever minha boa vontade para com ele e finalmente admitir a derrota.

domingo, 8 de setembro de 2013

mr. Doherty actor

Quando ninguém mais esperava nada de Pete Doherty, quando ninguém jamais imaginou que ele pudesse levantar do sofá, lavar o cabelo seboso, escovar os dentes e tentar parecer gente, ele vai lá e protagoniza um filme. Um filme ruim, é verdade, mas ainda assim um filme.
Não consegui encontrar muita coisa que se salvasse em Confissões de um Jovem Apaixonado além da onipresença de Doherty, que para quem aparentava estar no fim da vida está muito bem no papel do rapaz apaixonado por uma mulher mais velha. Ah, sim, Charlotte Gainsbourg também conta como ponto positivo.  
O figurino de 1830 lembra o que ele veste normalmente, quando ele caminha a esmo pela neve parece que vai começar um clipe novo do Babyshambles e em sua fala tem tantas vezes a palavra ‘libertino’ que a gente passa a ter certeza de que aquilo tudo é uma grande piada.
 Recomendado somente para aqueles cuja curiosidade vai além do bom senso.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

right thoughts, right words, right action

Puta disco legal esse novo do Franz Ferdinand. E apesar daquele receio (que durou uns dois anos) a respeito de como ele poderia soar – ao passo que boa parte das bandas divertidas que a gente conheceu lá no começo do século resolveu virar outra coisa – eu na verdade sempre botei fé nos escoceses. É um longo histórico de acertos. 
Na Rolling Stone de agosto tem uma entrevista com Alex Kapranos onde ele diz que os integrantes das bandas continuam pro resto da vida com a mesma idade que tinham quando ela estourou. Acho que de um modo profundamente analítico, faz sentido. Eles continuam os mesmos jovens adultos de 32 anos que sabem o que querem e, principalmente, que gostam de se divertir. Se eles tivessem 19 na época de Take Me Out, talvez hoje Josh Homme fosse seu guru e eles estivessem lançando discos com aquele jeito de quem ainda não se decidiu a que veio. 
 Franz é uma das pouquíssimas bandas que eu ouvia em 2005 e que sigo acompanhando com o mesmo entusiasmo. Nesses anos todos eles souberam produzir coisas novas sem que fosse necessário pegar sua essência, amassar e jogar no lixo.

domingo, 1 de setembro de 2013

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

geração descolada

Há um grande inconveniente em ser jovem nos dias de hoje. Não parece socialmente aceitável você ter 20 e poucos anos e não ser viciado em smartphone, não sonhar em ter um Google Glass e achar que é possível viver sem um tablet.
Também não é permitido você não ser full time dinâmico, ansioso, criativo, descolado, inquieto, irreverente, arrojado, falante, empreendedor, viver cheio de ideias incríveis e atualizar menos de duas vezes ao dia seus nove perfis nas redes sociais.
Você precisa dar sua opinião - quase sempre profunda como um pires - o tempo todo, pra todo mundo. Você precisa criar algo, ter um projeto. Não dá para simplesmente ser o que você é, principalmente se sua espera é pelo próximo livro do Irvine Welsh ou pelo novo filme dos irmãos Coen e não pelo iPhone 5C. 
Não tem a ver com ser avesso a novas tecnologias ou fazer questão de ser fleumático e indiligente, mas se o estagiário de publicidade e propaganda não está sabendo como funciona aquele novo gadget, talvez suas noites de insônia sejam embaladas por outras prioridades.

domingo, 11 de agosto de 2013

the girls in the band


Alisson Mosshart, The Kills



Lauren Mayberry, Chvrches



Victoria Legrand, Beach House

 

Este, Alana & Danielle, Haim

domingo, 4 de agosto de 2013

cinco filmes com professores e suas peculiaridades

Pelo único motivo de que quatro deles eu assisti em um período de dois meses e gostei de todos.

Dans La Maison (Dentro de casa) 
Não sei quem é o pior em Dans La Maison: Claude, que entra na casa de seu colega e escreve textos sobre a intimidade da família do rapaz, ou Germain, o professor de francês que acha os textos o máximo e o estimula a escrever cada vez mais. Quanto mais o rapaz se envolve, mais o professor – e sua esposa, que ouve as histórias em casa – o incentiva a adotar abordagens diferentes para conseguir relatos sobre cada um dos membros da família do jovem, até que... bem, a coisa começa a ficar estranha e fora do controle. 

Monsieur Lazhar (O que traz boas novas) 
Bachir Lazhar tem um pequeno desafio na escola onde começa a trabalhar: substituir uma professora que cometeu suicídio dentro da sala de aula. Tarefa nada fácil, especialmente porque sua vida pessoal também não anda lá muito organizada. Ele é um imigrante argelino em busca de refúgio político em Montreal, no Canadá. Apesar da dificuldade em lidar com crianças traumatizadas com a morte de alguém tão próximo, Bachir faz um bom trabalho com os pequenos enquanto tenta esconder sua rotina fora dos portões da escola. 

Detachment (O Substituto) 
Aqui temos o professor substituto Henry Barthes, personagem sensacional vivido pelo igualmente sensacional Adrien Brody. Trata-se de um professor com uma imensa capacidade de se conectar com os alunos, mas com um desejo completamente oposto. Sua vontade agora é envolver-se o menos possível. E é por isso que escolheu ser substituto: passa algumas semanas em uma escola e vai embora sem criar qualquer laço. Só que as coisas mudam quando começa a trabalhar em um colégio público cheio de jovens problemáticos. 

A Caça (Jagten) 
Ai ai, Mads Hannibal Mikkelsen nos mata de dó – e também de raiva, devido a sua inoperância – na pele de Lucas, professor do jardim de infância adorado pelos pequerruchos que toma conta todas as manhãs. Um dia a pequena Klara, filha de seu melhor amigo, inventa para a diretora uma história terrível sobre Lucas após ele rejeitar sua paixão infantil. A vida do pobre vira um inferno na pequena cidade onde vive na Dinamarca, afinal, todos dizem, criança não mente. 

Um homem sério (A serious man) 
 Pobre Larry. Aqui temos alguém para nos mostrar que a vida pode ser pior. Não bastasse passar os dias na sala de aula da Universidade de Midwestern ensinando física, o judeu Larry é largado por sua esposa após anos de casamento. E o pior: o novo amor dela é seu colega. Além de tudo, ele precisa conviver com o irmão morando em seu sofá há semanas, o filho rebelde, a filha mimada e insuportável e a possibilidade de ser demitido a qualquer momento. Ele só queria saber o que fez pra merecer isso tudo.

domingo, 21 de julho de 2013

não to confusa

Eu sei, presidente Obama, que o senhor deve estar intrigado a respeito do que eu ando fazendo na internet. Mas se um dia eu procuro por intercâmbio na Irlanda, no outro por cursos baratos em Boston, e na próxima semana busco especialização em jornalismo cultural e em comunicação e cultura ou mestrado em literatura e depois como trabalhar no Uruguai e na Argentina, enfim, isso não quer dizer que eu esteja confusa. Não mesmo. Significa apenas que não tá legal. Saca?

quinta-feira, 11 de julho de 2013

apenas pior

Quase um ano. Eu poderia dizer que por dentro continua tudo ruim como estava, mas a verdade é que ficou bem pior. Porque além de não ter acontecido absolutamente nada do que eu sonhei ou planejei, todo o trajeto para o fracasso foi cheio de nãos, cheio de falta de respostas, afinal eu nunca desisti e é isso o que acontece com quem não desiste: apanha outra vez. 
Quanto mais eu era derrubada e quanto mais eu olhava ao meu redor, mais eu tinha vontade de subir o morro ou atravessar a cidade dentro de um ônibus pra tentar me salvar, mas ninguém abriu a porta pra mim. Nada do que eu fiz resultou em coisa alguma. Os sábados acordando junto com o sol, a busca por mais isso ou mais aquilo enquanto meus adversários apenas viviam suas vidas sem qualquer anseio. 
Não dá nem pra dizer que continua a mesma coisa.

domingo, 7 de julho de 2013

moravam na cidade, também o presidente

A primeira vez que ouvi falar no Aborto Elétrico foi em 2001, quando surgiu em minhas mãos o Acústico MTV Capital Inicial e antes de tocar Fátima, Veraneio Vascaína e Música Urbana, o Dinho anunciou que as próximas canções eram da supracitada banda. No alto dos meus 11 anos, contudo, eu só queria saber de ouvir Natasha no repeat porque achei que a aquela história só poderia ser meu futuro escrito & musicado, portanto não dei muita bola para as três faixas que fechavam o disco, embora a última delas tivesse soado bem aos meus ouvidinhos juvenis.
Anos depois, em 2005, tudo ficou mais claro quando a MTV fez o Especial Aborto Elétrico com o Capital tocando somente músicas da banda. Achei aquilo potencialmente interessante, especialmente porque Renato Russo & Legião Urbana nunca tinham conseguido me impressionar. Mas claro que naquela altura do campeonato não pegava bem eu ficar ouvindo a banda do Dinho Ouro Preto, não importava que raios ela estivesse tocando.
Seis anos mais tarde, fui buscar referências de estilo para fazer meu TCC e acabei lendo um livro chamado BRock e a biografia do Renato Russo, ambos do Arthur Dapieve, um atrás do outro, ao passo que o Especial Aborto Elétrico reprisava na MTV. Daí sim, livre das amarras da juventude que não permitiam desviar de meu foco musical, entre meu compromisso com o rock gaúcho, passei a gastar um tempinho também com o de Brasília. Desde então já li, ouvi e assisti tudo o que encontrei a respeito e não me canso de saber de mil maneiras e versões como aquele senhor de óculos e barba criou junto com seus amigos esse troço barulhento que eles orgulhosamente chamavam de punk brasileiro.

Essa é uma das minhas favoritas:

domingo, 30 de junho de 2013

Playlist: Soft

Yay! Com o Rdio é mais fácil e mais divertido brincar de Rob Fleming. Minha primeira playlist é de músicas macias:

terça-feira, 11 de junho de 2013

cinco filmes com jornalistas excêntricos

Nada de clássicos como Cidadão Kane, A Sangue Frio ou A Montanha dos Sete Abutres. Os filmes selecionados na despretensiosa compilação abaixo, além de serem completamente inúteis para a formação de um jornalista, são todos baseados em livros e/ou histórias reais, mas vamos nos apegar ao que interessa.

Medo e Delírio em Las Vegas (Fear and Loathing in Las Vegas)
Em meu segundo filme favorito no mundo inteiro, atrás de Quase Famosos (que não figura nesta lista), temos Hunter Thompson sendo magnificamente interpretado por Johnny Depp em uma viagem que o famigerado jornalista fez ao lado de seu advogado para cobrir uma competição de motos. Com um conversível vermelho recheado de todos os tipos de drogas que se possa imaginar, a duplinha parte para Vegas nos brindando com as cenas e diálogos mais bizarros que nossos olhos e ouvidos já vivenciaram. No fim, após algumas alucinações de ácido e alegóricas fugas da polícia, a única coisa que não temos é: uma competição de motos e sua consequente cobertura.

A Fogueira das Vaidades (The Bonfire of the Vanities)
Aqui temos Bruce Willis sem rugas interpretando o jornalista Peter Fallow, que ganha de bandeja uma história que inicialmente soava apenas mais uma besteira para descolar uns trocados. Fallow, que era um fracassado – como muitos de nós –, foi incumbido de produzir uma matéria sobre um negro atropelado por um ricaço no Bronx. Se mais tarde não viesse à tona que no carro que atingiu o rapaz estava um grande corretor de Wall Street com sua amante, continuaria sendo um fracassado. Mas a história lhe rendeu um livro, fama, dinheiro, bebidas & mulheres, e bem... ele aproveitou tudo muito bem, como todos faríamos.

The Paperboy (Obsessão)
Aqui estamos em 1960 e Matthew McConaughey vive Ward Jansen, um jornalista do Miami Times que volta à sua cidade natal para cobrir o caso de um assassino que está no corredor da morte. Ele tem a ajuda Jack, seu irmão mais novo que largou a faculdade para virar jornaleiro, afinal... bom, deixa pra lá, só que ambos são filhos do editor de um importante jornal da cidade. Para realizar o trabalho, a dupla conta com a participação de uma mulher que é peça importantíssima na história que eles querem produzir: ela não apenas se relacionava com o criminoso antes de ele ser preso como se correspondia com ele na cadeia. Só que, pra estragar tudo, o pirralho Jack acaba se envolvendo com a moça, bem mais velha que ele.

The Hunting Party (A Caçada)
Veja só, aqui não só temos um jornalista como também outro famigerado personagem da vida jornalística: um estagiário. Tá, não é bem isso, mas é mais ou menos o papel do bonitinho do Jesse Eisenberg no filme. Richard Gere é Simon, um jornalista de guerra que depois de cobrir grandes acontecimentos, deu uma despirocada ao vivo, foi despedido e sumiu do mapa. Anos depois, o cinegrafista que o acompanhava em suas aventuras tornou-se chefe da equipe da emissora e reencontra Simon. Juntos, eles encaram uma nova missão: capturar um criminoso de guerra local. Claro que Simon não está nem um pouco preocupado com ordens da ONU e a turminha – agora com o supracitado novato tentando reconhecimento profissional metido no meio - é confundida com agentes da CIA, para tornar tudo, digamos, mais interessante.

How to Lose Friends and Alienate People (Um Louco Apaixonado)
Faz muito tempo que assisti a esse, mas a lembrança de Sidney Young sendo louco nunca me saiu da cabeça. Young é um jornalista britânico fracassado (opa!) e desiludido que vê sua vida profissional mudar radicalmente após soltar um porco acidentalmente em uma importante festa. Ele, que trabalhava em uma revista de esquerda que tinha o costume de ironizar personalidades, acaba convidado para trabalhar em Nova York, na revista Sharp. Lá, Sidney adentra ao mundo das celebridades, conhece sua musa antes vista apenas pela televisão, se apaixona por uma colega de trabalho e faz uma série de bobagens inacreditáveis.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

eu só queria que a minha vida fosse um clipe do Haim

Não, também não precisa isso tudo.
Me digam vocês, que amam suas vidas, seus empregos, seus milhares de amigos, suas botas Doc Martens, suas viagens, suas baladas, seus cabelos hidratados, suas maquiagens MAC, suas máquinas lomo, como é que faz? Porque não pode ser tão difícil. Não preciso fazer outra faculdade nem mudar de país, emagrecer 10 quilos, aprender hindi ou ganhar um milhão de dólares. Só não encontro o caminho, uma porta aberta, uma janela, uma chaminé, uma frestinha, nada. Embora meus pés já apresentem calos.

terça-feira, 28 de maio de 2013

sexta-feira, 17 de maio de 2013

pela extinção do futebol

Quanto mais eu me envolvo com essa praga chamada futebol, mais eu o detesto com todas as minhas forças. Veja bem, eu nasci no Rio Grande do Sul, onde você já vem ao mundo gremista ou colorado, conforme o time do seu pai, da sua mãe ou de um tio mais fanático. Eu, no caso, nasci gremista porque meu pai assim quis. Hoje eu sei que o último grande título do clube foi em 1995, eu portanto tinha cinco anos de idade e sequer sabia do que se tratava o bagulho todo.
Durante a infância meu pai me presenteou com algumas camisetas não-oficiais do Grêmio e assim segui a vida, sempre evitando assistir a chatice que é um jogo futebol, mas sempre gremista. Em 2007, quando o Grêmio estava indo bem na Libertadores e tinha chances de se sagrar campeão, comprei uma camisetinha, achei que seria bacana ter uma para tomar um trago na rua durante a festa após a final. Mas não rolou, o Grêmio perdeu. Fiquei puta por uns minutos e segui meu rumo. Desde então ele nunca chegou perto de levar um grande um título, mas as pessoas seguem firmes e fortes, comprando uma camiseta de 180 pilas por ano, viajando para assistir aos jogos no estádio, sofrendo a cada derrota. Se um ET estivesse espiando nossas vidas, jamais entenderia.
Sofremos por causa de um bando de idiotas que ganham em um mês o que provavelmente não ganharemos durante toda a vida. Passamos uma vida inteira torcendo pelo mesmo time e quantas grandes alegrias ele nos dá? Uma ou duas. Vá lá, três. O resto é a gente ali, chutando os móveis da casa enquanto aqueles merdas cuja única preocupação na vida é jogar bola não são capazes de fazer um golzinho, o único que a partida necessita.
Todo ser humano fica insuportável quando assiste a um jogo de futebol, quando joga futebol, quando fala de futebol. O cidadão precisa praticamente pedir folga do trabalho no dia seguinte a uma feia derrota para não passar oito horas sendo alvo de chacota dos colegas e ainda agradecer de joelhos se chegou em casa com o olho direito dentro da cara após assistir a um jogo no estádio. 
Não há razão alguma para a humanidade continuar resumindo suas parcas vidas nisso. Por favor, extingam essa porcaria.

domingo, 5 de maio de 2013

a talentosa

Aquela sicofanta de uma figa. Passou por mim com sua camisa de 200 dólares, o salto da sandália Jimmy Choo fazendo barulho no piso de concreto, disse um tchauzinho simpático e entrou em seu Renault preto. Eu ficaria ali parada por mais alguns minutos, passando frio, com meu cabelo oleoso colado na cara, sapatilha machucando o pé, blusa velha da Zara, esperando virem me buscar. 
Tudo o que eu tinha aprendido em seu curso imbecil que havia terminado fazia uns 10 minutos foi que pra gente ganhar dinheiro o bastante para calçar Jimmy Choos é preciso ter  talento. Talento para enganar as pessoas de um modo que pareça que além de honestas, somos também muito inteligentes e temos carreiras brilhantes.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

domingo, 28 de abril de 2013

cinco filmes sobre voltar para a cidade natal

Isso que vem abaixo só pode ser resquício de alguma inspiração saída da viagem que fiz para Santa Rosa há exatamente um mês. Afinal, voltar pra casa é sempre igual pra todo mundo, mesmo que você pese oito quilos a mais ou que seu nariz esteja mais fino e harmônico.

Elizabethtown
Um clássico. Não é apenas sobre voltar para casa. É sobre fazer a maior cagada da vida e ainda ter que voltar para sua cidadezinha natal para enterrar o pai quando quem estava planejando morrer era o próprio. O próprio aqui seria o Orlando Bloom. Como tudo na vida, inicialmente ninguém encontra saída para escapar da tragédia. Ou melhor, encontra: um tiro na cabeça ou várias doses de algo letal. Mas depois algumas coisas esquisitas acontecem e você pensa melhor. No caso de Elizabethtown, acontece uma aeromoça loira e safadinha na vida de nosso protagonista e faz com que tudo pareça um pouco menos dramático.

Garden State
Aqui também é a morte que leva o personagem principal, no caso Zack Braff, de volta para sua terra. Foram nove anos sem pisar naquele lugar, mas sua mãe morreu e não restou outra alternativa. É engraçado ver no que seus amigos de infância se tornaram, porém um tanto melancólico encontrar seu velho pai, um psiquiatra que receita todos os remédios que sustentam seu vício. Tudo vai bem mais ou menos até ele conhecer Sam. Ai ai, o que não faz uma mulher (Natalie Portman) na vida de um homem.

Beautiful Girls
Ora vejam só, aqui também temos Natalie Portman trazendo alegria à vida de um rapaz que foi visitar sua família na cidade onde nasceu. Mas como ela só tinha 13 anos, a coisa não passou de um flertezinho entre vizinhos. Trata-se de um pianista em uma espécie de crise existencial: sua profissão vai mal e seu namoro não está muito diferente. Os velhos amigos ele logo descobre que também não vivem lá muito satisfeitos. Entre um porre e outro em algum barzinho entupido de bêbados encrenqueiros, suas vidas complicadas se mostram ainda piores.

Young Adult
A bela Charlize Theron só voltou para sua cidade porque é uma son of a bitch. Ela vive há anos em Minneapolis, onde é uma escritora de livros juvenis, mas acha que a vida está meio blergh com a pressão para terminar a última edição de uma série. E aí ela decide voltar para sua cidadezinha, onde era super popular durante o high school, para reconquistar seu namorado da época. E ela acha que tudo bem se ele está casado e tem uma filhinha recém-nascida. Who cares? Mas a moça não tá mais com essa bola toda, e aí a gente já imagina o que rola. 

Tamara Drewe
Este sempre será um péssimo nome de filme, eu sei. Mas no fim das contas Tamara é uma simpática jornalista que volta à sua cidade para tentar vender a casa que herdou após a morte da mãe. Ao contrário da moça do filme acima, ela era uma adorável feiosa quando mais nova, mas para surpresa de seus antigos amigos & vizinhos, não é que ela voltou com um belo upgrade? Revirando o passado ela encontra um ex-namorado e as lembranças a deixam um pouco receosa de vender a casa e cortar o último laço que tem com o lugar.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

condicional

Esses dias estava numas de só querer comprar roupa pela internet devido à facilidade que isto provém e lembrei que em um passado distante, lá em uma cidadezinha - também distante -, eu gozava dessa facilidade com certa frequência, de um jeito ainda melhor. Mas não tinha nada a ver com e-commerce, pouco se acreditava nisso na época.
Pois então. Lá em Santa Rosa todo mundo se conhecia, quando não se conhecia havia um grande potencial para se conhecer. Cliente se tornava amigo do dono da loja, tão amigo que em algum momento da vida dividiriam a mesa do almoço de domingo. E aí minha mãe tinha essa relação com as donas das lojas legais da cidade. Numa passadinha de 10 minutos em uma dessas, ela saía com três sacolas cheias de roupas, todas devidamente anotadas em um papel, uma cópia ia junto e a outra ficava na loja: eram as chamadas condicionais.
Isso significava o quê? Que dentro de poucos minutos uma adolescente Juliete desesperada pelo look da próxima festa de 15 anos (depois de fazer mil combinações com o que tinha nas festas do último mês), provaria dezenas de peças no aconchego de seu quarto. Pegaria a que lhe interessasse e mandaria o resto de volta para a loja.
Não é incrível? E não era privilégio algum, que isto fique claro. Qualquer cliente um pouco mais assídua levava as sacoladas para casa pra provar mais à vontade, com direito a opinião familiar e testes com seus sapatos & bolsas.
Bons tempos aqueles, viu.

domingo, 14 de abril de 2013

pra nada

Cada manhã que abro os olhos com o sol espreitando pela frestinha da cortina na tentativa de invadir o quarto parece fazer menos sentido. Tem vezes que preciso desligar um pouco a realidade e perguntar: por que mesmo? 
A resposta já nem aparece mais. Acho que deve ser por pena de informar que é pra nada. Que nada disso era necessário e que todos esses meses esperando aparecer alguma razão para estar fazendo o que não gosta, onde não gosta e com quem não gosta, foram em vão. Que ter deixado para trás alguns sonhos e pessoas por alguém que aperta seu braço enquanto profere palavras duras e a deixa andar sozinha pela rua na madrugada só serviu para provar que tu não és quem achava que era.
É, deve ser por isso.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

portinho.jpg



 



 Ai ai, que saudade de ti, aí tão longe.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

semiótica do terror

Uma das partes do meu trabalho - a boa, no caso - consiste em acompanhar colegas jornalistas nas cabines de imprensa do cinema. É em dia de semana e é na parte da manhã, mas ainda assim tem seu lado prazeroso, preciso reconhecer. Nessas cabines até agora só assisti a filmes que eu não assistiria por conta própria, muitos deles apenas pela mais pura preguiça. 
Daí que essa semana teve exibição de "Mama". Pouco afeita a filmes de terror que sou, teria passado em branco em minha vida, obviamente. 
Esse aí não é de todo ruim, mas deixou claro pra mim o porquê de eu assistir a tão poucos filmes do gênero. Primeiro porque eu realmente me assusto - com direito a contrações musculares & taquicardia - ao olhar para qualquer porcaria estranha que promova grunhidos, e depois porque uma hora a fantasia extrapola e começa a ficar ridículo. 
Quando se trata de uma pessoa que mata pessoas de forma pouco convencional, mesmo com problemas psíquicos não muito explicáveis, a gente deixa pra lá. Agora, esse negócio de força maligna com cabelos, olhos & boca, que mora na parede e surge em forma de meleca preta, já acho demais para o meu gosto cinematográfico.
Em defesa do filme, entretanto, gostaria de registrar que a Jessica Chastain, a fotografia e a trilha estava todas ótimas.

terça-feira, 26 de março de 2013

arteira

Cansada de esperar brotar em minha tela uma artezinha de algum dos meus trechos favoritos das músicas do Cícero para transformar em um quadrinho, fui lá e fiz:
 Meu mérito por esse design (sorry, designers!) que não combina nem um pouco com a música é: I'm almost leiga em photoshop. Mereço os parabéns, diz aí.

segunda-feira, 25 de março de 2013

o pior banco do mundo nem um banco é

Estou começando a entender aquele negócio de o Sicredi não ser um BANCO. Ele até permite que você faça um cartão de débito/crédito, entretanto não permite que você USE-O quando necessitar. Já perdi as contas de quantas vezes as maquininhas de cartão acusaram um erro bizarro quando tentei pagar qualquer coisa no débito, obrigando-me a usar o crédito. Numa das últimas vezes nem o crédito funcionou, "cartão apreendido", dizia a simpática Cielo. Seria eu uma criminosa?
"Mas tudo bem", você pensa. "Vou sacar na agência e me alimentar, me vestir, VIVER com dinheiro vivo, se é o único jeito". Acontece que este também não é um jeito, porque quando você chega na agência, os dois caixas estão congelados em uma tela bizarra que também não te permite sacar as cédulas que lhe pertencem. 
E agora, Sicredi? Quem é que vai COOPERAR comigo?

quinta-feira, 21 de março de 2013

underground

Esses dias o coordenador do meu saudoso curso de jornalismo postou no Facebook uma foto dos calouros deste semestre e lembrei do meu primeiro dia de aula da faculdade. Lá se vão quase seis anos desse ignóbil dia. Peguei sozinha o ônibus amarelo em Balneário Camboriú, sem saber que odiaria aquela lata com todas as minhas forças pelos próximos anos, e fui para Itajaí, assim, meio às cegas. Estava morando em Balneário há duas semanas.
Tudo ocorreu tranquilamente, cheguei com todos os meus órgãos intactos e achei minha sala sem grandes dificuldades. Não posso dizer que estava genuinamente entusiasmada com o início das aulas, saí de casa meio apressada, com o cabelo todo errado, porque estava correndo rua até poucos minutos antes de o ônibus passar.
Mas não foi exatamente essa lembrança que aquela foto de dezenas de jovens amontoados, felizes e sorridentes, me trouxe. Olhei para aqueles rostos iluminados de uma abençoada ignorância jornalística e lembrei que meu semblante era exatamente igual. 
Até mais ou menos o quarto semestre eu ainda estava descobrindo o que exatamente eu fazia ali. Sim, porque pensei que chegaria lá e todos os meus colegas seriam super descolados e que iríamos ser fortes concorrentes no mercado de trabalho porque todos quereríamos trabalhar na MTV ou na Rolling Stone. Imagine você a minha frustração ao perceber que não era nada disso, nem perto. Sem falar que: cadê câmera? microfone? reportagens incríveis sobre as bandas catarinenses? Tinha nada disso. Pelo menos até o terceiro semestre, o lance era ouvir a professorinha discorrer sobre história da comunicação, teoria da comunicação e ética na comunicação. Inclusive acredito piamente que foi esse o motivo que levou meus únicos amigos durante todo o curso a trancarem a faculdade no segundo período. O resultado é que tornei-me uma solitária. Praticamente uma agorafóbica.
Lá pelo sexto semestre tudo já fazia sentido na minha cabeça: nada do que eu sonhei aconteceria. O jeito foi descer os degraus de minha fértil imaginação e passar a caminhar sobre o solo. Depois de formada, então certa de que eu já estava preparada para o pior, tive que abrir um alçapão e caminhar pelo subsolo.
Por um segundo deixei de ficar chateada por mim e fiquei pelos calouros. Mas já voltamos à programação normal.

segunda-feira, 11 de março de 2013

quarta-feira, 6 de março de 2013

agora é assim que vai ser

Minha mãe tinha ouvido umas coisas estranhas a respeito daquela banda que faria show em Santa Rosa, mas acabou concordando que eu fosse, apesar dos meus 12 anos. Ela estaria no mesmo parque onde o show aconteceria, isso provavelmente a fez pensar que teria algum controle sobre mim. Então eu fui. 
Naquele cantinho, mais ao lado do palco do que na frente dele, estavam todos os meus amigos da época. Amigos meus, amigos de amigos, conhecidos, colegas de aula, mocinhos com quem mais tarde eu viria a ter efêmeros relacionamentos. Tirando a gente e alguns metaleiros cabeludos, ninguém queria ficar naquele espaço, que apesar não promover apertos e aglomerações, tampouco permitia uma visão muito privilegiada da banda.
O atraso desses shows em feiras agrícolas é praticamente regra, mas nesse em especial eu nem senti passar o tempo, estávamos todos distraídos com conversinhas e flertes ocasionais. Até que o locutor, um radialista famoso da cidade, anunciou que a banda já estava lá, prestes a subir no palco. Em poucos minutos apareceram todos eles: Marcão, Pelado, Champignon e, por último, Chorão.
Acho que depois daquele show Santa Rosa nunca mais foi a mesma. Não acontecia nada lá. Nunca. Aquele cara esquisito, vestindo roupas largas e falando palavrões, empunhou o microfone na frente de 20 mil pessoas que nunca tinham visto nada igual. Era como a letra de O Coro Vai Comê. E isso bastou para que no resto do mês houvesse pauta recorrente nas rodinhas de conversa entre mães & pais. Que absurdo foi aquilo, dizem até que ele mijou na plateia!
Eu não precisava ter os discos do Charlie Brown Jr nem tampouco saber o nome de algum integrante que não fosse o Chorão pra que a banda fizesse parte da minha infância e da minha pré-adolescência, porque onde quer que eu fosse, eles estavam lá. Nos programas vespertinos da rádio Guaíra, nos programas dominicais da TV aberta, na minha recém adquirida MTV, nas festas do Clube Concórdia, na piscina do Cisne, no bar do colégio, nos carros com o porta-malas aberto estacionados na avenida Expedicionário Weber.
Não sei quantas foram as vezes em que eu e minhas amigas, então com 13 ou 14 anos, vivendo as primeiras decepções amorosas, fechamos os olhos e cantamos junto com Chorão que iriamos esquecer aquele desgraçado que nos esnobou nem que fosse só por uma noite. 
Por isso o dia de hoje foi triste pra mim. Não tanto por alguma possível falta que Chorão venha a fazer, e pra mim provavelmente não fará nenhuma. Eu até o xingava esporadicamente, pois a melhor banda do mundo quando eu tinha 13 anos, o Cpm 22, como sabem, era alvo frequente de seus comentários maldosos. Mas o dia foi triste por tudo o que ele deixou e por tudo o que aquelas músicas representaram pra mim. Hoje, durante todo o dia, elas me lembraram momentos e pessoas que eu nem sei mais por onde andam, o que fazem e nem por que saíram da minha vida de maneira tão definitiva. 
Não vai mudar nada, eu sei. Mas hoje o dia foi assim.

sábado, 2 de março de 2013

o incrível seriado de baixa audiência


Eu não sei sinceramente o que me atraiu no enredo de uma série cujo mote gira em torno de duas adolescentes que descobriram terem sido trocadas na maternidade e uma delas é surda. Mas aconteceu. 
Dia desses, aflita na espera pela volta de Mad Men e The Newsroom, triste com o fim de Gossip Girl e insatisfeita com o andamento de Hart Of Dixie, achei que eu precisava de mais uma série para tomar meu escasso tempo. No momento só estava assistido Girls e The Carrie Diaries, e com a plena certeza de que eu era a única pessoa no mundo a acompanhar somente dois seriados simultaneamente, fiz uma breve pesquisa e encontrei Switched at Birth. 
Rapaz, que série sensacional. Ninguém assiste, é verdade. É quase difícil fazer o download pelo Pirate Bay, os seeds variam de 60 para 85, dependendo do episódio. Antes de assistir o piloto eu não fazia a mais vaga ideia de que parte do elenco era composto por atores surdos. Ainda bem, porque se bem me conheço, teria achado que a historia ia escambar para um outro lado, quando na verdade isso é só um detalhe no meio daquele drama todo e que acaba deixando tudo estranhamente mais interessante. Dá vontade de ser melhor amiga da Bay e de levar o menino Emmett para casa e aprender Libras  ASL com ele uma noite inteirinha. 





Ó aqui eles. O Emmett é o amigo surdo da Daphne, que também é surda. A Bay, que não é surda, foi trocada na maternidade pela Daphne. E vice-versa. Os dois acabaram ficando um tanto próximos com o passar do tempo, por isso esse inesperado frame dos dois na mesma cena.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

o amor

O amor. Pra que ele serve mesmo? Ah, sim, pra te fazer renunciar boa parte da vida, boa parte das suas escolhas e deixar de lado os seus sonhos. Sim, porque quando essa... coisa, essa doença?  te pega, você perde completamente a razão e a noção da realidade. Não importa o que te digam, não adianta nada sua mãe tentar te convencer que é loucura você largar sua carreira de advogado bem-sucedido para viver em uma oca no Parque do Xingu porque se apaixonou por uma bela indiazinha de longos cabelos negros e seios firmes. E também não importa quantas vezes você já tenha sido contaminado por esse vírus devastador, você nem lembra mais que na última vez que se apaixonou gastou todo o dinheiro que estava economizando para comprar um apartamento em uma viagem ridícula a dois para Cancun. Por que mesmo? Ah, sim, porque aquela loira oxigenada que era para ter sido o amor da sua vida queria exibir o corpo escultural em uma praia badalada durante três semanas. Hoje você não precisaria estar morando de aluguel naquele apartamento fedido, nem encarar diariamente o armário verde horroroso que não pode ser removido e depositado diretamente no olho do inferno porque o proprietário do imóvel não permite. Mas o mais impressionante é que se você não tivesse namorado aquela pós-adolescente de cabelos curtos, anos atrás, você provavelmente nem estaria morando nessa cidade que tanto detesta. Já estava de malas prontas para ir embora praquele lugar a que você jurou sempre pertencer, lembra?
Tudo poderia ter sido diferente se você andasse na rua olhando para baixo, se você não partisse para o segundo encontro, ou então para o terceiro, porque quando o quarto acontece, você já sabe no que vai dar.
Tudo o que eu sei é que esse troço se manifesta de maneiras diferentes em cada pessoa, mas quando ele vai embora e você soma os prejuízos, vê que é sempre devastador. Quem ainda acha graça em ver o colega largar o emprego, os amigos e a família e se mudar para Israel para ficar ao lado do grande amor da sua vida, das duas uma: ou está sofrendo do mesmo mal ou sequer passou perto dele um dia na vida.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

girl

É, Hannah, temos um pouco mais em comum do que braços gordos tatuados. Até sabemos o que queremos fazer de nossas vidas depois que saímos daquela casca de ovo chamada faculdade. O problema é que as nossas vidas não sabem muito bem o que fazer com a gente. Então ficamos aí, vendo no que vai dar, quase se acostumando com o fracasso, mandando todo mundo à merda, nos sujeitando a umas coisas bizarras porque fim do mês a conta de todos os nossos excessos chega e a gente precisa quitá-la com alguma coisa.
Não sei quanto a você, mas estou quase certa que uma sucessão de escolhas erradas me trouxe até aqui.


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

em defesa de um disco

Sempre que estou em dúvida sobre o que de fato eu tenho ouvido ultimamente apelo para o Last Fm. Sim, porque a gente não pode ficar a vida inteira respondendo Beatles ou Rolling Stones quando alguém pergunta uma coisa dessas. Sem falar que Beatles é praticamente uma unanimidade, gostar e ouvi-los não diz nada a seu respeito além de que você está apto para continuar vivendo entre os demais seres humanos. 
Então vamos ver o que o Last Fm tem a nos dizer:


 Muito bem. Two Door Cinema Club.
Zulu Winter só está ali porque eu os veria no Meca, mas no fim das contas nem eles e nem eu comparecemos ao show. Andrew Bird está ali pela mesma razão, mas dessa vez estarei presente e espero que ele também faça sua parte. Já o Tame Impala possui livre interpretação, acho que podemos incluir no mesmo segmento em que se faz presente o TDCC, embora com menos intensidade.
Tame Impala e Two Door Cinema Club produziram em 2012 discos que para mim foram os melhores do ano, o que explica muita coisa. Mas muito mais do que o Lonerism, o Beacon despertou em mim a mesma fúria adolescente de quando eu levava pro colégio o CD do Cpm 22 e tentava enfiar na cabeça das minhas amigas que aquilo era a melhor coisa já feita na Terra. Eu dizia pelo amor de deus, pegue este CD emprestado, ouça pelo menos três vezes e depois me diga se não é maravilhoso. Lembro de ter conseguido convencer uma, mas ela jamais entendeu aquelas músicas do mesmo jeito que eu.
O Beacon é tipo isso, os críticos e os blogueiros indies até tentam explicar a diferença deste para o primeiro disco do TDCC, que também era ótimo, mas parecia mais uma seleção de singles, e até compreendem o frenesi que eles vêm causando, mas poucos acharam que ele merecia estar presente entre os melhores discos de 2012.
É isso. Eu poderia muito bem defender a mim mesma neste espaço, mas cá estou defendendo o Beacon.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

domingo, 20 de janeiro de 2013

o livro mais spoilado do ano

Pensei que depois de ler tanto spoiler por motivos de: jornalistas que não sabem fazer uma crítica de livro sem contar a história dele inteira, achei que o Barba ensopada de sangue não teria muito mais a me surpreender. O enredo eu já sabia praticamente todo antes mesmo de pegar o bendito na mão pra espiar a orelha, então, até o final dele foi apenas a fantástica construção da história cheia de meticulosas descrições (quero ir pra Garopaba agora ) que me causou tamanho frenesi. 
Eu apenas não tinha me dado conta da parte mais incrível do livro. Isso só foi acontecer cerca de 15 minutos depois de eu ter lido os agradecimentos, fechado e colocado na estante. Tanto não tinha me dado conta que depois de a ficha cair, voltei para o skoob e acrescentei mais uma estrelinha na minha nota ao livro, num total de cinco. 
Basicamente o maior spoiler de todos é o próprio Daniel Galera que nos joga na cara sem que a gente perceba.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

uma outra lógica

Tenho pra mim que boa parte dos problemas do universo seriam resolvidos se a humanidade usasse um pouco de lógica. Mas, não sendo o que acontece, nos resta seguir o fluxo.
Para a moça em questão conseguir o emprego dos seus sonhos de nada vai adiantar ela ser uma entusiasta do cinema, estar sempre de olho nas novidades ou naqueles títulos que somente quatro pessoas do filmow tiveram o prazer de assistir e muito menos seguir o conselho daquele perspicaz professor dos tempos da faculdade: "assistir os clássicos, assistir os clássicos, assistir os clássicos", três vezes, sem pausa. Ler coisas melhores que a trilogia de E.L. James, saber o que se passa - e o que se passou - na música brasileira, inglesa, ou de onde caralhos quer que seja, também não são qualidades para tal. Assim como inconscientemente puxar o caderno 2 de qualquer jornal que seus olhos alcancem . Tudo besteira.
Um bom relacionamento com as pessoas certas, ausência de qualquer traço de constrangimento na tez e um pouquinho de sorte e está tudo resolvido.

domingo, 6 de janeiro de 2013

o dia em que quase fui uma lutadora

Meio que involuntariamente me tornei uma moça de academia, dessas que têm uma gaveta com shorts de tactel e de elastano, leggings, tops e toalhinhas e que cogita ter um squeeze para chamar de seu.
Tudo começou quando um colega de trabalho comentou que ele e a esposa estavam fazendo academia há alguns meses, "naquela academia perto da tua casa". Falei que sempre passava por lá e até tinha vontade de lutar muay thai, mas achava muito caro o valor mensal e não queria fechar o pacote de um ano. Tenho sérios problemas com contratos muito longos. Veja bem, eu posso até fazer academia por um ano, dois ou até três, mas o fato de isso se tornar uma obrigação pelos próximos 12 meses me deixa um pouco ressabiada. 
Eis que um tempo depois esse mesmo colega, desiludido com a vida de rapaz de academia, veio me oferecer o resto do pacote dele. Seis meses pelo valor do pacote de um ano. Nem pensei duas vezes. Mandei ele me trazer as luvas da esposa que lutava muay thai e também desistiu, e lá fui eu feliz transferir o cadastro e correr para a primeira aula. Uma lutadora, eu seria. 
Daí cheguei lá no andar de cima com minhas novas luvas - ainda não pagas - dentro da minha sacolinha colorida, cutuquei um homem alto e musculoso que parecia ser o professor e disse que estava começando hoje.

- Legal. Pode subir no tatame.

Legal, posso subir no tatame. Encarei o tatame e, consequentemente, os alunos que já começavam o aquecimento. Reparei que eram em torno de 20 homens e 4 mulheres. Reparei também que, independente do sexo, eram todos muito maiores que eu. Por fim, reparei ainda que todos eles sabiam exatamente o que estavam fazendo. Há anos.

- Hum. Acho que hoje só vou olhar. Vou sentar ali no banco.

E assim foi meu primeiro e último dia de lutadora de muay thai. Mas eu já tinha transferido o cadastro pro meu nome, não poderia voltar atrás, alguma coisa eu teria de fazer naquela maldita academia. O pilates era no meu horário de trabalho, o jump e o gap idem. A única coisa que funcionava o dia inteiro era a musculação. Não havia escolha.
Já estou entrando na minha segunda semana e, fora as dores, devo admitir que não é assim tão ruim. É engraçado. O professor é mais jovem que eu e não entende por que eu não gosto de me bronzear.