terça-feira, 15 de outubro de 2013

no cóccix uma tribal, na cabeça um arrependimento

Ou: O dia em que ex-presidiários entraram em minha casa com autorização prévia 

 Primeiramente esclareço que desta vez eu nada tenho a ver com a história, fui apenas uma pobre vítima. O que vem abaixo, aliás, só prova que o papo de eu ser a rebelde da família, que já se encheu de piercings e pintou o cabelo de rosa pink, é um grande erro a ser reparado. 
Era 2002 ou 2003, não lembro bem, eu tinha uns 13 anos e minha irmã provavelmente 19. Em Santa Rosa naquela época só havia um estúdio de tatuagens e por essa razão pagava-se um preço alto para estampar um desenho na pele sem o risco de contrair alguma doença ou carregar um repolho roxo no braço por toda a eternidade. 
 Quando uma amiga da minha irmã anunciou que tinha um amigo que conhecia alguém que fazia ótimas tatuagens, os olhos de toda a turminha brilharam. E o melhor: além de cobrar um preço justo, era tudo feito em domicílio. Com essa preciosa informação em mãos, combinaram uma tarde de tatuagens lá na garagem de casa no fim de semana. Primeiro chegaram os amigos que queriam se tatuar, e em seguida o artista acompanhado de um assistente. 
Claro que ninguém da tchurma tinha a menor ideia do que iria estampar na pele pelo resto da vida, mas nada que umas ideias na pastinha do tatuador não resolvessem. Minha irmã escolheu uma tribal horrorosa para o cóccix. 
Minha participação naquela tarde consistiu em ficar me esgueirando pelas paredes enquanto tentava convencer a mãe a me deixar fazer uma tattoo também, sem sucesso algum (thanks, mom). 
Quando todos já estavam devidamente tatuados, os rapazes receberam seu pagamento, juntaram suas coisas, colocaram em seu carro estacionado em frente de casa e deram o fora. Dois minutos depois, meu tio, que era brigadiano (PM lá no Rio Grande Sul) e estava passando ali por acaso, aparece na porta com a testa franzida, uma pergunta e uma má notícia: aqueles dois eram velhos conhecidos da categoria policial da cidade e já tinham, digamos, uma certa intimidade com as barras de ferro. 
Claro que nada daquilo estragou a alegria de minha irmã com sua nova tatuagem de cadeia, coberta cinco anos depois com rosas vermelhas.

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