terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Confortáveis

Ela, uma pseudo-junkie, metida a groupie desde que conheceu o primeiro guitarrista da sua vida. Está no segundo ano da casa dos 20 e não terminou a faculdade ainda. Quer ser jornalista de cultura, mas anda flertando com a área de política. Só veste branco, preto e cinza, tem o pavio curto, esbraveja fácil e se irrita com tudo, mas lá no fundo é uma romântica empedernida. Vive de excessos e se apega fácil às pessoas. Não gosta de abraçar e beijar quando não há significado, mas poderia passar o dia todo fazendo isso na meia dúzia de pessoas que julga ser relevante na sua vida. Não sabe muita coisa sobre coisa alguma, mas tem vontade de aprender todas as coisas sobre tudo. Geralmente perde o controle quando começa a beber, se entope de coisas e faz um monte de escrotices sob todos os efeitos. Ama os Beatles e os Rolling Stones, mas também ama uma porrada de bandas dos anos 90. Se emociona ouvindo o último disco dos Arctic Monkeys e hiperventila vendo Pete Doherty e Carl Barat dividirem o mesmo microfone. Lê Bukowski, Nick Hornby e também gosta do Jack Kerouac e seu séquito.

Ele, jornalista político de um dos principais jornais do estado. Inteligente, sabe muito sobre muitas coisas. Está no penúltimo ano da casa dos 20 e se formou na universidade federal há alguns anos. Ama Franz Ferdinand, mas também adora Beatles, Roberto Carlos e Mutantes. Não suporta o último disco do Arctic Monkeys, mas gosta do Pete e do Carl dividindo o mesmo microfone. É gentil, delicado e raramente perde a paciência. Não tem banda, mas de vez em quando é convidado para ser DJ em alguma festa de rock alternativo na capital. É daquelas pessoas que ninguém é capaz de não gostar. Usa camisetas divertidas e tem um senso humor admirável. É um verdadeiro gentleman, apesar da quase ojeriza à camisas e sapatos sociais. Sabe cozinhar e cuida com muito amor de um gatinho que solta pelos no apartamento inteiro. Bebe cerveja quase todos os dias, de preferência as de garrafa verde, e costuma saber a hora de parar. Abandona as coisas com facilidade depois de cansar delas, e cansa com uma facilidade ainda maior do que abandona. Lê Bukowski e Nick Hornby e diz que ninguém que passou dos 27 consegue continuar gostando de Kerouac.

Mas eles eram confortáveis juntos, como ele mesmo frisou.

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