segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O prazer foi nosso

Poucas coisas me entusiasmam mais em um show de rock do que a vontade de tocar demonstrada pelos músicos em cima do palco. Variantes é um power trio, mas em momento algum o palco do Bovary, ontem em Joinville, pareceu grande demais para eles. Gustavo, André e um enlouquecido Willian faziam questão de deixar claro durante cada segundo daquele show que para eles era maravilhoso estar ali, e se dedicaram ao máximo para cada pessoa presente sair satisfeita com o que viu - não que para isso eles precisassem se esforçar muito.
Desde a primeira vez que eu ouvi o disco novo dos Variantes até a quadragésima sétima, eu me apaixonei milhares de vezes por todas as músicas, por cada melodia, cada refrão. Refrãos desses que dá vontade de cantar com os olhos fechados e braços esticados para cima. E era mais ou menos desse jeito que o Gustavo transmitia suas músicas de cima daquele palco. A presença de cada um deles era tão imponente, tão forte e entusiasmante que aquele parecia o último show da vida de todo mundo que estava lá, da vida deles e das nossas.
No fim do show eu decidi comprar o disco, dessa vez não simplesmente porque eu queria valorizar o trabalho de uma banda que se dedicou pra compor e gravar as músicas que eu havia baixado algumas semanas antes, mas também porque é um disco tão, mas tão sensacional, que eu precisava encostar, não apenas ouvir. Queria pegar na mão, folhear o encarte e depois deixar guardadinho na minha estante.
Então eu fui até eles e antes que eu pudesse abrir a boca para dizer que queria comprar o CD, o Gustavo virou para a caixa cheia de discos, pegou um e esticou o braço em minha direção.
- Eu vou ter que te dar um. Tu roqueou muito no show.
Honestamente nem tinha passado pela minha cabeça que ele poderia ter notado a minha presença ali, no canto direito do palco, cantando junto, impressionada com o que estava acontecendo na minha frente. Ele não só percebeu como achou que precisava retribuir, quando na verdade era eu quem queria retribuir, comprando o disco. Mas assim foi, e não importava quantas vezes eu agradecesse ao Gustavo, jamais seria suficiente. Menos de dez minutos depois ele ainda foi até a mesa onde eu estava com os meus amigos e perguntou se eu não queria que eles assinassem o encarte.
Eu vou a muitos shows, conheço muitas bandas, trabalho com algumas e já me tornei amiga de boa parte das que eu mais admirava, mas com nenhuma delas a minha relação começou desse jeito. Então eu percebi que o trabalho dos Variantes - aquele que começa no processo de composição das músicas - não termina quando eles descem do palco. Não termina nunca.



Nenhum comentário: