terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

o que é a realidade, afinal

As marcas não haviam ficado só na pele, constatou assim que se viu tão sozinha como há tempos não lembrava ter se sentido. Enxugou as lágrimas inúteis, mas não adiantava mais. Junto com os efeitos da insônia, acordaria com olhos tão inchados capazes de assustar até o mais desatento cobrador do ônibus amarelo. Depois tentou lembrar quando foi a última vez que havia acordado daquele jeito. Até que fazia sentido.
De volta à realidade, composta por tijolos à vista e ar-condicionados barulhentos, o mundo tentava não se mostrar tão cruel. O vazio podia ser enganado com três reuniões de trabalho e meia hora gasta imprimindo currículos de estagiários que nunca serão contratados.
O mundo realmente não estava parecendo tão cruel, afinal. Em questão de minutos ele havia até substituído o sol que castigava por uma chuva tipo aquela que caiu durante o fim de semana, a vários quilômetros dali.

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