segunda-feira, 14 de março de 2011

agora lembra

Até tinha esquecido o quanto era bom o frio na barriga. Aquela sensação de que nada mais no mundo importa, nem tsunami no Japão ou suicídio na universidade. Aquela fisionomia abobalhada que reflete no espelho quando passa por ele indo em direção ao quarto após recolher a toalha estampada com motivos praianos ainda úmida estendida no box.
Tinha esquecido como era bom querer estar o mais perto possível, desafiando as leis da física. Querer que um beijo se estenda por horas e um abraço por dias. Nem lembrava que um sorriso podia significar tanta coisa, que ele podia fazer o coração bater mais rápido e transformar uma simples respiração em longos e barulhentos suspiros.
Tinha esquecido o quão prazeroso era fazer de tudo para ver a outra pessoa feliz, tentar ser tudo o que ela mais gosta, mover montanhas e atravessar o oceano a nado para fazer brotar um sorriso naquele rosto tão harmônico. Já não sabia mais o que era ter em quem pensar antes de dormir, ter alguém pra dizer coisas bonitas e ter por quem sentir saudade 24 horas por dia. Não lembrava mais daquela sensação esquisita de que a qualquer momento cairia dura no chão, porque morrer de amor parece completamente plausível.
E tinha esquecido principalmente que tudo isso junto dava a qualquer pessoa o aval para ser jocosamente piegas sem limite de caracteres.

Um comentário:

Fernanda Flores disse...

Parabéns! Sério.
Eu ainda estou esquecida de como são essas coisas.