segunda-feira, 6 de junho de 2011

mulher de mentira

Eu não sou mulher de verdade. Não passo de uma confusa aberração da natureza. Uma mutação genética. Um amontoado disforme de células. Mas meu estômago continua dolorido dos socos que recebo toda vez que ouço ou leio a seguinte declaração:
"Mulher de verdade tem curva, tem carne pra pegar.

Eu preciso que, por favor, a ciência crie o mais rápido possível uma denominação para a minha espécie. O preenchimento de formulários burocráticos já está ficando confuso, afinal não há outra opção entre masculino e feminino para especificar meu sexo. Eu tenho uma vagina, dois ovários e também um par de peitos, que mesmo não atingindo o tamanho de melões maduros, são capazes de produzir alimento a um bebê. Mas isso pouco importa se no andar dos fatos, veja só você, eu não tenho tecido adiposo em abundância. Então eu não sou mulher de verdade.
Se eu nasci magrela, se a minha geração materna inteira é magrela e se só vou deixar de ser assim quando adotar métodos artificiais para atingir uma certa grandiosidade corporal, isto não interessa.
Mulher que é mulher tem o "ão" na terminação ortográfica de cada parte do seu corpo. O resto que se vê por aí ninguém sabe o que é. Nós estamos espalhadas pelo mundo em uma quantidade razoável, por isso sugiro a fuga iminente ao perceber a aproximação dessa anomalia, principalmente à noite.

Um comentário:

Fernanda Flores disse...

Muito bom, hahuhahauah. ;]