segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

I've been standing at the station

- Hum. É sagitariana também. - Ele disse depois de eu responder pela segunda ou terceira vez a sua pergunta sobre a minha idade. Nossos aniversários estavam próximos. Primeiro o dele, depois o meu. Tínhamos uma simpática diferença de 5 anos. Dizem que é a diferença ideal, mas eu nem tinha parado pra pensar nisso. Havia coisas mais importantes para me eu preocupar, e a primeira delas era que eu não deveria estar fazendo aquilo. Muito menos estar fazendo aquilo com ele. E eu conseguia enxergar no fundo daqueles olhos castanhos - seus olhos sempre falaram muito mais do que a boca - que ele também sabia que não deveria estar fazendo aquilo. Mas pelo menos era comigo.
No dia anterior, quando no meio da nossa despretensiosa conversa na porta daquele lugar decrépito ele me revelou um inesperado detalhe, eu prometi pra mim o meu auto controle. Na mesma noite eu me mantive ocupada com outras coisas que deveriam ter me mantido ocupada também nas próximas. Mas eis que entre algumas brincadeiras bobas nós perdemos completamente a razão. E quando eu me dei por conta, a minha única vontade era ter aqueles emblemáticos olhos voltados para mim até o fim dos meus dias.
A mutua sensação de estarmos fazendo coisas erradas não parecia querer impedir que nossos corpos permanecessem próximos até o último segundo daquela aventura maluca. Embora por um momento ele até tenha tentado impor restrições, de nada adiantou, e horas mais tarde estávamos caminhando juntos em direção à chuva.
O dia começava a amanhecer, os efeitos da bebida já tinham ido embora e a minha maquiagem ficava ainda mais borrada com ajuda dos pingos que caiam do céu. Era a melhor sensação que eu tive em semanas. Eu queria tirar ele dali, levar pra minha casa, abraçá-lo ainda mais forte e guardá-lo pra mim. Eu não queria deixar ele ir. Eu poderia ficar olhando para aquele rosto cansado e sonolento durante horas seguidas. Poderia passar dias sentido seu perfume e cederia meu colo para que ele pudesse encostar a cabeça por toda a eternidade.
A ideia de que aquilo jamais voltaria a acontecer brigava dentro de mim com outras estranhas sensações. Era um acerto em meio a muitos erros.
Hoje ainda posso ouvir sua voz nos meus headphones enquanto cumpro a promessa de deixá-lo em paz.

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