domingo, 6 de fevereiro de 2011

a pagadora de pecados

Assim que minhas férias foram embora, uma nuvem gorda e negra passou a habitar meu céu, perambulando comigo dia e noite, todos os dias. Começou no primeiro dia de trabalho, como se o primeiro dia de trabalho depois de um mês e meio de férias já não fosse desanimador o suficiente. O coordenador do meu curso recebeu dos seus superiores a informação de que eu teria que me formar ao fim deste pujante 2011, seis meses antes dos meus planos concretos, gravados em pedra desde 2008.
Antes de eu tentar rachar minha testa arremessando a cabeça contra aquelas paredes de tijolos à vista, tentei resolver o problema. Mas eu tinha outro tão sério quanto aquele para resolver no mesmo instante. A mensalidade da minha matrícula tinha vencido no dia anterior e minha progenitora não havia pago o nada modesto valor. O lapso veio seguido de uma também nada modesta multa para que eu pudesse pagar a matrícula assim que liberassem a impressão do novo boleto. Eu ainda não consegui pagar, pois a burocracia amarrou minhas mãos nos meus pés e me amordaçou.
Isso tudo aconteceu no mesmo dia em que o responsável pela minha felicidade infantil durante todo o mês de janeiro foi viajar para muitos quilômetros longe de mim, um dia após ter destruído seu notebook e ficarmos parcialmente sem comunicação. O que me deixou aliviada foi que ao fim disto, ao invés de cair uma pesada bigorna sobre a minha cabeça, caíram apenas uns pingos de chuva. Eu estava sem guarda-chuva, obviamente, como não poderia deixar de ser.
Dias depois, meu computador estragou. Poderia ter sido qualquer problema. Poderia ter sido vírus, poderia ter sido a placa de vídeo, poderia ter sido até a placa mãe. Mas não. O problema teve que ser no HD mesmo, porque não bastava eu ficar um fim de semana sem o meu computador, eu deveria mesmo era perder todas as minhas cinco mil músicas, todas as fotos da minha adolescência vergonhosa e feliz, todos os meus textos. Tudo.
Agora aqui estou eu, com um notebook emprestado torrando minhas pernas e com medo de sair na rua e ser atropelada por um urutu do Exército Brasileiro.

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