Eu não sei exatamente o que me fez lembrar disso do nada ontem enquanto eu esperava o ônibus pra Itajaí. Vai ver eu estava compilando as maiores tragédias da minha existência, as que mais me fizeram chorar e querer matar pessoas. Não sei. Mas eu lembrei do dia em que minha mãe lavou a toalha suada do baixista do Cpm 22 que eu tinha.
Ela não entendeu nada daquele escândalo. Por que eu ia querer uma toalha suja e fedida na minha gaveta afinal, né?
Eu estava no auge dos meus 15 anos, tinha ido para a cidade vizinha com uma caravana assistir o show daquela que para mim era a melhor banda do mundo de todos os tempos. Não, não era Beatles, era Cpm 22 mesmo. E aí aquele baixista com cara de boliviano que recém tinha entrado na banda atirou para a plateia a toalha que ele secou a cara suada. E eu peguei. Eu e mais umas três adolescentes histéricas, mas o importante é que eu saí vitoriosa após todas elas acabarem desistindo do cabo de guerra.
Voltei pra casa realizada com a toalha na mão, mostrando pra todo mundo a minha conquista, e em seguida guardando na gaveta do guarda roupa. Durante um tempo eu sempre ia lá dar uma olhada, uma cheiradinha, uma esfregada na cara. Eis que um dia passando pela lavanderia observei algo familiar na pilha de roupas para passar.
Eu acho que ninguém nesse mundo pode imaginar o que eu senti. Peguei a toalha e comecei a chorar desesperadamente. Fiquei chorando por horas e horas como se minha vida nunca mais fosse voltar a ter sentido, até minha mãe chegar em casa e não encontrar mais meus olhos dentro da cara inchada e vermelha. Expliquei aos gritos o que ela tinha feito e a senhora lá, com aquela cara de injustiçada, ora essa, a toalha tava suja. Bem melhor ter uma toalha do baixista do Cpm 22 limpinha, não?
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